Eugênio, 101 anos bem vividos - Santa Tereza Tem
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Eugênio, 101 anos bem vividos

Série Santa Tereza tem Memória: Eugênio, 101 anos bem vividos”

Por Eliza Peixoto com colaboração de Márcio Rodrigues

Não é todo dia que alguém tem o privilégio de se tornar centenário! Pois é, nosso vizinho da Dores do Indaiá, Eugênio Soares Rodrigues conseguiu essa façanha, quando no dia 22 de julho de 2023, completou 101 aninhos, muito bem vividos, segundo ele. Talvez seja ele uma das pessoas mais idosas de Santa Tereza e quem sabe de Belo Horizonte, pois nasceu quando a cidade completava o seu primeiro quarto de século de existência.

Eugênio Rodrigues quando fez 100 anos – Foto Eliza Peixoto

Eugênio, nasceu no Floresta, à Rua Célio de Castro, que naquela época se chamava Rua Rio Preto. Depois da família morar na Lagoinha e na Serra, nos anos 40, mudou para a Rua Eurita, 666, a primeira casa própria, entre as ruas Estrela do Sul e Tenente Durval, aqui em Santa Tereza, de onde nunca mais saiu.

O jovem e bem aprumado Eugênio começou a trabalhar aos 15 anos, em uma farmácia na Rua da Bahia e tinha um hobby, que o acompanhou por toda vida: dançar! Ele nos conta que era um pé de valsa, e que até conquistou um prêmio do SESC de melhor dançarino. E não perdia os bailes do Ideal Clube, na Rua Estrela do Sul. Ele relembra, também que gostava de frequentar, ao lado do cinema, o bar do Lelinho, o Luz Divina, onde também era freguês assíduo.

Como naquela época era comum haver festas com danças nas casas das famílias, ele não perdia uma. E foi assim que conheceu uma moça bonita, que lhe chamou a atenção. “Estava na festa na casa do seu Ari e a Genny assentada no alpendre, quando fui apresentado a ela. Conversa vai, conversa vem, logo começamos o namoro. Foi amor à primeira vista que logo acabou em casamento” relembra ele.

O casamento com Genny de Ávila, a moça do alpendre, foi em 1951. Ela nasceu no Serro, em 1925, e nos anos 40, quando seu pai, Francisco Nominado se aposentou, ele veio a esposa Maria Cândida e as filhas Conceição, Genny e Celma para Belo Horizonte. Depois de morar de aluguel na Rua Curitiba, por comprou uma casa na Rua Dores do Indaiá, em um lote grande, onde pudesse construir mais dois barracões para garantir moradia para três filhas. O que realmente aconteceu.

E foi em um desses barracões, que o jovem casal Eugênio e Genny, foram morar após o casamento.

Com o tempo e nascimento dos filhos Márcio, Flávio, Telma e Vânia, que lhes deram nove netos e duas bisnetinhas, foi preciso aumentar o barracão. Com muito esforço o casal, não só fez a reforma, mas praticamente construiu uma nova casa, que é onde hoje vive Eugênio. Sua esposa faleceu em 2008, aos 83 anos.

O trabalho

Eugênio Soares Rodrigues era comerciário e trabalhou a maior parte de sua vida em drogarias do centro da cidade, principalmente a Drogaria de Minas, na Rua São Paulo, ao lado da galeria do Ouvidor. Depois de aposentado trabalhou alguns anos na empresa de valores Minasforte, empresa de transporte. Sua vida profissional começou aos 15 anos e se aposentou aos 50, com 35 anos de trabalho efetivo. Portanto, tem 50 anos como aposentado.

Apesar da idade e de algumas dificuldades de locomoção, Eugênio ainda gosta de dar seus passeios pelo bairro e contar as suas histórias e se mantém a mesma pessoa tranquila, da paz e moderado pra tudo na vida,  como define seu filho Márcio Rodrigues.

Genny de Ávila Rodrigues, a moça do alpendre

Genny de Ávila Rodrigues e as duas irmãs – Conceição e Celma – foram educadas para cumprir o papel social padrão da época: curso Normal em um colégio dirigido por freiras católicas para se formarem professoras primárias e ensinar as crianças.

Foi professora do grupo escolar (atual escola estadual) José Bonifácio, na rua Hermilo Alves, e alfabetizou e educou uma grande parte dos pequenos moradores de Santa Tereza até meados dos anos 1970, quando se aposentou.

As irmãs Maria da Conceição e Celma também foram educadoras e trabalharam no grupo escolar Sandoval de Azevedo, na rua Pouso Alegre.

O povo do Serro

Uma curiosidade é que muitas famílias naturais da cidade histórica do Serro se mudaram para Belo Horizonte e o destino foi Santa Tereza.

Vieram aos poucos e naquela época, anos 40 e 50, os terrenos no bairro eram pouco valorizados, devido à crônica fala d`água, então era uma ótima opção para quem dispunha de pouco capital para a compra de um imóvel. Assim, praticamente se criou uma pequena colônia de gente do Serro, como a dona Regina, tia de Chiquinho Nominato, que morava na rua Hermilo Alves, em frente ao grupo escolar José Bonifácio, em uma velha casa substituída hoje por um grande prédio residencial. Outros parentes que se estabeleceram aqui foram os da família Madureira, que até hoje tem descendentes morando no bairro.

A antiga casa da Rua Dores do Indaiá adquirida pelo pai de Genny. A família mora no mesmo local, entretanto esta casa foi derrubada e deu lugar para a atual

Agradecimento: agradecemos ao Márcio Rodrigues, pela colaboração para a produção desta reportagem nos emprestando as fotos do arquivo da família e com informações sobre a história.

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