Ateliês de Santê: índios, passáros, natureza de Arthur Ribeiro - Santa Tereza Tem
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Ateliês de Santê: índios, passáros, natureza de Arthur Ribeiro

O artista plástico Arthur Ribeiro, 29 anos, morador de Santa Tereza relembra que desde pequeno, a arte entrou em sua vida, quando ficava olhando sua mãe, Ângela fazer trabalhos para a escola onde lecionava e as pinturas nas paredes dos quartos da casa.

Arthur Ribeiro criando no muro da Escola Emplo na rua Silvianópolis

Logo, o garoto Arthur pegou no lápis e começou a desenhar. Ele conta que, “um dia entediado na sala de espera do dentista, peguei um papel e desenhei uma águia que estava em um livro de animais. No outro dia, minha mãe me entregou um quadro desenhado de Van Gogh, tintas e pinceis com instruções como pintar”.

Seus pais, percebendo este dom, passaram a incentivá-lo. “ A arte sempre fez parte da minha casa. Meus pais gostam muito de música e arte em geral e me deram muita força. Coisa que não é muito comum, pois geralmente os pais imaginam outras profissões mais rentáveis para os filhos. Na minha casa foi o contrário”, comenta.

Ao terminar o terceiro ano do ensino fundamental, Arthur entrou para a Escola Guignard e se formou em pintura, fotografia e litogravura (gravura em pedra), aproveitando ao máximo o que lhe era oferecido. Entretanto, o artista observa que “a escola não prepara bem o aluno para o mercado de trabalho, que não é muito rentável.  A gente sai meio sem saber onde ir, fica meio perdido e tem de ir se adaptando”.

Indígenas, florestas e animais

 Esses elementos são o forte de sua pintura. Segundo Arthur, “o folclore e nossas raízes brasileiras estão muito ligados à cultura indígena, que merece nosso respeito. Deveríamos ter orgulho deles, afinal eles são o nosso início e eram os donos da terra antes da colonização”.

Ele ressalta que “na pintura, exponho impressões e expressões das múltiplas cores do universo tropical, incorporando elementos da nossa brasilidade.”

O artista também tem apreço pela figura humana e prazer em trabalhar a expressão do rosto, especialmente de crianças.

Utilizando a técnica da pintura acrílica sobre tela e madeira, ele faz o seu próprio material de trabalho. “Eu pego as madeiras que as pessoas jogam fora, compro o tecido e preparo. Faço o trabalho de marcenaria, o acabamento para gerar um produto final. Além disso, busco dar vida à árvore que foi cortada, aproveitando sua madeira”.

Nos últimos tempos Arthur também vem expressando por meio da escultura em criações, que segundo ele, “são objeto de pesquisas da expressividade da figura humana em forma, fôrma, rústica e volúpia”.

Escultura

Sobre a influência de grandes mestres da pintura, ele explica que “gosto muito de Portinari, especialmente da forma como ele divide a tela, independente do que está representado. É uma linha que cruza tanto o fundo como a imagem em primeiro plano em diferentes cores. Longe de mim parecer com Portinari, mas sinto sua influência em meus trabalhos e também de Guignard”.

Sobre como sobreviver com a arte, Arthur comenta que “hoje está meio complexo. Já houve épocas melhores. Por exemplo, durante um tempo dei aula de pintura para crianças e adultos, o que me dava uma estabilidade financeira.  Mas no momento, com a situação econômica atual muitos alunos saíram e as aulas diminuíram, apesar de continuar aberto a novas inscrições.  Diante disso, estou me readaptando e aproveito o tempo livre para produzir mais. Com essa produção, vou buscar áreas externas para expor e divulgar meu trabalho”.

A música é também seu foco nos instrumentos musicais

Aulas no ateliê

Arthur segue também os passos de sua mãe que era professora.  “Gosto de dar aulas, passar o conhecimento pra frente. No meu estúdio, dou aulas de arte para pessoas de qualquer idade, desde crianças, a adultos e pessoas mais idosas. Faço todo um treinamento do desenho, do olhar, da pele, da paisagem, do céu, buscando ampliar a visão dos alunos, o que favorece a um desenvolvimento mais rápido ”, segundo ele.

De acordo com o artista, “a pintura, como a arte em geral, dá um viés muito seguro de transmitir um sentimento, a emoção. É um caminho, onde a pessoa pode expressar seu sentimento, que muitas às vezes está agarrado em seu interior.  É uma forma de terapia, é como se deixar a mente livre do pensamento, permitindo que você consiga enxergar e externar as emoções.  No caso das crianças, especialmente trabalhar a arte é importante porque, atualmente, elas estão sendo tolhidas e minadas em sua criatividade pelo virtual gerado pela tecnologia dos celulares, jogos e computadores. Durante uma aula de pintura a criança vem para o real”.

Arthur Ribeiro

Exposições

Arthur já participou de algumas exposições em galerias alternativas e uma mostra individual, “Alma da Natureza”, na galeria do Fórum Lafaiete. Segundo ele, o seu foco no momento é se aproximar das galerias e participar de editais de leis de incentivo.

Uma das suas preocupações é criar uma linguagem própria em que as pessoas possam identificar o seu traço, sem ver sua assinatura e poder dizer: “olha isto é obra do Arthur. Preocupação essa, que ele não precisa ter pois seus trabalhos, que podem ser vistos aqui em Santa Tereza, no muro da Escola Emplo, na Rua São Gotardo e na Rua Silvianópolis, definem bem a sua linha.

Arte urbana em Santa Tereza

Arthur tem paixão pelo bairro, no qual cresceu e se considera um privilegiado. “Gosto da questão histórica de Santa Tereza, dos casarios, os alpendres, as portas antigas e de retratar isso. Morar em santa tereza, é um privilégio, por várias razões, entre as quais, a tranquilidade. Posso andar pelas ruas à noite, vir da praça a pé para casa. Fico chateado com o corte das árvores, mandam cortar para o passeio ficar reto, alegam que sujam a rua. Mas as árvores têm um papel essencial na cidade, refrescam, atraem passarinhos, ajudam a diminuir o barulho”.

Arthur tem algumas obras pelo bairro para quem quiser ver de perto o seu trabalho. No muro da Escola Emplo, na Rua Silvianópolis e virando na Rua São Gotardo e o mais recente, na Estação do Metrô de Santa Tereza.

Essa sua paixão o levou a apresentar ao Patrimônio Histórico um projeto, que já está aprovado, para pintar o pórtico da Praça Duque de Caxias. “Ainda não tem data para fazer o trabalho, mas não vai demorar. Estou também buscando outros pontos de Santa Tereza para criar um circuito de pintura no bairro. Eu participei do projeto Gentileza e fiz um trabalho no antigo muro da Escola Pedro Américo, hoje Emplo, onde retratei a igreja, o viaduto e a música do bairro”.

Quem quiser conhecer pessoalmente sua obra ou tomar aulas de pintura é só ligar para 98401.8698.
Instagram @arthur_ribeiro_arte

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