Músicos de Santê: Pianista Clóvis Aguiar - Santa Tereza Tem
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Músicos de Santê: Pianista Clóvis Aguiar

Por Eliza Peixoto

Músicos de Santê: Pianista Clóvis Aguiar – “Tocar é o que sei fazer de melhor”

Santa Tereza parece ser o local em Belo Horizonte, que tem mais músicos por metro quadrado e um deles é o pianista de fama internacional, Clovis Aguiar, morador da Rua Bueno Brandão, para onde veio depois de correr mundo.

Clóvis desde pequeno tem a vida permeada pela música. Filho de Manuel Aguiar, médico e cantor por diversão, e da professora de piano e dona de casa Djanira Arantes Aguiar, aos três anos apaixonou pelo piano, que passou a fazer parte da mobília da casa da família em Betim, na região metropolitana.

Ele relembra que “meu pai comprou um piano em 1960, quando eu tinha três anos. Eu ficava maravilhado ao ver meu tio, o maestro Luiz Aguiar, tocar as músicas clássicas. Juntou-se a isso o fato de minha mãe dar aulas. Então nesse início de vida, quando comecei a ouvir o mundo, a descobrir os sons desenvolvi essa parte do ouvido musical. Logo estava tocando”.

Conheça um pouquinho do trabalho de Clóvis Aguiar no vídeo abaixo, onde ele interpreta sua composição Na Estrada, em seu piano centenário.

O então garoto Clovis, aos seis anos dedilhava o piano e a partir dos 12 já tocava em bailes em Betim, sempre carregando no bolso uma autorização do juizado de menores. “A musica para mim sempre foi muito fácil e por isso vamos dizer que sou autodidata, apesar de ter estudado no conservatório e ter feito piano”, comenta ele.

Apesar da música, ele formou-se em técnico de mecânica no Cefet, profissão que nunca exerceu. “Um dia decidi fazer o que pra mim era mais fácil, tocar. Então segui com a carreira de pianista e comecei a viajar o mundo, divulgando a música brasileira”.

Paralelo a isso, dedica-se ao ensino do piano, algo que levou também a sério. “Atualmente dou aulas aqui em Santa Tereza, na minha casa, mas já ensinei em São Paulo, no Sesiminas, em escolas do estado. Até fiz pedagogia na PUC Minas para poder ensinar com mais facilidade. Uma das coisas mais difíceis eu acho é você passar e adquirir conhecimento. É muito pessoal. É uma transformação interna da pessoa”, explica Clovis.

De Betim para o mundo

Minas Gerais ficou pequena para o jovem músico. De Betim foi pra São Paulo, na década de 80, e de lá ganhou o mundo. Durante oito anos morou em Paris, período em que viajou com a música brasileira, não só pela Europa, mas pela África e Oriente Médio. Na França, acompanhou também artista brasileiro, como Elza Soares, Rosinha de Valença, Maurício Tapajós e Kleiton Ramil. “Só a fase da Europa tem histórias que não acabam mais pra ser contadas”, comenta.

Em 1995 ele volta para Minas Gerais e passa a frequentar o bar Aqui Ó, da família do Toninho Horta, no Horto. Lá, por meio da cantora Gracinha Horta, cunhada do Toninho Horta encontrou os Geraldo Viana, Juarez Moreira, Nivaldo Ornelas, Nenem e se integrou ao meio musical local.

Nessa trajetória acompanhou Milton Nascimento, Paulinho Pedra Azul, Juarez Moreira, Toninho Horta, Léo Gandelman, Paulinho da Viola, Alcione, Jair Rodrigues e Elza Soares.

Fez direção musical do programa “Arrumação”, de Saulo Laranjeira e junto com Célio Balona e Miltinho (Milton Ramos) realizou o projeto Brasil, que rendeu a gravação de um DVD com orquestra e arranjos feitos por ele. Em 2017, o trio representou o Brasil, na Itália, no Festival Internacional de Acordeon.

Clovis Aguiar, Milton Ramos e Célio Balona levam a música brasileira a todo canto com o Projeto Brasil

Em 2001 gravou seu primeiro CD autoral, Cumplicidade, e em 2011, com shows no Palácio das Artes e no Teatro Sesiminas lançou o segundo, Fio Condutor.

Do mundo para Santa Tereza

“Atualmente, além dos shows, dou aula aqui em casa, em Santa Tereza, nesse piano alemão Bechstein, que curiosamente comprei em São Paulo em 2006, quando ele, o piano, fez 100 anos, ou seja. Hoje está com 112 e tem um som maravilhoso”, comenta.

Em Santa Tereza, Clovis vive desde 2001. Ele não é daqueles nascidos e criados no bairro, mas veio no rastro de sua esposa, a ceramista Sônia Rigueira, esta sim, nascida e criada.  “Estou há 17 anos em Santa Tereza. Primeiro moramos na Rua Amianto e depois viemos pra Bueno Brandão, rua onde minha esposa a ceramista Sônia Rigueira nasceu”, explica sobre sua vida para o bairro.

Segundo ele, “acho Santa Tereza semelhante ao bairro Madalena em São Paulo, local de artistas, músicos e bares e já toquei em vários deles. É um lugar muito bacana de certa forma tranquilo. E assim vamos vivendo a vida, fazendo o que sabemos fazer de melhor, que é tocar”.

(Matéria publicada em 2018 e atualizada em 2020)

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