Primeiro grupo percussivo de Maracatu de Baque Virado e percussão formado exclusivamente por mulheres em Minas Gerais, o Baque de Mina tem atuação singular na capital. Ao longo de quase 10 anos o coletivo já contou com centenas de mulheres em sua composição. “É de total relevância que grupos exclusivamente femininos (e feministas) existam e se fortaleçam. Chega de escutarmos ´essa toca bem demais, toca igual homem´. Quando ouço isso, respondo que não preciso ser homem para tocar bem, que sou boa no que faço, sendo mulher e que toco como uma mulher!”, conta Daniela Ramos, professora e regente do grupo.
Ao longo de 2022 o grupo Baque de Minas realizou um de seus projetos mais consolidados e também de maior alcance: o “Dias MULHERES Virão”. Ao longo de 4 meses foram 17 encontros, 3 palestras (com ativistas de diferentes frentes de lutas feministas) e 3 Arrastões de Maracatu (cortejos de rua) pela cidade.
Chegando em sua fase final, o projeto se prepara para uma despedida em grande estilo com um grande Mostra Final de Alunas e entrega de certificados no próximo dia 18/12, domingo, às 11h, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Com entrada gratuita, o evento contará com as alunas do projeto tocando instrumentos típicos do estilo musical: bombo, caixa de guerra, agbê, ganzá e gonguê, com um repertório autoral que reverencia a força feminina, as lutas feministas e o empoderamento das mulheres. O projeto “Dias MULHERES Virão” é realizado pelo Grupo Baque de Mina por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
O Maracatu de Baque Virado em Minas Gerais
O Maracatu de Baque Virado é um Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil reconhecido pelo IPHAN e também o mais antigo ritmo afro-brasileiro. Sua dimensão e alcance romperam diversas fronteiras saindo de Pernambuco e chegando a várias partes do Brasil e do mundo.
A cena do Maracatu em Belo Horizonte começa em meados de 1998 para 1999, com as primeiras oficinas do ritmo na capital, ministradas por Lenis Rino, precursor da música do Maracatu de Baque Virado em terras mineiras. A partir destas oficinas, nasce o grupo Trovão das Minas, segundo mais antigo coletivo de percussão de Maracatu fora de seu local de origem (PE), sendo o primeiro mais antigo dos coletivos de fora de PE, o Rio Maracatu.
A partir do Trovão de Minas surgiram diversas ramificações de grupos em BH dos quais muitos seguem ativos em terras mineiras e até fora delas, abrangendo suas atuações internacionalmente; destacam-se entre eles os coletivos: Maracatu Lua Nova; Bombos de Iroko; Baque de Mina, Tira O Queijo (encontro semanal de Maracatu em BH); Pata de Leão; Coletivo Couro Encantado; Quintal Escambo Cultural; Patangome Maracarte; Humaitá. Todos fundados por ex-integrantes do Trovão de Minas, coletivo com o qual tiveram seus primeiros contatos com esta manifestação cultural.
Sobre o Baque de Mina
Criado em Belo Horizonte, no carnaval de 2013, o Baque de Mina é um grupo percussivo de Maracatu de Baque Virado. O grupo rompe padrões ao apresentar uma bateria composta exclusivamente por mulheres tocando o Maracatu, ritmo que, originalmente e em sua tradição, era tocado apenas por homens. O Baque de Mina busca, através da música, amplificar a voz feminina na sociedade na luta por equidade entre os gêneros.
Daniela Ramos, atual Diretora Musical do grupo Baque de Mina, é percussionista, professora e integrante do coletivo. A trajetória de Daniela com o Maracatu em terras mineiras começou nas oficinas de Lenis, como aluna, e depois foi marcada também por sua participação (desde 2000) no grupo Trovão das Minas, na qual assina a Direção Musical e Coordenação de 2009 até os dias atuais.
SERVIÇO | Arrastão de Maracatu e entrega de certificados Quando? 18/12, domingo, às 11h Onde?Parque Municipal Américo Renné Giannetti(Av. Afonso Pena, 1377 – Centro) Entrada gratuita Mais informações sobre o grupo: @baquemina |