Um recado pro Bolinha - Santa Tereza Tem
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Um recado pro Bolinha

O jornalista Robson Leite, morador do bairro e, além de frequentador do Bartiquim, amiigo do Bolinha, escreveu um recado emocionante para ele, que nos deixou no dia 25 de fevereiro. O texto está publicado abaixo.

Amigo Bola,

que isso, meu irmão? Você me falou que tinha sido só um susto. Esse coração imenso aí, eu acreditei. Um comecinho de infarto não iria causar tanto estrago assim, não é? Não. Esse coração gigante, onde sempre coube tanta gente, tanta bondade, hein? Cara, eu achava – sinceramente – que o dia que esse coração parasse, uma parte do coração de Santa Tereza iria parar junto.

E parou.

O coração de um bairro são as pessoas que nele vivem, meu amigo. Um povo que parou assim que soube da notícia mias triste que já publiquei neste grupo de internet. Parou no whatspp. No olho no olho. Parou pra chorar. Mas logo por você, Bolinha? Um sujeito que esbanjava alegria? Um cara que sempre tinha um sorriso no rosto pra gente, até nos piores momentos?

Choramos.

É Triste ver a vida sumindo assim. E tivemos tantas perdas recentes, sujeito. Nossa! Tantos sonhos interropidos. Tantos, tantos, Não bastasse a pandemia, junto com uma estupidez assassina que nos cerca e nos cega também. Ando puto demais com essa vidinha. Estamos todos tão frágeis. E ainda… perder alegria?? Tão pouca a que nos resta? Cara… é demais…

Perdemos você, amigo Rômulo César. Parceiro Bolinha. De uma hora pra outra. A imagem que ilustra esse texto diz muito de ti. Você mora nesse abraço, meu irmão. A gente também era um pouco sua família. Porque quem empresta tanta emoção naquilo que faz, conquista o DNA mesmo. Aquela coisa primal, tribal.

Homens e mulheres reunidos pra beber, comer, seja para celebrar ou afogar mágoas. Ou simplemente estar ali. Sua casa, seu bar, vira pousada de muitos. Era um pouco minha também. De tanto que eu conheço. Isso não morre, Bola. É coisa que você construiu pra sempre dentro de cada um. É sólido. É uma fortaliza.

Cara, sinceramente? Acho que não cabe despedida. Você segue vivo na nossa saudade. Nela você chega assim. Mansamente, braços abertos, os óculos pendurados no pescoço, todo bonachão e gentil. Às vezes vindo da própria cozinha do Bartiquim, às vezes de dentro do vizinho Temático que, eu sei, que era seu bar favorito.

É a cena que minha memória vai chamar sempre que passar naquela esquina de Pirité com Paraisópolis. Poderia ser mais uma, como tantas esquinas em Santa Tereza. Mas não é. Ali, como aquela outra mais famosa, tem um encanto a mais. Seu coração ainda bate pela gente naquele lugar, amigo Bola.

E o nosso segue ali, batendo junto.

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