Ataíde Miranda nos muros e comércios de Santê - Santa Tereza Tem
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Ataíde Miranda nos muros e comércios de Santê

Quando a gente anda por Santa Tereza se depara com diversos murais coloridos, cheio de flores, peixes, violões, figuras ferminas e outras coisas mais e, logo de cara, reconhece os traços do artista plástico, cria do bairro, Ataíde Miranda. São vários trabalhos espalhados pelo bairro, entre fachadas de comércios e muros, isso sem falar nos já apagados para revigorar os espaços ou pelo tempo.  

Ataíde desenhando na Praça. Tudo começa com um risco aleatório

 Para Ataíde sua arte espalhada pelo bairro é motivo de orgulho. “Ter meus trabalhos em Santa Tereza, meu berço, é pura emoção, pois é o lugar onde por vivi por 50 anos. Conheço todas as ruas, as pessoas, acompanhei a sua transformação e é onde meu coração está”, comenta ele.

E ele continua: “É muito legal quando as pessoas comentam que viram uma obra na rua e gostaram. Fazer este tipo de arte é interessante, porque os comerciantes me dão toda liberdade de expressão e na medida do que vou criando coloco aos poucos os elementos da casa.  Ser reconhecido profissionalmente pelos comerciantes, que me contratam, dentro do próprio berço, é fantástico”.  

A arte depois dos 40

O dom do desenho surgiu ainda em criança, apesar de só aos 40 anos Ataíde ter começado a desenhar profissionalmente e a viver da sua arte.  Ele lembra que na juventude o desenho foi trocado pela bateria em uma banda de rock. “Dediquei 20 anos da minha vida à música, que me deu muitos amigos, estrada, mas a banda não fez muito sucesso e a gente tocava mesmo só pra mostrar o trabalho”.

 E aos 40 ele percebeu que era hora de mudar e foi estudar designer gráfico no INAP e descobriu sus vocação real.  Ao mostrar alguns desenhos para a professora de história da arte, ela disse “você é expressionista”, um artista. E o estimulou a continuar. “Um dia ao fazer um trabalho voluntário em uma instituição de tratamento para crianças com câncer, uma diretora do Museu Inimá de Paula, gostou do que viu e fez o convite para eu expor no museu. Foi quando deslanchei profissionalmente e as coisas começaram mesmo a acontecer”, relembra Ataíde.

As mulheres, como sua mãe, a ex-esposa, a professora, foram suas maiores apoiadoras e inspiradoras, por isso em muitos dos seus trabalhos é comum ver a forma e a força femininas.

Na Praça de Santa Tereza, ensinando arte

O processo de criação começa do nada, um rabisco daqui um traço de lá e aos poucos surge mais uma obra cheia de cores e movimentos. O artista explica que “nunca tenho noção do que vai surgir na tela. Risco algumas linhas, curvas, traços, aleatoriamente. De repente paro e vejo as formas e o que me lembram. Se for imagem de mulher, de uma flor, por exemplo, vou emendando uma na outra. Gosto de trabalhar com o lúdico, máscaras, anjos, natureza, animais e de passar coisas leves e boas energias, quando a pessoa contemplar uma tela ou minha obra na rua”.

Seus trabalhos podem ser vistos, não só em Santa Tereza, mas em diversos locais da cidade, como fachadas de restaurantes, lojas, hall de entrada de empresas. Além de muralista e pintor, Ataíde também navega pela moda, fazendo estampas para roupas e até desenhos em móveis.

Uma casa que é arte

A casa onde ele morou por mais de quatro décadas, chama a atenção das pessoas pelos desenhos que cobrem o muro e a fachada. Ele lembra que ali foi seu laboratório, o seu ateliê.

Ataíde conta que “sempre usei o pincel e quando vi o pessoal usando spray, percebi que era uma forma rápida de criar com mais gamas de cores e comecei, no ateliê em minha casa, a experimentar nos trabalhos esse tipo de material.  “Um dia pedi minha mãe pra fazer a fachada da casa e ele disse que poderia só se fosse com fundo roxo.   Então fiz com tons puxados para lilás.  Mas, infelizmente, a casa precisou ser vendida este ano e o interessante é que o comprador quis manter a pintura”.

O filho de Santa Tereza

“Santa Tereza é minha história, meus primeiros passos, meus amigos e fora ser um bairro que tem essa energia positiva e cultural, a música, a boemia.  É onde as coisas acontecem e que transformaram o bairro em um ícone da nossa cidade e sinto muito orgulho de fazer parte disso.  É o meu berço, onde me sinto em casa ” observa o artista.

Em Santa Tereza fazendo o mural da Rua Silvianópolis

Segundo ele, “minha vida foi sempre aqui, frequentei catecismo da igreja, estudei no Tiradentes, comi pão com molho de madrugada no Bolão, quando o dinheiro estava curto, participei dos “pegas” de moto que havia na praça, dos shows e eventos”.

Ele comenta que “aos 51, com a venda da casa, infelizmente, precisei me mudar, mas tenho certeza de que volto pra cá com meu ateliê, pois meu coração mora em Santa Tereza e tenho orgulho disso”.

Para conhecer mais de seu trabalho ou fazer encomendas:
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