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Futuro do Mercado de Santa Tereza

Futuro do Mercado de Santa Tereza divide opiniões no bairro; Fiemg recua e o espaço passa a ser protegido pelo Patrimônio Cultural

Vista externa do Mercado

Vista externa do Mercado

Depois de quase oito anos desativado pela prefeitura, o destino do antigo Mercado Distrital de Santa Tereza ainda é desconhecido pelos moradores. No entanto, há duas novidades que podem mudar o cenário de abandono do local. A primeira é que a edificação foi incluída na Proteção do Conjunto Urbano do Bairro Santa Tereza, aprovada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, no dia 4 de março de 2015. Isso significa que a edificação, já em processo de tombamento, está protegida pela Diretoria de Patrimônio Cultural do município. A segunda é que a Federação das Indústrias de Minas Gerais – Sistema Fiemg / SESI / SENAI desistiu de construir lá uma escola industrial. 

A partir da proteção pela Diretoria do Patrimônio Cultural, o Mercado passa a ser de responsabilidade deste órgão, que é ligado à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Até o fechamento desta reportagem, o Santa Tereza Tem não conseguiu falar com um responsável para verificar se já existe um plano de destinação do espaço. Em contato com a Fiemg, também não conseguimos entrevistado, mas recebemos a informação: “O Sistema Fiemg não vai mais investir em Escola em Santa Tereza”, afirmou Trajano da Silva Raposo, gerente de comunicação da Fiemg. 

Se por um lado a Prefeitura de Belo Horizonte ainda não formalizou proposta, representantes dos moradores do bairro Santa Tereza planejam o futuro do Mercado. Confira abaixo! 

Propostas para o Mercado 

Karine Carneiro

Karine Carneiro

O Salve Santa Tereza, movimento social formado por moradores, critica duramente a Fiemg pelo projeto de instalação de uma escola industrial no Mercado, assim como a cessão de uso pela Prefeitura. “A proposta abriria um precedente de flexibilização à ADE (Lei da Área de Diretrizes Especiais), que protege o bairro contra a instalação de grandes empreendimentos. Pela ADE, uma escola poderia ter até 400 metros quadrados, mas houve a flexibilização para permitir a instalação da escola da Fiemg, que seria de 2 mil metros quadrados”, explica Karine Carneiro, arquiteta e membro do movimento. 

O Salve Santa Tereza elaborou o “Projeto Mercado Vivo” de destinação para o Mercado Distrital e, ao longo de 2013 e 2014, realizou ações para divulgar o projeto à comunidade e para pressionar a Prefeitura e a Câmara Municipal a implementarem-no. “Discutindo as necessidades em conversas e consultas a moradores, definimos quatro eixos de propostas para a ocupação do Mercado Distrital de Santa Tereza: Comercial – bancas de hortifrutigranjeiros, padaria, supermercado e farmácia; Serviços: correios, caixas eletrônicos e espaços para reuniões de associações, movimentos sociais e culturais; Lazer e convivência: pequenos cafés, restaurantes e lanchonetes, espaço para mostras artísticas e culturais; Formação profissional: oferta regular de cursos profissionalizantes, conforme as potencialidades artísticas e gastronômicas do bairro; Programação de oficinas de arte e artesanato: para moradores, inclusive crianças e jovens, e estudantes das escolas integradas da rede municipal”, pontua Karine. 

“Uma nova definição que incorporamos recentemente ao projeto é a de transformar o estacionamento do Mercado em uma praça aberta, sem barreiras como muros. A ideia é contribuir para a preservação do meio ambiente e acesso da população à áreas verdes da capital, visto que é possui muitas árvores”, acrescenta. 

A Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), que é a representante oficial da comunidade,  compartilha do mesmo projeto, como explica a escritora e integrante, Ana Leonel: “Nossa proposta é a de ocupar o Mercado com atividades afins às demandas do bairro. Desejamos que ele se torne um espaço vivo, aberto à convivência, com gestão compartilhada entre o poder público e a comunidade. Ao mesmo tempo em que inclua serviços como lojas e agências bancárias, deve garantir espaço para exposições, ensaios e apresentações de grupos, cooperativas e companhias artísticas de Santa Tereza”. 

Luis Góes

Luis Góes

Representando a Associação dos Amigos do Bairro Santa Tereza (Amist), o jornalista Luis Góes defende outra proposta de a área se tornar Sede dos escritórios da Regional Leste da Prefeitura de Belo Horizonte e parte do espaço ser ocupado por serviços como correios, loteria, farmácia e um posto da Guarda Municipal, por meio do aluguel de lojas.

Segundo Góes, a proposta foi compartilhada com o secretário da Regional, Élcio Matos da Costa, que demonstrou apoio, mas deixou claro que a transferência só poderia ser executada caso a decisão fosse tomada pelo prefeito Márcio Lacerda. “A prefeitura deixaria de pagar cerca de R$ 100 mil de aluguel na Floresta (onde funciona atualmente a sede da Regional) e os servidores teriam mais conforto e estacionamento. A proposta é boa para a prefeitura e para a comunidade. Para que este novo projeto ganhe força, estou convocando moradores, veículos de imprensa, igrejas e associações do bairro para unirem-se junto a mim nessa empreitada!”, relata Luis Góes. 

Elson matos da coElson Matos, secretário da Regional Lestesta

Elson Matos, secretário da Regional Leste

Os escritórios administrativos da Regional Leste hoje ocupam um prédio comercial na Rua Lauro Jacques, próximo à avenida Contorno, no bairro Floresta. São cerca de 40 gerências, que prestam atendimento ao público, e mais de 200 servidores. O secretário regional, Elson Matos da Costa, não quis se manifestar acerca da proposta exposta por Luis Góes, já que ela não foi formalizada junto ao órgão, e declarou: “O objetivo a princípio é transformar o antigo Mercado Distrital de Santa Tereza parcialmente em escola profissionalizante, em parceria com a Fiemg. A Regional Leste desconhece uma possível desistência por meio da Federação e não recebeu formalmente nenhum outro projeto para o local”.

Reunião sobre o Patrimônio 

Por iniciativa da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura, fará uma reunião pública de apresentação da proteção do Conjunto Urbano Bairro Santa Tereza. Na ocasião, serão apresentadas as diretrizes de proteção para a área e prestados esclarecimentos por profissional da Diretoria do Patrimônio Cultural do município. O encontro será na próxima quarta-feira, dia 25 de março, de 19h às 22h, no Clube Oasis – Rua Salinas, 1.993, Santa Tereza. 

Acompanhe, aqui no Santa Tereza Tem, notícias sobre o bairro Santa Tereza.

 

CORREÇÃO

Informamos que está errada a afirmação contida no segundo parágrafo desta matéria: A partir da proteção pela Diretoria do Patrimônio Cultural, o Mercado passa a ser de responsabilidade deste órgão, que é ligado à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

O correto é que a Diretoria de Patrimônio Cultural não possui nenhuma responsabilidade na gestão do Mercado Distrital. Cabe ao órgão, por meio do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, avaliar o projeto arquitetônico e orientar as diretrizes de proteção a serem seguidas em caso de intervenções.

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