É em Santa Tereza, em sua casa, que a Paula Andrea Gomes Vieira tem uma loja/ateliê/alfaiataria, “Quartelar”, onde produz roupas masculinas adulto e infantil, calças, camisas, camisetas, roupas femininas, fardas militares de gala, uniformes e faz consertos.
Morando aqui desde os 11 anos, sua história com a linha e agulha, começou em criança ao ganhar uma máquina de costura de brinquedo e por frequentar o ateliê de alta moda de sua tia Vasti, na Savassi. A menina curiosa vivia em meio às costureiras, rendas, tecidos e bordados. Além disso, sua mãe frequentava as lojas de tecidos com Paula a tiracolo, o que a deixava encantada. A convivência nesse meio despertou sua habilidade, apesar de, naquela época, não imaginar que trabalharia com roupas profissionalmente.
“Na verdade, quando criança eu queria ser empresária como meu pai, que tinha um comércio de enxovais na Savassi. Não pensava em trabalhar com costura, apesar de ser apaixonada pelas roupas feitas por minha tia e as que minha mãe “chic” vestia”, comenta ela.
Aos 14 anos, a adolescente foi ajudar as vizinhas Dona Luci e sua filha Soraia (moradoras da Rua Tenente Vitorino), na Feira Hippie da Praça da Liberdade, na venda de roupas feitas por elas. Lá, além de continuar envolvida com vestuário, descobriu-se uma ótima comerciante. Já adulta somou as duas coisas, a habilidade da costura e do comércio e passou a fazer roupa e abriu seu próprio negócio.
Entretanto, ela viu que não era só saber costurar, que seu acabamento não era o ideal, então decidiu fazer um curso intensivo de “moulage” (modelagem de roupa no corpo) com Júnia Melo. “Foi quando aprendi a arte do bom acabamento e do corte”, comenta.
O envolvimento com a alfaiataria e o fardamento militar se deu de forma bem genuína. “Em 2001, durante uma seca no Jequitinhonha, trabalhei como voluntária em uma campanha da defesa civil com sede no quartel. Aí começou minha ligação com a confecção de roupas de gala para militares, depois de ter feito uma calça para o Cel. Teixeira, na época major, que foi muito elogiada. Então montei uma loja de fardamento no Prado, que por uma série de razões precisei fechar”, conta ela.
Paula comenta que, “Hoje estou com este ateliê/loja feito por minhas mãos, desde a pintura da parede, à decoração. Procurei fazer um espaço onde as pessoas entrem e sintam-se bem e abraçadas pelo ambiente”.
Mas não pensem que, apesar do nome Quartelar Alfaiataria Ação, é só fardamento. Ela explica que “estou perto da Polícia Militar, mas no bairro, há um público que quer algo mais, como uma roupa sob medida. São aquelas pessoas, que querem ter roupas feitas de acordo com a sua vontade, inclusive a alfaiataria feminina”.
Paula atualmente fica mais no corte e conta com costureiras e alfaiates parceiros para dar conta da demanda de entregar ao cliente uma blusa, uma camisa, um vestido alinhadas com o corte diferente, com o colarinho, ombros e punhos no lugar certinho e no tempo combinado.
A costura, Paula define como “uma arte em que você vai se aperfeiçoando. Comecei aprendendo na prática, com outras profissionais e depois fui me aprimorando, sofisticando e somando outras técnicas. Isso porque, eu penso que mesmo que seja o conserto de uma peça, ele tem de ser bem feito. Costurar é uma mágica, em que o resultado dela deve surpreender a pessoa e fazê-la se sentir feliz com o que está vestindo. É isso que me deixa realizada”.
Sobre o bairro Paula diz: “quando abro loja vem minha vizinha e fala oi, ou outra pessoa entra e toma um café. Alguém passa e colhe ora-pro-nobis aqui na calçada, que abana a mão do outro lado da rua. Santa Tereza é um encontro entre as pessoas. É um bairro diferente, não só por suas praças e casas, mas pelas suas pessoas que aqui vivem. Não tem como não amar”.
Vale a pena dar uma passadinha lá pra conhecer o Ateliê da Paula: Rua Tenente Durval 165.
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