Os misteriosos Reis - Santa Tereza Tem
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Os misteriosos Reis

*Por Carlos Felipe Horta

 Se há personagens misteriosos na Bíblia, certamente os chamados Reis Magos são alguns deles. Aliás, não se sabe nem se eram reis mesmo. Para os estudiosos, eles seriam magos, expressão que identifica sábios, pesquisadores, astrólogos, que se dedicavam aos estudos do conhecimento.

Provavelmente seriam conselheiros de autoridades reais e conhecedores da astronomia e das ciências, sabiam das profecias, que cercavam o provável nascimento de um grande Senhor, Deus descido à terra.

‘A viagem dos Magos’ (1894), James Jacques-Joseph Tissot (1836-1902). Brooklyn Museum, New York City.

Citados apenas no Evangelho de São Mateus sem colocação de seus nomes, seguindo uma estrela no Oriente, os “magos-reis”, vieram parar na Gruta de Belém, onde ofereceram ao Menino, ouro, incensa e mirra.

Mais perguntas nascem a partir do texto evangélico. De onde vieram: Como souberam do nascimento? E a misteriosa estrela que indicou o seu caminho, que estrela era? Um cometa (alguns chegaram a dizer que era o Halley em uma de suas viagens à terra). Qual a origem de seus nomes? Como eram? E por que mirra, incenso e ouro? Segundo alguns estudiosos, o ouro por ser Jesus um rei; incenso, por ser Deus, e mirra, por ser um representante da humanidade. Seria isto mesmo?

Filme O quarto Rei Mago

A cultura popular, maior mestra do mundo, lhes deu nomes, significados, criou lendas e até mesmo uma história de que os restos mortais dos três, após ficarem muito tempo em Milão, foram levados por do ordem do imperador Frederico I, da Alemanha, para a Catedral da Colônia, onde ainda estariam.

As lendas falam da existência de um misterioso quarto rei que teria chegado atrasado ao encontro com seus companheiros. Na década de 50, a editora EBAL publicou um número da revista Epopéia, contando a bela história do quarto rei e , em tempos mais recentes, surgiu até um filme- por sinal muito mal feito e mal contado- sobre a lenda.

Folia de Reis em Santa Tereza 2017 – Infelizmente, devido à pandemia não haverá a Folia este ano

Muitas outras perguntas ainda são feitas, fato é, porém, que os misteriosos Gaspar, Belchior e Baltazar vivem fortes no imaginário popular, na literatura e na religiosidade do povo, especialmente no Brasil, onde as Folias de Reis constituem um dos folguedos mais importantes.

Folia de Reis

Em todo o Brasil, desde 24 de dezembro, as folias visitam locais onde existam presépios, cantando e narrando as profecias e fatos ligados ao prometido Messias de Israel.

Em Minas, é famosa a Folia de Reis de Dona Guidinha, na cidade de Alto Belo. Geralmente lá o violeiro Téo Azevedo, comanda as folias de sua terra natal. Na Serra da Piedade, os foliões vão visitar a Padroeira de Minas.

Folia de Reis de Cláudia Loureiro

Em outros lugares como São Sebastião do Paraíso, Patos de Minas, Itabira, Ouro Preto, Nova Lima, Alfenas os foliões terminam o seu ciclo de visitas no dia 6 de janeiro, o Dia de Reis, tocando músicas que lembram a visita ao Menino e seus personagens que, atravessando o mistério, continuam vivos na alma do povo.

Em alguns bairros de Belo Horizonte a tradição da Folia de Reis permanece, como em Santa Tereza, a Folia da Família Naves, e do Bairro Jaraguá,  a Folia Pampulha Velha, da Ordem Templária de Santo Antônio de Pádua.

*Carlos Felipe Horta (jornalista, historiador e folclorista, colaborador voluntário do Santa Tereza Tem)

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