Ateliês de Santê: Crochetando a vida com Aline Ávila - Santa Tereza Tem
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Ateliês de Santê: Crochetando a vida com Aline Ávila

“Fazer crochê me traz a ancestralidade, sinto que honro as mulheres que passaram o ofício para gerações futuras

Reportagem Isa Patto

De ponto em ponto a vida vai sendo tecida, como na arte do crochê. Bastam uma linha e uma agulha e o “crochetar” cria coisas bonitas e, além de um hobby gratificante, pode tornar-se um “ganha pão”. Este é o caso da moradora do bairro, Aline Ávila Lopes, bióloga, professora e crocheteira.

Aline descobriu que tecer a deixa “mais paciente, mais amorosa”, além de ser um negócio. A história começou cedo, na infância. Paulista da cidade de Franca, aos 10 anos, a família mudou para Minas, no Triângulo Mineiro, época em que sua mãe, Nicinha, lhe ensinou o crochê. “Ela e minhas tias herdaram o crochê das avós italianas.  Bordar, tricotar, os crochês faziam parte da geração delas e isso foi passado para mim”, explicou.

A criança Aline tecia uma coisa ou outra, mas foi na faculdade, em Patrocínio, que ganhou o primeiro dinheiro com o crochê, fazendo colares, moda da época.

Segundo Aline, o crochê sempre esteve em sua vida, pois, quando tinha algum tempo livre, tecia, mas nunca pensando como um negócio. Como a vida dá voltas, após um problema de saúde, mais a pandemia e o desemprego ela passou a tecer mais como terapia e depois para gerar renda.

Ela conta que “ em 2019 fiz uma cirurgia que me abrigou a ficar em casa e reduzir o ritmo de trabalho como professora contratada do Estado. Então o crochê virou uma terapia, para ocupar e desestressar. Com a pandemia, veio o desemprego e virou uma fonte de renda”. 

Assim, descobriu seu perfil empreender. Criou uma página no Instagram, postou fotos de algumas peças e as encomendas começaram a chegar.  Daí surgiu a ideia das Mandalas de crochê, que hoje é o carro chefe das vendas. “Faço outras peças como suplá, xales, bolsas, um trabalho mais rústico que chamo de crochê moderno e criativo. Entretanto o mais vendido e que mais amo fazer são as Manda-las”.

O tecer das Mandalas

Para Aline tecer Mandalas a fez se descobrir mais paciente, amorosa e a olhar para o outro de forma diferente. “Eu era muito acelerada e, enquanto faço uma Mandala, sinto-me mais equilibrada. Se tenho uma encomenda, não teço se estou triste ou contrariada, procuro fazer em momentos de tranquilidade. Busco saber um pouco sobre pessoa que me encomendou e o que deseja. Mentalizo pensamentos positivos para que a peça só traga boas energias”, explicou.

São José a trouxe pra Santa Tereza

Em 2014, Aline veio para Belo Horizonte, pois seu namorado Matheus, hoje marido, morava aqui e foi ele quem lhe apresentou o bairro. “Matheus dizia que eu iria amar Santê e foi paixão à primeira vista. Em 2018, a gente casou e viemos para cá. Como sou devota de São José, na época acendi uma vela com fé para que ele arrumasse um apartamento para sermos felizes. E aqui estamos! ”.

Blusas de crochê

 Sobre o bairro ela diz: “Nunca pensei que iria gostar de morar em cidade grande. Sou um bicho do mato. Mas aqui é tranquilo, seguro, converso com todo mundo do comércio e até me chamam pelo nome. O que eu mais gosto é a sensação de me sentir em casa”.

Apesar dessa paixão pelo bairro, Aline vê problemas, especialmente quanto à limpeza urbana. “As ruas estão muito sujas, com lixo para todo lado. “Isso me incomoda muito e merecia uma atenção maior da prefeitura. Na época em que mudei, o bairro era limpo e do ano passado para cá está muito largado. Sei que situação atual não é fácil, mas limpeza é essencial também para saúde da população”.   

Para quem quiser conhecer e encomendar o trabalho de Aline é só acessar o Instagram: @aaatelier ou pelo telefone (31) 994481858

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