Em Audiência Pública sobre o Museu da Imagem e do Som (MIS) e o Museu de Arte da Pampulha (MAP), realizada na Câmara Municipal na última segunda-feira, 15 de maio, vereadores, poder público e sociedade civil discutiram a atual situação dos equipamentos culturais. O Plenário Helvécio Arantes ficou lotado durante toda a sessão, que durou de 19h às 22h.
A proposta de transferir a sede do MIS, instalado desde 2008 em um casarão tombado pelo Patrimônio Histórico, à Avenida Álvares Cabral, 560, para o imóvel do Cine Santa Tereza, também protegido pelo Patrimônio, à Rua Estrela do Sul, 89, foi defendida por representantes da Fundação Municipal de Cultura (FMC). Os representantes do executivo, Paulo Lamac e Adriana Branco, foram convidados para a audiência e não compareceram.
Simone Araújo, presidente em exercício, e Yuri Mello Mesquita, diretor dos Museus da FMC, apresentaram anteprojeto arquitetônico que demonstra como seria feita a distribuição dos setores do Museu no Espaço Multiuso do cinema, que tem 140 metros quadrados de área e 6,6 metros de altura. Atualmente ele é usado para receber exposições, mostras de artes integradas e eventos da comunidade. Como o Santa Tereza Tem antecipou, na reportagem de um ano do MIS Cine Santa Tereza publicada em abril, o edital de ocupação para o espaço multiuso do MIS Cine Santa Tereza seria publicado no final de maio para receber propostas artísticas. Com a decisão do executivo pela transferência, o trâmite foi suspenso.
“No primeiro momento que tomamos conhecimento da proposta, achamos que não caberia todo o acervo e as atividades do Museu no multiuso do Cine Santa Tereza. Mas infelizmente somos obrigados a dizer que cabe sim, é uma questão métrica”, afirmou Simone Araújo no início da discussão, postura que ela reviu ao final da audiência, após ouvir graves críticas e denúncias da platéia à proposta.
O projeto de transferência prevê a construção de um mezanino metálico no espaço multiuso do cinema, gerando dois andares para instalação de salas de conservação e de reservas técnicas do acervo. “A estrutura metálica permite dobrar a capacidade do espaço sem interferir na edificação original, que é protegida pelo Patrimônio Cultural da cidade”, explicou Yuri Mello Mesquita. Ele também afirmou que todo o acervo tridimensional – vídeos, fotos, objetos – e equipamentos como a Moovieola (de edição e visualização de películas) serão incluídos. Já o mobiliário e o sistema de climatização serão adaptados. “O estudo preliminar aponta que é possível abrigar todo o acervo e manter as atividades do Museu, com possibilidade de expansão. Firmamos o compromisso de que absolutamente nada sairá do MIS enquanto não houver condições ideais em outro espaço, antes que todos os critérios técnicos sejam atendidos, preservando a integridade do acervo e da equipe”, afirma o diretor.
Do outro lado da mesa estavam as servidoras Siomara Faria e Marcela Rodrigues, do MIS, Luciana Bonadio e Ana Karina, do MAP, João Bosco Alves Queiroz, da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), e Marcelo Braga, profissional e pesquisador de audiovisual que dedicou seu mestrado ao estudo sobre o CRAV/MIS. Da parte dos parlamentares estavam os vereadores Arnaldo Godoy, que presidiu a sessão, Pedro Patrus, Cida Falabella, Gilson Reis e Gabriel Azevedo. Todos contra-argumentaram e se declararam contrários à proposta de junção dos dois espaços do MIS.
Ocuparam a plenária diversos profissionais do setor audiovisual, ex-funcionários do CRAV (Centro de Referência do Audiovisual), museólogos, profissionais de conservação, professores e estudantes dessas áreas, moradores de Santa Tereza, membros do movimento Salve Santa Tereza, das comissões locais e dos conselhos de cultura da cidade, que não foram consultados para formulação da proposta e reivindicavam serem ouvidos.
As falas contrárias foram incisivas ao criticar a decisão da prefeitura de querer desinstalar um equipamento público com condições favoráveis à preservação do acervo e da realização de atividades de formação e de conservação das peças, para dar espaço à Associação Municipal de Assistência Social (AMAS), cuja presidente é a esposa do prefeito Alexandre Kalil, Ana Laender. Sobre o MIS Cine Santa Tereza, a plenária alertou para: a perda do espaço para mostras e exposições; a mudança de perfil, de exibição / difusão do Museu, para guarda e preservação do acervo; e o desrespeito à Comissão Local, formada como esfera de participação popular na gestão do equipamento, por reivindicação da comunidade.
Após a escuta, a presidenta da FMC repensou a viabilidade da proposta: “O que apresentamos foi um anteprojeto feito em tempo recorde, ficou pronto hoje. Viemos para apresentá-lo, e, diante de todo o exposto, não temos defesa. Nosso papel é representar a FMC e a PBH, fazendo o exercício correto da escuta à população. Fizemos uma primeira conversa com servidores do MIS, no dia seguinte ao anúncio do investimento, e já foi bastante intempestiva, por eles não terem sido envolvidos na discussão sobre a transferência da sede, devido ao curto prazo que tivemos para atender a demanda do executivo. Destaco que não há absolutamente nada definido ainda e eu voltarei com muita tranquilidade para repassar os questionamentos ao prefeito e pedir que ele reconsidere a proposta”, declara Simone Araújo.
Quanto ao Museu de Arte da Pampulha (MAP), que teve sua edificação incluída no Conjunto Arquitetônico da Pampulha que tornou-se Patrimônio da Humanidade no ano passado, houve denúncias de mal condicionamento do acervo, falta de orçamento para manter o equipamento e realizar exposições, equipes desfalcadas e não realização de concursos públicos ou chamamento para preenchimento de vagas. Representantes da FMC também se comprometeram em levar as queixas ao executivo e buscar soluções.
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