Quem frequentou a feira de artesanato e alimentação, que existiu há alguns anos na Praça Duque de Caxias, deve se lembrar dos famosos quibes vendidos na barraca do Samyr. Havia fila pra comprar, não só o quibe, mas outras delícias da comida árabe, feitas com ciência e paciência.
A história começou em 1980, quando José Gabriel Medef faleceu. Para contar com outra fonte de renda, além da pensão deixada por ele, sua esposa Odete, cozinheira de mão cheia, e seus filhos Samyr e Emira decidiram instalar uma barraca na feira. Unia-se o útil ao agradável. Ganhava-se um dinheiro extra, faziam o que gostavam, conversavam com as pessoas e o público degustava a saborosa comida árabe.
Foram oito anos, em que os clientes aumentavam dia a dia. Daí veio a ideia e a coragem de fazer uma lanchonete. Depois de muito debate, definiram o nome: Samyr Comida Árabe. Diz Samyr: “É uma coisa arriscada. Você cria um compromisso com público de todo dia estar aberto na mesma hora e com a mesma qualidade, bem diferente da feira, que era uma vez por semana”.
A lanchonete foi aberta em 1980 até hoje, a lanchonete parou por apenas alguns meses, em 1992, com a doença da matriarca. Em 1997, após o falecimento de Odete, Samyr decidiu reabrir a lanchonete, mas na varanda da casa da família, à Rua Paraisópolis, 802, perto da famosa esquina com a Rua Divinópolis.
Para ele, “cozinhar é vocação. É o que sei e gosto de fazer”. Ele segue as mesmas receitas preciosas e tradicionais que aprendeu com a mãe: “A comida árabe é detalhada. Não dá pra fazer rapidamente, precisa de paciência e tem de se estar sempre feliz na hora de ir pra cozinha. Vai além do sabor, tem que ser colorida e precisa antes de se comer com os olhos”, diz Samyr.
Para manter a alegria necessária para dar aquele sabor, ele prepara as receitas ouvindo música árabe. Busca o som e escolhe um CD e conta: “Fui com a minha mãe nesse show, em São Paulo, para comemorar 25 anos da lanchonete. Quando o cantor me viu, gritou várias vezes, ‘Ei, Samyr do quibe! ’, durante esta música. Arrepio até hoje quando escuto!”.
Ao final da entrevista, ele me presenteia com o maravilhoso quibe. O problema é que só existem quatro palavras para descrever sabores: doce, azedo, amargo e salgado. E não há palavras que descrevam o quibe feito por Samyr. Mas ele do quibe frito, tem o crú, sanduíche, esfirra e grão de bico.
Rua Paraisópolis, 802.