O grupo de senhoras cantadeiras, Meninas de Sinhá, está comemorando 20 anos de cantoria e alegria. Como parte da programação dos festejos, no dia 8, quinta-feira, será exibido no MIS Cine Santa Tereza, às 17h, o documentário “Daqui do Alto” sobre o grupo, criado no bairro Alto Vera Cruz. Logo depois, às 19h, as Meninas sobem ao palco e fazem o show Balaio de Sinhá.
Pra quem não conhece vamos contar um pouco da história do grupo, que atualmente é formado por 22 mulheres, entre 54 a 97 anos, que tem no repertório cantigas de roda, brincadeiras e músicas próprias. Além de cantar em shows, elas levam música e alegria a hospitais, creches, penitenciárias e asilos e se em envolvem um trabalho sociocultural onde vivem. El
Maria Geralda Santos, 76 anos, aposentada, e uma das primeiras participantes, conta que “tudo começou com minha amiga Valdete (Valdete Cordeiro Silva). Ela ia para o trabalho e passava pelo posto saúde e via as mulheres saindo com sacolinhas de remédio e pensava: elas não estão doentes, precisam é de levantar a autoestima. Então convidou todo mundo a se encontrar no Centro Cultural do bairro. Aos poucos o grupo foi crescendo e começamos a fazer tapetes. Mas isso era pouco”.
A partir daí, Valdete (1938 a 2014) fez aulas de expressão corporal, ensinou para as amigas e fizeram a primeira apresentação, do que se chamava então, “Lar Feliz”, no próprio bairro. Foi um sucesso. “A gente tinha medo de ser vaiada, porque o público era só de jovens. Mas não, eles aplaudiram e nos abraçaram”, conta ela.
Animadas decidiram mudar para um nome mais artístico “Meninas de Sinhá” e começaram também a cantar. “Nem sei como chegamos aqui. Agora somos artistas. A sementinha que Valdete plantou, cresceu e agora estamos regando a arvorezinha, que ela nos deixou”. Valdete faleceu em 2014, é amada e lembrada não só por suas “meninas”, mas por toda comunidade do Alto Vera Cruz, onde era importante liderança comunitária.
Geralda agora também é atriz e conta que “a peça “Mãe, raiz do morro” tá bombando, lá na Casa do Beco, no Santa Lúcia. Graças a Valdete virei mesmo artista”.
Mariinha, 78 anos, diz que sua vida mudou depois de virar “Menina”, em 2001. “Achei que era uma brincadeira, não achei que a gente ia tão longe. Já gravamos o CD Tá Caindo Fulô, Na Roda da Vida e um DVD. Eu hoje toco zabumba, pandeiro, aprendo violão, aprendi a bordar, fazer fuxico e estou na alfabetização. Eu sei ler, mas é pra aperfeiçoar a letra” comenta ela entusiasmada.
Outra coisa destaca Mariinha é: “aprendemos a importância da união, do respeito ao outro e do companheirismo pra conseguir as coisas que queremos”.
Sueli Avelino, 61 anos, é uma das mais novas integrantes e para ela a harmonia, o companheirismo e a seriedade do grupo são responsáveis pelo sucesso.
Pretinha, (Maria da Conceição de Paulo), 52 anos, conta que o fato de reunirem para ensaiar e fazer as oficinas na sede do grupo acaba como a solidão e traz a alegria. “Por isso somos tão alegres”.
Dorvalina de Oliveira, 65 anos, entrou para o Meninas por necessidade. “Sofria de depressão e vivia a custa de remédios. Depois de seis meses no grupo fiquei curada e me dei alta. Achava que a gente não devia morar em favela, hoje vi que onde moro é o melhor lugar do mundo. Eu não vivia antes, agora sim”.
A acordeonista Nilsa de Souza, 67 anos, viveu uma experiência com o grupo que lhe marcou pra sempre. “No Hospital da Baleia, a gente apresentava para os doentes da hemodiálise. De repente, eu estava tocando e um rapaz morreu ali, na hora. Sofri um choque, mas como se diz o show não pode parar. Depois voltamos a tocar para alegrar os outros doentes. Sempre me lembro disso”, relata a artista.
Há 13 anos no grupo, Joana D`Arc Coutinho, 55 anos, comenta sobre as viagens ao Jequitinhonha, Curitiba e outras cidades, onde são sempre bem recebidas e deixam muitas amizades.
A gestora cultural do grupo, Patrícia Lacerda, comenta que, além de fazer shows, as “meninas” têm aulas de canto, bordado, flauta, musicoterapia e nove delas fazem o curso de alfabetização.
Ela, que cuida da logística, dos projetos culturais, que permite o grupo se manter, e do bem estar da turma, ressalta que “Valdete promoveu o encontro dessas mulheres e uma transformação social feminina reconhecida por todo o Brasil. Seu exemplo de perseverança e amor nunca serão esquecidos, pois as Meninas de Sinhá se tornaram guardiãs do seu legado e nestes 20 anos juntas, são a prova viva de que “quando o povo se une as coisas dão certo”.
Meninas de Sinhá no MIS Cine Santa Tereza
Data: 8 de dezembro
17h – Sessão Cinema comentado com o Documentário Daqui do Alto – MIS Cine Santa Tereza
19h – Show Balaio de Sinhá – MIS Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89 – Santa Tereza (ao lado da Praça Duque de Caxias)
Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço.
02 A 17 /12 – Exposição Cantar é Viver! 20 anos de Meninas de Sinhá, no Centro Cultural Alto Vera Cruz (Rua Padre Júlio Maria, 1.577), de 9h às 17h –
Dia 08/12
8h às 10h – Missa em ação de graças – Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Rua Desembargador Bráulio, 978 – Alto Vera Cruz).
17h – Sessão Cinema comentado com o Documentário Daqui do Alto – MIS Cine Santa Tereza
19h – Show Balaio de Sinhá – MIS Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89 – Santa Tereza (ao lado da Praça Duque de Caxias) – Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço.
10/12 – Dia da Gratidão (barraquinhas, brincadeiras, oficinas, exposição, shows e homenagens), na Praça Padre Marcelo em frente ao Posto de Saúde – Alto Vera Cruz.
Oficinas interativas:
9h as 11h – Oficina Cabelo Meninas de Dora
9h as 11h – Oficina de Cordel e Xilogravura com Olegário Alfredo da Silva
9h às 16h – Oficina: Brinquedos e brincadeiras tradicionais da infância brasileira com os brincantes Roquinho e Faria
9h às 16h – Divina Mata – Flor i Cultura
14h às 16h – Trupe Gaia – Intervenções Circenses
12h – Arautos da Poesia – desempenho poética e cantoria de crianças de Sabará.
12h30 “A Tecnologia do Abraço” com o matuto “Brasilêro Sebastião”, pelo poeta e empreendedor: Nuno Arcanjo”
13h – Contação de história com Aguida Alves e Eri Alves
13h40 – Ephigênia Lopes e Grupo Seresteiros do Alto
14h20-Coral (Apresentação do Projeto de oficinas 20 anos)
15h – Coletivo Couro Encantado
15h40 – Entrega da placa em homenagem à Lei instituída Dia Municipal da Mulher Negra Dona Valdete da Silva Cordeiro
16h – Performance com Marilda Cordeiro e Gal Duvalle
16h30 – Show com Meninas de Sinhá
18h – Priscila Magella
19h – Folia de Reis de Doutor Campolina (Jequitibá)
20h – Leri Faria – Show CD Nosso e outras canções
21h – Show com Rubinho do Vale
Encerramento
11/12 – 9h
Auto de Natal (Cortejo com foliões, desfiles e cantoria homenageando a chegada do Natal) – Coordenação Geral do Auto de Natal – Roquinho Soares.
O cortejo musical consiste numa representação do nascimento do Menino Deus, faz parte dos Autos tradicionais da cultura brasileira e acontece no Alto Vera Cruz há 20 anos e tem por propósito não envolver cunho religioso, mas, colocar em evidência e em pauta a infância e sua ludicidade, atuando em favor da mesma.
Local: Saída do Centro Cultural Alto Vera Cruz – Rua Padre Júlio Maria, 1577, esquina com Rua Desembargador Bráulio.
Participação dos artistas violeiros: Wilson Dias, Joaci Ornelas, Trupe Gaia, escolas e projetos sociais na comunidade.
Informações:
(31) 3468-2336 // 3434-7148 // 99243-3291 // 98862-0937