Eliza Peixoto
Hoje, 19 de março Dia de São José, na história popular, especialmente entre aqueles que moram na roça, é dia de chuva, a tradicional enchente das goiabas. Inclusive para quem conheceu a Folhinha de Mariana, lá sempre marcava dia chuvoso.
Eu que cresci em fazenda, adorava essa época do ano, para pegar goiaba e ver minha mãe, em uma trempe de tijolo armada no terreiro, em um tacho imenso de cobre fazer goiabada cascão. O cheiro da goiaba fervendo até vem aqui no meu nariz. E a gente sempre esperava a chuva chegar.
Como as coisas estão mudadas e o dia amanheceu ensolarado, achei que São José ia falhar e não choveria. Mas para minha surpresa, num é que choveu? Uma chuvinha mentirosa, “de sol com chuva, casamento da viúva e chuva com sol casamento de espanhol”, inclusive com direito a arco íris. Mas valeu São José!
Agora, para quem crê, não custa rezar um pouquinho pro santo e pedir que ele dê uma forcinha aí no céu, para que essa tal de pandemia vá embora logo. Para que ele toque no coração das pessoas, que elas acordem de seu egoísmo e obedeçam às medidas necessárias para evitar a propagação desse danado de corona vírus. Que cada um cuide de si para poder cuidar do outro. Que o poder público invista na saúde, na educação, nos institutos de pesquisas, nas universidades para que estejamos sempre preparados para esse tipo de emergência.
Que São José lembre às pessoas que ninguém é uma ilha. E como disse um autor anônimo que li na internet “Ou vivemos juntos como irmãos ou morremos todos juntos como idiotas”
Na roça antigamente, pois como já disse as coisas mudaram, nesta época do ano as goiabeiras ficavam lotadas de goiabas, especialmente à margem dos rios e ribeirões. Quando amadureciam caiam no chão e com a chuva do Dia de São José, que era sempre forte e com vento, mais frutas despencavam das árvores e eram carreadas pelas águas.
Normalmente eram as últimas chuvas do verão, talvez por isso também tem aquela frase as águas de março fechando o verão, que o compositor Tom Jobim aproveitou tão bem na canção Águas de Março, imortalizada na voz de Elis Regina.
Segundo as escrituras, São José é descendente da casa real de Davi, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo. Nos Evangelhos ele aparece na infância de Jesus.
São José estava noivo de Maria e, ao saber que ela estava grávida, decidiu abandoná-la, pois o filho não era dele.
Mas ele teve um sonho com um anjo que lhe disse que Maria ficou grávida pela ação do Espírito Santo, e que o menino que iria nascer era Filho de Deus, então, ele voltou atrás, se casou com Maria dedicou sua vida a cuidar do Menino Jesus e Maria.
O que para ele não deve ter sido fácil, pois a sociedade àquela época era muito mais machista do que é hoje. Mas José enfrentou todos os preconceitos.
E olha que legal essa música do Gilberto Gil em que ele cita o São José.
