Bares de Santê: Bar da Sãozinha - Santa Tereza Tem
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Bares de Santê: Bar da Sãozinha

Bares de Santê: Bar da Sãozinha Neste mês, dedicado à mulher, vamos falar da Sãozinha e seu tradicional boteco de Santa Tereza, dirigido por ela há 22 anos

Reportagem e fotos: Eliza Peixoto

Sabe aquele tipo de bar simples, com cara de bar mesmo, algumas mesas e cadeiras, geladeira e freezer, um fogão ao fundo atrás do balcão, rico em comida boa e amizade? Assim é o Bar da Sãozinha, que mantém a sua característica original, um boteco sem nenhuma sofisticação, sempre com cerveja gelada, tira-gostos bem mineiros, comida caseira, pinga boa e principalmente a prosa alegre da Conceição, a proprietária. E ainda um pequeno empório com enlatados, balas, produtos de limpeza, que as pessoas sempre precisam, assim de última hora.

Çaõzinha – Foto Eliza Peixoto

O bar na Rua Hermilo Alves, 423, nesses 22 anos de funcionamento, tornou-se um ponto de reunião de clientes fiéis, quase todos moradores de Santa Tereza, que no fim virou uma irmandade.

A proprietária Conceição de Souza, chamada pelos íntimos de Sãozinha, é daquelas mulheres mineiras que nada segura. Nascida em Ribeirão das Neves, é uma amante do rock e em seu cantinho, como decoração tem apenas um pôster muito doido do guitarrista e compositor estadunidense, Frank Zappa, na parede, presente do amigo e frequentador Renato Banana.

Ela, entre um cafezinho e pasteis, nos conta que decidiu montar o bar, em 2000, por uma quebra de asa do destino. Com o fim do casamento e dois filhos adolescentes, ela de repente, sem eira nem beira, precisou repensar a vida e arranjar uma viração. Com a sua experiência em bar, já que trabalhava com o ex-marido dono de bar no bairro Floresta , pensou logo em montar um negócio que ela dominava, a cozinha de um bar.

Decidida, vestiu-se de coragem e com o pouco de dinheiro, 700 reais, veio morar em Santa Tereza, bairro que sempre lhe chamou a atenção. Então alugou a loja, aonde está até hoje e começou a montagem do estabelecimento, comprando um pouco de cada coisa. “Eu precisava me virar para garantir meu sustento e dos filhos. Foi difícil começar do nada, mas com coragem, paciência, trabalho e apoio de pessoas amigas a gente consegue. A ajuda de amigos de uma distribuidora de bebidas no Floresta foi fundamental”, comenta a Sãozinha.

Cozinheira de mão cheia, ela aprendeu a cozinhar com a mãe e as irmãs. E aprendeu a lição direitinho, pois sua comida é deliciosa. Aquele comidinha caseira, sem nenhuma gourmetização. Além dos tira-gostos, típicos de comida de boteco, como pastel, quibe, linguiça e almôndegas, ela serve almoço todos os dias, o famoso PF, ou então a tradicional marmita.

Cada dia é um prato diferente: a famosa feijoada, frango ou carne moída com quiabo e angu, língua de boi, rabada, carne cozida, costela, sempre acompanhada de arroz soltinho e feijão temperadinho, feijão tropeiro, couve, bife ou ovo frito.

Sãozinha comenta que “os fregueses são quase todos aqui do bairro, que há 22 anos frequentam o bar e já nos tornamos amigos. Faço até papel de psicóloga de vez em quando, pois o ombro está sempre pronto para ouvir as tristezas e comemorar as alegrias da freguesia”!

Já bem cedinho ela abre o bar e fica até a hora do fechamento no final da tarde. Antes trabalhava sozinha, mas agora conta com a ajuda do Hugo, que está aprendendo o ofício de servir bem e como ela é uma simpatia.

Empreendedora e feminista, mesmo sem ter consciência de que é, Çãozinha, diz que “a mulher tem de se valorizar e ser dona do próprio nariz. A mulher tem sim, de trabalhar e ganhar seu próprio sustento, para não depender de ninguém e não precisa abrir mão de nada pelo fato de ser mãe”.

Falou a Sãozinha, a mulher que entende bem das coisas!

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