Hoje 16 de maio é comemorado o Dia Nacional do Gari. E a definição acima é de Alzira Maria Gomes, que exerce a profissão há 10 anos, em Santa Tereza, supervisionando a limpeza da Praça Duque de Caxias.
Por meio da história de Alzira, o Santa Tereza Tem homenageia os garis, que exercem um trabalho fundamental na vida da cidade, embora nem sempre tenha seu trabalho reconhecido. Muitas vezes, para muitos, é uma figura “invisível”, que só é lembrada quando não há recolhimento do lixo, e a cidade vira o caos.
Alzira (65) há 33 anos ganha o pão de cada dia como gari. Conta que não foi por escolha, mas necessidade. “Com quatro filhos parei de trabalhar para cuidar deles, virei mãe e dona de casa. De repente me vi sozinha com as crianças e com a corda no pescoço. Comecei a procurar emprego. Fiz faxinas em casas e bares, mas não dava pra pagar as contas. Assim em 1984, consegui ser fichada na SLU e virei gari”.
Ela já trabalhou nos bairros Floresta e Sagrada Família. Já varreu milhares de quilômetros de ruas. Depois de promovida e supervisionar as turmas.= da limpeza. Ela conta que na época o nome de sua função era “Feitor”. “Achava um absurdo, nunca concordei com isso e briguei muito para mudar este nome. Passou pra monitor e agora é auxiliar de controle e qualidade”.
“Gosto do que faço, principalmente aqui na Praça, onde já conheço todo mundo e tenho amizade e carinho das crianças. Adoro brincar com elas. E é tão bom quando alguém diz que está bonito o lugar, limpo e dá um bom dia. É sinal de que a gente está sendo visto e aceito”, comenta ela.
Mas nem sempre foi assim. Alzira comenta que “antigamente tinha mais preconceito. As pessoas nem tocavam na gente. Quantas vezes pedi água e a dona da casa trazia em copo descartável ou de vidro e dizia que a gente podia levar o copo. Se assentasse na porta de uma loja ou casa logo vinha alguém mandando levantar. Já melhorou muito, porque as pessoas estão conscientizando de nossa importância para a cidade”.
“A melhor parte do trabalho é quando a gente realiza atividades de conscientização da população sobre a necessidade de recolher o lixo e não jogar nas ruas. Já faz muito tempo que não tem e está precisando fazer de novo pra relembrar as pessoas”, comenta ela. Na Praça, ela reclama mesmo é de alguns dos donos de cachorros, que deixam os animais fazerem cocô na grama ou mesmo no piso e não recolhem. Acaba a varrição e olha lá o cocô.
Alegre e irrequieta, ela, além de cuidar da limpeza da Duque de Caxias, faz o trabalho voluntário de cuidar do canteiro das rosas, em frente à igreja e adotado pelo Santa Tereza Tem. Tira as ervas daninhas, dá bronca quando alguém vai mexer nas rosas, fofa a terra. Ela diz que faz por prazer, porque adora rosas, é bom ver a Praça florida. Um detalhe: não aceita nenhum tipo de agrado, nem mesmo um presente. Um exemplo de cidadania para muita gente.
Ela define a profissão como “a primeira estrela da saúde, porque a gente trabalha com a limpeza e previne doenças. O médico é uma estrela que vem depois, pois ele já vai tratar da doença. Quem evita as doenças, somos nós”.
Sobre o fato dos garis passarem, apesar do serviço pesado, cantando e brincando na nossa porta, ao recolher o lixo, ela tem uma explicação: “é pra dizer que estou passando na sua rua, estamos limpando a sujeira, estamos aqui, existimos”.
O Dia do Gari é comemorado anualmente em 16 de maio, em todo o Brasil. Esta data tem o objetivo de homenagear os profissionais responsáveis em manter a cidade limpa.
O termo “gari” surgiu em homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary, que ficou conhecido por ser o fundador da primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro, a partir do dia 11 de outubro de 1876. Os cariocas, acostumados com a limpeza das ruas após a passagem dos cavalos, mandavam chamar a turma do Gary. Aos poucos o nome se generalizou e até hoje os profissionais são chamados dessa maneira.
– Não jogar lixo ou entulho nas vias públicas, córregos, lotes vagos, bueiros e encostas. Além de poluir a cidade, o lixo nas ruas entope bocas de lobo e pode provocar enchentes.
– No trânsito, respeitar os cones de sinalização. Eles estão ali para proteger os varredores, que estão trabalhando.
– Respeitar os dias e horários para colocar o lixo para coleta.
– Embalar corretamente seu lixo, em sacolas resistentes, bem fechadas e de tamanho adequado, para evitar que elas se abram e espalhem o lixo nas vias públicas.
– Proteger o vidro e outros materiais pérfuro-cortantes (estiletes, pregos, lâminas) enrolando em várias folhas de jornal de colocá-lo na sacola. Pressionar as tampas das latas para dentro. Esses materiais desprotegidos podem ferir o gari, mesmo ele usando as luvas protetoras
– A velocidade do caminhão de coleta é em média 5 a 7 km/h. É preciso a cooperação dos outros motoristas no trânsito. Infelizmente, muitos reagem com impaciência, não levando em consideração a importância do trabalho realizado pelos garis.