O músico José Antonio Gonzaga, mais conhecido como Joca Gonzaga, apesar de morar no Horto, não sai de Santa Tereza. “Aqui já faz parte da minha vida. Nasci no Horto, mas fui batizado na Igreja de Santa Tereza. Estou sempre em Santê, onde tenho muitos amigos e atualmente toco no Bar do Pedro, aos sábados, com o programa FURDUNÇO MUSICAL DO JOCA. . Então faço parte daqui”, comenta ele.
O apelido Joca é herança da infância, das brincadeiras de polícia e ladrão, quando era sempre o major. De major, passou para Jo e daí pra Joca. Coisas de crianças. “Minha infância foi uma das melhores épocas da vida”.
A música faz parte de sua história desde sempre. Ele conta que “caçula de 10 irmãos, lembro sempre do violão do meu pai, Agenor Gonzaga, e dos discos que ele escutava, principalmente Luis Gonzaga. Meu irmão mais velho, também Agenor, gostava muito de música. Assim, fui influenciado por eles. Na adolescência tive minha primeira banda e, como meu pai era marceneiro, ele fez os instrumentos”.
Sobre as influências dos grandes mestres em suas composições, ele comenta que tem um pouco de tudo que ouvia quando garoto, da bossa nova, do frevo, do rock e do samba. “Minhas maiores influências musicais são os Beatles e Alceu Valença. Os dois pelo mesmo motivo: compuseram e gravaram em todos os estilos populares. O “álbum branco” dos Beatles é uma verdadeira aula de estilos. O álbum “Coração bobo” do Alceu é uma verdadeira aula de estilos brasileiros. Na minha adolescência ouvi estes discos até furarem – e toda a obra deles”…
Essa mistura de estilos, ele coloca em suas composições. “O que eu gosto é ir trabalhando na alma aquilo que me toca e, nas canções, acabo dando uma visão própria.” As composições são muitas e Joca está preparando-se para mostra-la ao público em seu primeiro CD.
“Furdunço Musical do Joca”
O Furdunço Musical do Joca é uma festa que bate ponto todos os sábados à noite, a partir da 19h, há vários anos, no Bar do Pedro ( Rua Quimberlita, 246 – Santa Tereza). Segundo Joca, “o boteco mais democrático, sede da boemia da nossa confraria, onde quem levar “PazE Amor”, entra “. Ele explica que “é uma festa regada a boa música, sem pagode-corno-mauricinho, sem funk-podrão-baixo calão e sem sertonojo-universo-otário.”.
A banda sempre presente é “JOCA & THE JOOCS”, um grupo mutável, que tem como capitão e “núcleo duro”, o Joca, claro, que tem um banquinho disponível pra todo musico que chegar. “Os músicos vão aparecendo, se ajeitando e tocando. É parecido com um programa de rádio”, comenta o capitão.
Música na escola
Além da música, para ganhar a vida, ele é concursado da prefeitura e responsável pela Biblioteca da Escola Municipal Fernando Dias Costa, no bairro Taquaril, na zona Leste, para onde levou com ele a música. Junto com a cantora e professora do Educação de Jovens e Adultos (E.J.A.), Márcia de Cássia Gomes, e apoio da direção, Joga criou o Grupo Vocal Ser Eja com os estudantes do curso noturno da escola. Como o grupo foi criado este ano, estão em fase de ensaios, preparação vocal e repertório para em breve começar as apresentações públicas.
Joca diz que participar do grupo é uma forma dos alunos encontrarem na arte motivação para superar as dificuldades da vida, do trabalho e do estudo, tendo como meta o desenvolvimento de várias habilidades adormecidas. “É comprovado por cientistas que a prática musical favorece a construção do conhecimento, pois fomenta a formação de novas sinapses. Trazendo para o popular, o velho ditado continua valendo: “Quem canta, seus males espanta”, ressalta ele.
Cultura de Boteco
Botequeiro inveterado em suas andanças pelos bares da vida, junto com o amigo Márcio Corrêa Teixeira, colecionou frases, fatos, piadas e histórias ouvidas e vistas nos botecos por eles frequentados. Daí resultou o livro Cultura de Boteco com Ilustrações de Faco, Glauson Madalena e Sandro Miler e colaboração de amigos.
Algumas pérolas do livro:
“O consumismo é uma religião, o templo são os shoppings centers”.
“Se pé de coelho desse sorte, não haveria tantos coelhos aleijados”.
“A pior reação em cadeia é a fuga dos presos”.
Na Praça Duque de Caxias, Joca Gonzaga mostra sua composição, Aldeia, feita em 1977.
