Os pastéis do centro histórico de BH - Santa Tereza Tem
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Os pastéis do centro histórico de BH

Os pastéis do centro histórico de BH, um passeio pelas pastelarias do centro

Por Antônio Galvão (*)

Nós, que apreciamos a caminhada no Centro de Belo Horizonte, desfrutamos infinitos modos de ver, sentir e cheirar os circuitos da área central. Como andarilho do centro, observador das coisas urbanas e dos jeitos das pessoas, tenho um apreço singular pelo que chamo de BH CIRCUITOS DAS PASTELARIAS E PASTÉIS. O Centro de BH é riquíssimo em massas: massas corridas para pintura; massas humanas de boa gente e a deliciosas massas de pasteis.

Os pastéis são como as sopas, lembram a infância. Comentou Deborah, apreciadora de pasteis e parceira de afeto. Eu particularmente lembro do tempo da meninice, juventude e maturidade. Já comi centenas de pastéis. E continuo comendo e saboreando. Seja pela manhã, com um pingado – café com leite pequeno -, à tardinha com um caldo de cana ou laranjada ou com o delicioso Café Nice, servido pelas senhoras balconistas em gestos rápidos e educados, sobre o olhar atento do Renato e Tadeu, ou ainda na noite com chopp gelado ou copo de cerveja.

Fiquei meditando. Afinal quem criou os pasteis?A história do pastel no Brasil retorna os idos de 1890, com a criação das primeiras pensões familiares e armazéns, começou a surgir às pastelarias chinesas, que tiveram de adaptar sua receita as matérias primas disponíveis no Brasil.

O pastel é uma fritura tipicamente brasileira, sendo derivado do tradicional “Rolinho Primavera” da culinária chinesa. Conta a história que os delicados rolinhos primavera chineses, enrolados em massa de arroz, foram os precursores de nossos maravilhosos pastéis. Os jesuítas que acompanharam os navegadores portugueses ao oriente, no início do milênio, se entrosaram com os chineses, e entre outras coisas, trouxeram secretamente, a receita dos rolinhos primavera nas caravelas de regresso a Portugal, Mas as monjas de Portugal deram uma ótima contribuição, criando o formato de meia lua para os pastéis.

Sua introdução em nosso país se deu através daqueles imigrantes, que tiveram de adaptar-se às matérias primas disponíveis no Brasil. Contudo, sua popularização na cultura do brasileiro, veio através das mãos dos imigrantes japoneses que, por ocasião da 2º Guerra Mundial, vieram a abrir diversas pastelarias no intuito de se passarem por imigrantes chineses, livrando-se dessa forma, da discriminação que havia na época, contra a aliança entre Alemães, Italianos e Japoneses.

Pastifilia ou Pastefolia

Como analista do inconsciente, concluí que tenho PASTELFILIA OU PASTELFOLIA: quando vejo uma enorme frigideira um panelão com o óleo fervendo, os pasteis mergulhando e tomando aquela cor crocante. Eu fico todo animado

. Eu e os apreciadores em farinha de trigo, xícara de chá de óleo/gordura vegetal, colher de chá de fermento em pó, colher de sopa de sal, cálice de cachaça, xícara de chá de água morna e a variação dos recheios. Os mais tradicionais, carne moída com ovo, azeitona e queijo mineiro curado. Mas pode ser saboreado com palmito, bacalhau, banana com canela, frango com requeijão ou catupiry, pastel de angu e outras variações.

Tenho uma sensação que como se os pastéis me chamassem. “Vem lanchar menino, vem comer rapaz, vem saborear senhor” Imediatamente corro para o balcão e peço dois pasteis. A minha boca enche de água e dou aquela mordida na massa crocante, que exala um vapor e cheiro de recheio.

Os pasteis carregam emoções e boas lembranças. A primeira recordação é o pastel que comia no final da década de 60 e inicio de 70, na cantina da Rede Ferroviária Federal, rua Sapucaí. Eu com dez anos de idade e meu pai ferroviário ainda na ativa em vias de aposentar. Este é um pastel de afeto. Lembro ainda da minha mãe fazendo em casa para nosso lanche, este também era muito gostoso. São inúmeros as vivências na companhia de um gostoso pastel.

Agora, em Belo Horizonte, a primeira pastelaria foi criada nos anos 50 e funcionava no antigo abrigo do bonde de Santa Tereza, atual Mercado das Flores. Na área central da cidade lembro de uma pastelaria dos chineses, rua Tamoios nos idos da década de 80 e 90. Um pastel com recheio gostoso, carne bem temperadinho, ovo e azeitona.

O Pastel Joselito que agradou o paladar dos apreciadores da gostosa massa de pastel. Uma empresa familiar fundada em 1972 pelos irmãos Pompilho e Marcio, que de um pequeno galpão na Av. Antonio Carlos, hoje bem instalada no bairro Gloria.

Circuito das pastelarias do centro

Podemos afirmar que temos um CIRCUITO DAS PASTELARIAS DO CENTRO: Pastelândia, rua Tupinambás; Pastelar, Rua Carijós; Pastelaria BH, Avenida Amazonas; Pastelaria Ouvidor, rua São Paulo; Pastelaria Renascer, Avenida Amazonas; Pastelinho, rua São Paulo; Pastelinho Lanches, rua Espírito Santo; A Bruxa Pasteis, Av., João Pinheiro; Pastel Frito, Rua Tupinambás, Pastelândia Avenida, Av. Afonso Pena e Pop e Kit, Praça Sete.

Na cidade temos ainda várias pastelarias: Pastel do Português, em frente da igreja Santa Efigênia; Banana Pastel, Dom Pastel, Napolitano Pastéis, Pastel Mineiro, Rainha; Pastelaria Bom de Shop, Pastelaria Fujiyama; Ribeiro Luz; Pastelaria Marilia de Dirceu; Pastelaria Sakelandia; Rei do Pastel Savassi, Pastelaria do Av. Silviano Brandão, Horto, Armazém da Dona Lucinha

Fico aqui imaginando a SEMANA DO PASTEL E PASTELARIA, com um grande evento: Feira do Pastel, homenagem às pastelarias, ao pastel mais gostoso, entrega de honra ao mérito e a divulgação do BH CIRCUITOS DAS PASTELARIAS E PASTEIS.

Tem ainda aqueles pasteizinhos que eram servidos nas festas de casamento ou aniversário no tempo em que usava-se pratinho de papelão com guardanapo, garfinho e faca de plástico para comer arroz, maionese, pernil, farofa. Como era gostosa esta simplicidade amorosa recolhida no tempo.

Antônio Galvão, um amante dos patéis

Quem não se lembra das pasteleiras anônimas que faziam deliciosos pastéis, colocam em um balaio coberto com pano de prato e dava para seus filhos venderem de porta em porta, nos campinhos, nas igrejas, escolas. Como a Senhora Célia de Coquinho na cidade de Santa Luzia.

Minha ex-esposa, comentou que os pasteis são democrático e republicano e transitam pelas classes sociais e lugares, do simples aos ambientes sofisticado. Sempre existira um apreciador de um gostoso e saboroso d pastel da boa gula, pastel da infância, pastel da maturidade, pastel de festa, pastel de bar, pastel da mãe e das avos, pastel dos amigos e os pasteis dos tempos e das ocasiões.

Aproveito ainda para pedir, se você sabe fazer um bom pastel ou conhece uma boa pastelaria mande um e-mail para mim [email protected] e vamos saborear juntos e prosear este gostoso paladar dos pastéis.

(*) Economista, poeta, jornalista
Livro: Poesia & Afeto
facebook: Antonio Galvão

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