* Por Carlos Felipe Horta
O lendário, a memória oral e a maravilhosa cultura do povo criaram e conservaram os seus nomes: Gaspar, Belchior e Baltazar: os três Reis Magaos. Cada um representando uma cor da humanidade.
E eles foram onde estava o Menino Nascido, levando-lhe presentes, ouro, incenso e mirra. Ouro, representando a natureza material, o símbolo da realeza de Jesus. O incenso, a natureza emocional, os desejos e anelos do ser humano. A mirra, a mente, a sabedoria, a alma e o sentimento de cada um.
O Evangelho conta tudo da viagem, mas não fala que os três não eram reis e sim magos, que viram a Estrela no Oriente e vieram adorar o Menino. Depois, alertados por um anjo para que não voltassem a Herodes, que estava desconfiado da história sobre o nascimento do rei dos judeus, retornaram às suas terras por outros caminhos.
Os reis magos, por sinal, cuja história posterior à visitação também não tem uma documentação concreta, continuaram gerando fatos como, por exemplo, de que os seus restos mortais estariam, na Catedral de Colônia, na Alemanha. Só mesmo lendário para explicar isso.
Esta fantástica história, em que a lenda se mistura com a crença e com os fatos relatados, originou no Brasil um dos folguedos mais representativos da nossa cultura popular, a Festa dos Reis.
Essa tradição, também chamada de Folia, em que Gaspar, Belchior e Baltazar, acompanhados de foliões, visitam presépios, lembram o episódio milenar, contam, em cada lugar a seu jeito, seu ritmo e seu estilo, tudo o que aconteceu. Em Belém ou Nazaré porque também sobre isso há dúvidas que a História não conseguiu elucidar até hoje
O folclore brasileiro, com toda a sua riqueza, acrescenta sempre mais “fatos” aos já existentes e isso em todo País. Em Minas, as folias estão em toda a parte e até o dia 6 de janeiro, grupos de foliões percorrem ruas e casas, visitando os presépios, levando, segundo a crença popular, alegria, felicidade e paz aos locais e às pessoas em que eles batem à porta.
E, diz a lenda, que cada pessoa pode trocar moedas com foliões, guardando as recebidas por todo o ano, em mais uma imagem simbólica da aura de bonança que os reis magos representam.
A Folia de Reis sairá em Santa Tereza no dia 5, domingo. As danças e brincadeiras do folguedo será, a partir de 19h, antes e durante a missa, na Igreja de Santa Tereza.
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Isto, aliás, está presente, igualmente, numa simpatia a se cumprir no dia 6 de janeiro. É a das sementes de romã que, a exemplo de outras crenças, também apresenta variações em cada parte.
A título de informação, colocamos aqui, hoje, a mais comum, que cada um dos amigos pode, se quiser e se acreditar, realizar.
Pegar nove bagos (sementes) de romã. Três delas deverão ser mastigadas, mas com as sementinhas sendo preservadas e enroladas numa nota de papel moeda que, posteriormente, precisará ficar em nossa carteira ou bolsa até o próximo ano, quando deverá ser dada a uma pessoa pobre em especial.
Três outras sementes, sem serem mastigadas devem ser lançadas para trás, enquanto a pessoa reza: “Benditos Gaspar, Belchior e Baltazar, como a Jesus vocês foram ouro, incenso e mira ofertar, também peçam ao Senhor que nada nos venha faltar”.
As outras sementes devem ser atiradas para frente.
Como não custa nada fazer, por que não experimentar? E como muita gente faz, explica-se a razão de uma romã, nesta época do ano, custar tão caro em toda a parte.
*Carlos Felipe Horta, colaborador voluntário do Santa Tereza Tem, é jornalista e estudioso das cultura popular brasileira.