Desde 2014, as ruas de Santa Tereza são tomadas dois bonecos gigantes, que fazem a festa dos foliões ao som de uma animada bateria. É o Bloco Maria Baderna pedindo passagem. Este ano, como já se tornou tradição, o Maria Baderna vem pra Santa Tereza, no dia 28, a partir das 14h, com saída à Rua Ângelo Rabelo, seguindo pela Rua Mármore até a Rua Bocaiúva, onde acontece a dispersão.
O Bloco surgiu em 2013, na cidade de Contagem, durante o evento “Corredor da Baderna Cultural”. O evento foi criado por artistas e ativistas sociais, que na época foram tachados de baderneiros por representantes do poder público local após realizarem atos que reivindicaram melhorias nas políticas públicas para a área cultural da cidade. Esses “baderneiros” resolveram, então, homenagear e resgatar a origem da palavra “baderna”, que é exclusiva do português do Brasil e faz referência à bailarina italiana Maria Baderna.
Em fins do século XIX, quando da vinda de uma companhia de dança italiana à então capital do país, Rio de Janeiro, a dançarina principal era a senhorita Marietta Maria Baderna. Moça talentosa, mas de espírito rebelde e contestador, recebeu grandes críticas ao introduzir entre os passos da dança clássica gestos do lundu, dança afro-brasileira praticada por escravos e forros perseguidos pelas autoridades na época. Em meio à polêmica de que Maria Baderna estaria corrompendo a juventude brasileira, aqueles que defendiam sua arte passaram a ser estigmatizados de baderneiros. Seriam eles os primeiros “baderneiros” da história do Brasil.
O primeiro desfile do bloco Maria Baderna foi em 2014, em Contagem e em Belo Horizonte, em Santa Tereza. Segundo a integrante do bloco, Camila Polatscheck, o intercâmbio cultural entre Contagem e Belo Horizonte tem se mostrado bastante frutífero, estabelecendo uma troca rica entre os blocos, com a colaboração e integração de membros e estética.
Camila ressalta que no bloco a participação popular de forma horizontal é intensa, por meio de reuniões organizativas, oficinas de criação de figurinos, adereços e instrumentos, ensaios abertos, sempre em praças públicas com a participação aberta ao público de todas as idades, de forma gratuita e democrática”.
As atividades do bloco são realizadas durante todo o ano e se intensificam de setembro a março. Uma das atividades de destaque é o Corredor da Baderna Cultural, com diversas atrações artísticas e oficinas gratuitas e o Baile de Máscaras, feito sempre no pré-carnaval, em Contagem.
O repertório do bloco apresenta músicas autorais e populares, com canções em referência a temas sociais, políticos, carnavalescos, além de suas fantasias, máscaras e o boneco habitável “Maria Baderna” junto com mais quatro bonecos cabeçudos de origem Moçambiquenha, convidando o público a fazer uma calorosa, crítica e saudável baderna!
Programação 2019
Fotos: Eliza Peixoto