Quem passa, à noite, pela Rua Gabro, entre Mármore e Eurita, pára para admirar a decoração de Natal, que colore e ilumina com suas luzes uma antiga casa no quarteirão. É a residência da família de Vânia Lúcia Santiago, que há anos, já até perdeu a conta, decora com esmero o local.
Ela fala rindo, que se recorda, quando criança, dos pais preparando a ornamentação natalina, na casa onde morava a família, em frente à atual, que deu lugar à um prédio. O único ano que passou em branco relembra, “quando papai faleceu, há cinco anos, no dia 20 de dezembro. Não tinha clima”.
A decoração não fica só na parte externa, mas também no interior da residência, com dezenas de Papais Noéis dependurados no lustre, nas paredes e portas, cortinas e ocupando a mesa de jantar junto com bonecos e outros mimos.
Na porta de entrada, o bom velhinho é gigante e divide o espaço com vasos de plantas e muita luz. A porta de um dos quartos mostra que ali dorme um atleticano, com escudo do time mineiro ao lado do Papai Noel.
O presépio e a árvore têm um lugar privilegiado na sala em meio a bolas coloridas, flores e lâmpadas brilhantes. A árvore que vai do chão ao teto, é feita de um galho natural recolhido na Mata da Baleia. Vânia pintou tudo de branco e ornamentou com bolas vermelhas.
A coleção de ornamentos, principalmente de Papai Noel, aumenta a cada dia. “Sempre que sabemos de uma novidade, eu e minhas irmãs, Elaina e Mara, corremos para comprar. Os amigos também nos presenteiam. Apesar de levarmos dois dias para montar tudo, com a ajuda também do meu marido, Alberto, acho que está incompleto, porque sempre tem um enfeite novo para colocar.” Assim, como no ditado, quem conta um conto aumenta um ponto, a obra vai crescendo a cada ano.
Vânia, que já fez curso de decoração, diz que, além de manter a tradição, gosta de “inventar moda” e não mede esforços e para isso até já subiu no teto. Em uma dessas escaladas, no ano passado acabou caindo e machucando o braço. Mas não se importa, pois como escreveu o poeta português Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.”
Morando em Santa Tereza, desde sempre, ela não esconde seu amor pelo bairro. “Sou apaixonada por este lugar e esse jeito interiorano de ser, onde os vizinhos estão sempre conversando, se cumprimentando e cuidado um do outro.
Quando um viaja, o outro toma conta da casa dele. Neste banco de pedra, aqui no portão, a gente senta e conversa com um e outro que passa pela rua,” comenta ela.
E assim, quando acabam as festas de final de ano, vem o trabalho de desmonte e ficar no aguardo de passar o ano, para o eterno recomeçar e refazer cada Natal com um brilho novo.