A celebração a Cosme e Damião na Vila Dias, no último sábado, recebeu moradores e artistas de fora da comunidade
Solidariedade, alegria, arte e guloseimas marcaram a Festa de Celebração a Cosme e Damião, na Vila Dias, em Santa Tereza, no último sábado (27/09). A festa foi uma realização colaborativa, que envolveu moradores e amigos da Vila e recebeu visitantes de várias regiões da cidade.
Foi um evento feito a muitas mãos, como explica Camila Trindade, membro do Coletivo Ventre Livre, formado por jovens amigos que se reuniram para realizar ações socioculturais capazes de promover mudanças: “Há meses nos reunimos e discutimos como contribuir para a descentralização da cultura, para que ela seja um instrumento de combate à discriminação e à exclusão social. O coletivo reúne 13 pessoas atualmente, mas é aberto. E para a realização da festa de Cosme e Damião na Vila Dias contamos com ajuda de inúmeras pessoas, que colaboraram com trabalho voluntário, doações em dinheiro, doces e balas”.
Com os recursos arrecadados, o coletivo preparou a festa, nomeada “O Dia de Dois Dois Doum”, que alegrou a tarde dos moradores da Vila Dias, principalmente as crianças. A meninada se esbaldou nas diversas atividades voltadas para elas, como pinturas corporais, oficina de bambolê e brincadeiras, distribuição de de algodão-doce e saquinhos com balas e doces. “Com as doações e compras que fizemos, conseguimos montar cerca de 700 kits, com balas, pirulito, pipoca, chocolate”, estima Camila.
Os moradores deram sua contribuição: ajudaram a montar a estrutura, forneceram energia elétrica para ligar os equipamentos de som, ofereceram frutas e água aos participantes. Outra contribuição muito valiosa para a realização do evento foram as atividades e apresentações artísticas, oferecidas voluntariamente por artistas que apoiam a causa. Deborah Lisboa, que interpreta a Palhaça Magrela e é professora de circo na Cia Banana Caturra, se surpreendeu com a animação dos moradores na oficina de bambolê: “Adorei a oportunidade de estar com os nossos vizinhos, que são muito participativos e interessados, tanto as crianças quanto os adultos. Santa Tereza é tão rica culturalmente e temos a obrigação de compartilhar, de dividir o que sabemos. Vim também demonstrar apoio à resistência dos moradores, por permanecerem intactos onde estão, mesmo com toda a pressão que sofrem”.
O compositor Beto Lopes interpretou algumas canções da época em que fazia parte do Clube da Esquina, junto ao músico e amigo Eugênio Arameni. “Recebi o convite e fiz questão de participar, pois adoro crianças e sempre que posso faço questão de ajudar. Eu nunca tinha vindo à Vila Dias e foi uma ótima oportunidade de conhecer. Acho importante levar a música até as crianças. A música boa tem que estar em todos os lugares, nas vilas, nas escolas, nas casas”, avalia.
Patrícia Caetano e o filho Bruno, moradores do bairro Silveira, adoraram. “Achei linda a iniciativa, muito válida por aproximar as pessoas. Eu frequento o bairro e sempre cruzo a passarela. Já conhecia a Vila Dias, mas agora estou tendo a chance de conviver um pouco com os moradores”.
A moradora Valéria Marques gostou da iniciativa e deseja que seja a primeira de muitas outras. “Foi uma ideia muito boa, que animou o nosso sábado. Minhas filhas, de 8 e de 14 anos se divertiram muito, brincaram o dia inteiro, fizeram pintura, rodaram bambolê. Todo mundo gostou e participou, por isso acho que deveria acontecer mais vezes”.
Valéria considera positiva a participação de vizinhos do bairro e de outras regiões e acredita que as visitas contribuem para quebrar preconceitos. “As pessoas de fora são sempre bem recebidas. Muita gente atravessa a passarela do metrô diariamente e não sabe o que acontece aqui em baixo. Então, o evento é uma oportunidade para nos conhecerem”.
Rosilene Santos Silva, também moradora da Vila Dias opina: “A festa foi ótima! Deveria haver mais ações como festas, brincadeiras, atividades para as crianças na Vila, porque aqui não tem nada e elas ficam sem opção de lazer”.
Cores para a Vila Dias
A próxima ação de solidariedade na Vila Dias já está sendo planejada, conforme uma necessidade apontada pelos moradores: a de pintar a rua de entrada da Vila, a Conselheiro Rocha.
“Conversamos com eles e propomos organizar um mutirão para a pintura da rua, logo depois da festa. Eles querem dar vida à rua para deixar o local mais bonito e nós vamos ajudar. A ideia é mobilizar novamente um grande número de pessoas e doações, para atender esse desejo dos moradores da Vila Dias”, conta Davidson Negon, do Coletivo Ventre Livre. A ação está sendo planejada pelo grupo e pelos moradores e, assim que for definida a data e formas de contribuir, divulgaremos aqui, no site Santa Tereza Tem. Acompanhe!
Fotos: Brígida Alvim
