Exposição de 23 fotógrafos paraenses chega a Belo Horizonte, na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, e, depois, segue para São Paulo
Um panorama da fotografia contemporânea, com imagens em suportes alternativos (foto-esculturas, pinholes, vídeos e videomapping), produzido pelos principais fotógrafos da cena paraense, em recorte que engloba os últimos 30 anos. Eis o argumento central da exposição “Um país chamado Pará”, a ser apresentada ao público em duas capitais brasileiras: Belo Horizonte e São Paulo. A primeira parada ocorre na capital mineira, na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais (Av. Afonso Pena, 737, Centro), de 16 de agosto a 30 de setembro de 2023, de terça a sábado, das 9h30 às 21h. Depois, a mostra segue a São Paulo, onde ficará na Panamericana Escola de Arte e Design, de 17 de outubro a 2 de dezembro. A iniciativa conta com curadoria de Rosely Nakagawa, projeto expográfico de Flávio Franzosi e projeto de acessibilidade de Sílvia Arruda. Toda a programação é gratuita.
“Um país chamado Pará” busca ressaltar a singularidade, a expressividade, as interrelações geracionais e a contribuição do Estado da região Norte à arte brasileira, a partir da pesquisa de processos de criação. Com recorte temporal específico (dos anos 1990 aos dias de hoje), terá como principal fio condutor o questionamento – e a subversão – aos suportes, às linguagens tradicionais e a seus desdobramentos ao longo dos últimos 30 anos. Por meio da união de duas gerações de fotógrafos, entre reconhecidos e novos talentos, tem-se como resultado a mostra inédita, que envolve 23 fotógrafos e se compõe de obras desenvolvidas de maneira muito característica no Pará. Revelam, afinal, a particularidade temática-estilística dos profissionais (e seus olhares singulares) e os atos de criação no cenário artístico acima da linha do equador.
Integram a mostra os fotógrafos Alberto Bitar, Alexandre Sequeira, Betania Barbosa Marajó, Claudia Leão, Dirceu Maués, Elza Lima, Emídio Contente, Flavya Mutran, Guy Veloso, Ionaldo Rodrigues, Irene Almeida, Jorane Castro, Mariano Klautau Filho, Miguel Chikaoka, Orlando Maneschy, Octávio Cardoso, Patrick Pardini, Paula Sampaio, Rafael da Luz, Suely Nascimento, Wagner Almeida, Walda Marques e Yan Belém.
No ver da curadora, Rosely Nakagawa, como a fotografia representa importante campo de trocas sociais e artísticas, a exposição engloba a difusão e a produção de conhecimentos, o compartilhamento de saberes, a formação de público e o intercâmbio entre as regiões, de forma a dar visibilidade à produção brasileira, e, especificamente, do Pará, desde os anos 1970. “No cenário cultural, nossa fotografia atua como um núcleo de referência para o desenvolvimento de uma linguagem fotográfica na região amazônica, por incentivar e promover o trabalho coletivo organizado na prática da ideia-ação-reflexão, aprimorando e multiplicando oportunidades de acesso ao exercício de fazer e pensar tal arte, sempre em sintonia com as questões sociais e culturais emergentes”, comenta.
Rosely frisa que o Pará é um dos maiores e vibrantes expoentes do panorama da fotografia brasileira. O movimento fotográfico do Estado se solidificou nas últimas três décadas, por meio de livros, críticas, publicações, prêmios e presenças de artistas em exposições nacionais e internacionais – a exemplo, das bienais de São Paulo e Veneza. “Nosso projeto, vem, então, ao encontro da busca de mais espaços de discussão para os que fazem, pensam e pesquisam fotografia; especialmente, a paraense”, completa.
De acordo com Uiara Azevedo, gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, a mostra “traz uma produção descentralizada, de um dos mais ricos cenários brasileiros, e celebra a vocação principal da CâmeraSete, como um dos principais equipamentos públicos voltado exclusivamente para a fotografia”.
A exposição fotográfica “Um país chamado Pará” é apresentada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Fundação Clóvis Salgado, Instituto Cultural Vale e Namazônia, com apoio da CâmaraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, e do Memorial Minas Gerais Vale.
PROGRAMAÇÃO PARALELA À MOSTRA “UM PAÍS CHAMADO PARÁ”
PALESTRAS
17 de agosto – Quinta- feira – 19h às 20h30
Palestra “Religião e Fotografia: relato de experiência”
Com Guy Veloso
Local: CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais
Gratuito
Sinopse
Em “Religião e fotografia: relato de experiência”,o fotógrafo Guy Veloso apresentará alguns de seus ensaios, em especial, “Penitentes”, que deu origem ao livro homônimo e participou da 29ª Bienal de São Paulo. Também abordará formas de pesquisa, interação com os fotografados e bastidores de seus projetos.
Sobre Guy Veloso
Guy Veloso nasceu (1969) e trabalha em Belém (PA). De formação acadêmica em Direito, é fotógrafo desde 1989. Seu trabalho investiga a religiosidade brasileira. Participou da 29ª Bienal de São Paulo/2010 e da 4th Biennial of the Americas, Denver (Estados Unidos/2017). Foi curador-geral de fotografia contemporânea na 23ª Bienal Europalia, Bruxelas (Bélgica/2011).
Coleções (seleção): Essex Collection of Art from Latin America, Colchester-Inglaterra; Coleção Nacional de Fotografia, Centro Português de Fotografia, Porto-Portugal; Museo de las Americas, Denver-EUA; Abarca Family Collection, Denver-EUA; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Coleção Joaquim Paiva/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAR- Museu de Arte do Rio; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Coleção Pirelli/MASP-Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.
18 de agosto – Sexta-feira – 19h às 20h30
Palestra “Arte e fotografia no Pará 2010-2020 – Notas sobre a dissolução de territórios identitários”
Com Mariano Klautau Filho
Local: CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais
Gratuito
Sinopse
Até o início dos anos 2000, era possível identificar ou localizar períodos, gerações e poéticas na produção fotográfica, unidas por determinados laços de identidade. Com isso, pôde-se delimitar movimentos em torno de uma linguagem ou suporte mais conciso, que legitimava uma estética fotográfica produzida no Pará, como pretendeu o projeto “Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80-90”, realizado em 2002. Passados 18 anos, como identificar, em períodos cronológicos e geracionais, uma produção que se expandiu, esgarçou-se e transbordou para fora da fotografia? A proposta é analisar, por meio de trabalhos específicos e aspectos poéticos, o paradoxo entre o impossível território identitário e a insistência de uma geografia poética amazônica e/ou paraense para a arte.
Sobre Mariano Klautau Filho
Artista, pesquisador em arte e fotografia e curador independente. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e doutor em Artes Visuais pela ECA/USP. Professor de Artes Visuais e do Programa de Pós-Graduação de Comunicacão, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia. Curador do projeto “Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia”, realizado no Museu Casa das Onze Janelas e no Museu de Arte da UFPA desde 2010. Curador visitante e consultor de fotografia da Pinacoteca de São Paulo, nos anos de 2016 e 2017, quando realizou a mostra Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca. Como artista participou das exposições Triangular: arte deste século – Projeto Aquisições Recentes – Casa Niemeyer – (Brasília/DF); (2019/2020), Sobre a paisagem – Coletiva – Galeria Elf (2019), Transitivo – Inéditos e dispersos – Individual – Kamara Kó Galeria, Belém (2018); Feito poeira ao vento – Fotografia na Coleção MAR – RJ (2017/2018); Cidades invisíveis – MASP – SP (2014); Pororoca – Amazônia no Mar – RJ (2014); Percursos e Afetos – Fotografias 1928/2011 – Coleção Rubens Fernandes Junior – Pinacoteca de São Paulo (2011), Finisterra (individual) – Fauna Galeria – SP (2010) e Fotoclub – Montevideo – Uruguay (2009); Realidades Imprecisas – Sesc Pinheiros – São Paulo (2009); Finisterra_Carta Aérea – Wiesbaden – Alemanha (2008); Bienal del Fin Del Mundo – Ushuaia – Argentina (2007); Desindentidad – IVAM -Valência – Espanha (2006); IX Bienal de Havana (2006) dentre outras. Possui obras nos acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Fotografia da Cidade de Curitiba, da Coleção Joaquim Paiva – RJ, da Coleção Pirelli/MASP – SP, da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília, do Museu do Estado do Pará – Belém, MABEU – Belém e do MAR – Museu de Arte do Rio – RJ.
OFICINAS
Oficina “Olhos de ver, mas com que olhos?”
Vivência com Miguel Chikaoka
Sinopse
A proposta desta vivência, num formato compacto, é exercitar o pensamento sobre o fazer fotográfico a partir de um ambiente coletivo plural irrigado por atividades pautadas em fazeres e rodas de conversa. Um convite para conectar fluxos que se produzem no tempo espaço dos sentidos e do sensível.
Sobre Miguel Chikaoka
Mora em Belém desde o início dos anos 1980. É graduado em Engenharia Elétrica pela Unicamp, mas sempre atuou no campo da fotografia. Seu ativismo em torno do pensar o do fazer fotográfico resultou na criação da Fotoativa, referência no desenvolvimento da cultura fotográfica na região. Seu processo criativo é permeado por questões que atravessam o espaço tempo da luz, para além das fronteiras da fotografia. Dedica-se, atualmente à pesquisa e à experimentação de práticas educativas inspiradas em abordagens do que constitui a gênese das imagens.
Período da Oficina
17.08 – Quinta-feira – 14h às 18h
18.08 – Sexta-feira – 14h às 18h
Local: Memorial Minas Gerais Vale – Praça da Liberdade – Belo Horizonte-MG
Oficina “Fotografia e outras linguagens”
Com Maria Vaz
Sinopse
A oficina tem como objetivo ampliar as possibilidades do fazer fotográfico em encontro com outras linguagens e processos criativos, por meio de obras e reflexões que tensionam os limites da fotografia. Como pensar os artifícios possíveis para quando ela deixa de dar conta sozinha da fotografia, para além do ato do registro fotográfico? Poderia ela ser incorporada ao meio ou, mais ainda, ser a própria materialidade daquilo que representa? Como pensar as fotografias que já foram feitas e incorporá-las ao presente, de modo a reescrever o passado? Qual é o limite da fotografia e daquilo que deseja representar, mostrar ou comunicar?
Sobre Maria Vaz
Maria Vaz é mestra em Artes Visuais pela EBA/UFMG e bacharel em artes plásticas pela UEMG/Guignard. Atua como artista visual, fotógrafa, pesquisadora e produtora cultural. Em seus trabalhos, trata da relação entre memória e esquecimento, real e imaginário, desenvolvendo uma produção híbrida, por meio de imagem e palavra, e do uso de arquivos públicos e privados. É membro dos coletivos/plataformas Women Photograph e Mulheres Luz, e cofundadora do duo Paisagens Móveis, em parceria com Bárbara Lissa, com o qual publicou o fotolivro Três momentos de um Rio (2021) e foi selecionada pelo Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, no mesmo ano. Foi contemplada, ainda, com o Prêmio Funarte Marc Ferrez de fotografia e participou de exposições individuais e coletivas em diversos estados do Brasil e em Barcelona.
Período da oficina
26.07 – Sábado – 10h às 13h
26.07 – Sábado – 14h30 às 17h30
27.07 – Domingo – 10 às 13h
Local: Memorial Minas Gerais Vale – Praça da Liberdade – Belo Horizonte-MG
Oficina “Processo criativo em curadoria” – formato on line
Com Rosely Nakagawa
Data: 14 de agosto de 2023
Carga horária: 2h
Horário: 19h às 21h
Sinopse
O diálogo online se dispõe a promover reflexões sobre a arte e a cultura, ao relacionar a exposição e suas dinâmicas de organização e apresentação, além de explorar suas diversas etapas, da concepção à realização. No encontro, será abordada a questão que se abre ao público interessado – o trabalho de curadoria e suas implicações –, de modo a que se reflita sobre as questões práticas e teóricas que implicam a estruturação do projeto de uma mostra. No encontro, de duas horas, os assuntos abordados serão discutidos com os participantes, por meio auxílio de projeções e da análise do processo de criação do curador na mostra.
Sobre Rosely Nakagawa
Rosely Nakagawa nasceu em 1954, em São Paulo (SP), onde vive e trabalha. É graduada em Arquitetura pela FAUUSP, em 1977. Fez especialização em Museologia, pela USP, em 1978/80, e em Comunicação e Semiótica, pela PUC-SP, em 2005. Foi coordenadora de projetos de fotografia FUJIFILM 2013 e curadora da FNAC Brasil (desde 2004), da Casa da Fotografia FUJI, de 1994 a 2013, do Festival de mídia eletrônica VideoBrasil (1982 a 2002), do Espaço SENAC Escola de Comunicações e Artes (1994 a 1998), do Espaço Cultural CITIBANK (1987 a 1991). Também atuou como curadora e coordenadora da galeria FOTOPTICA (1979/1986). No que diz respeito aos livros, foi editora de Imagem e diretora de arte do livro Penitentes, deGuy Veloso (Rumos Itau Cultural e Tempo d’Imagem, 2020), Habitants, de Marco Antonio Robert Alves (2016), Edu Mello – Fotografias (2015), OPARA – Onde nasce o São Francisco (2013), com fotografias da Serra da Canastra, de Marco Antonio Robert Alves.
CONTRAPARTIDA SOCIAL
ATIVIDADES TEMÁTICAS CURATORIAIS
Duas visitas guiadas com Flávio Franzosi
Período previsto: 12 e 14 de agosto de 2023
Durante o período de montagem e antes da abertura da mostra
São dois encontros com o público, durante a montagem da exposição, direcionado a alunos e professores de universidades públicas e ao público interessado. O responsável pelo projeto expográfico, Flávio Franzosi, falará sobre o processo de criaçao da expografia.
Números dos participantes: 30 pessoas
Carga horária: 1h
Duas visitas guiadas com Rosely Nakagawa
Período previsto: 17 e 18 de agosto de 2023
Depois da abertura da exposição, a curadora Rosely Nakagawa fará, junto ao público, reflexões sobre as obras e sua integração ao conceito curatorial e de expografia.
Número dos participantes: 30 pessoas
Carga horária: 1h
ACESSIBILIDADE
A exposição “Um país chamado Pará” possui acessibilidade para todos os públicos. Além das atividades paralelas contarem com intérprete de Libras, há mediação para todos os públicos, com áudio-guia para descrição do espaço da exposição e das obras táteis, tocado em MP3, com fones de ouvido. Também haverá material impresso, em braile, e com tinta ampliada, e legendas para pessoas de baixa visão ou cegas. Para este público, também será oferecida a aplicação de piso podotátil de alerta e direcional.
No que se refere à localização espacial do visitante na exposição, e para o público cego, será oferecido um mapa tátil, com pedestal na entrada. O material de divulgação trará aviso sobre a disponibilidade de intérprete de Libras e a acessibilidade do local, para atender ao público especial. O projeto de acessibilidade foi desenvolvido por Sílvia Arruda, arquiteta paulistana especializada em expografia acessível.
Os recursos utilizados serão: mapa tátil, piso podotátil e audioguia com conteúdo da exposição. Serão acessibilizadas obras táteis como fotos em relevo 2D de Flavya Mutran, obras táteis em 3D de Miguel Chikaoka e Dirceu Maués, além de filme de Emidio Contente com legendas para surdos e ensurdecidos (LSE).
SERVIÇO
Exposição “Um país chamado Pará”
Local: CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais
Abertura: 16 de agosto
Período expositivo: 17 de agosto a 30 de setembro de 2023
Toda programação é gratuita
Mais informações: www.fcs.mg.gov.br