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Artigo: A Pedra e o Vento

Artigo: A Pedra e o Vento, do jornalista e folclorista Carlos Felipe Horta, fala dos santos do dia, Pedro e Paulo

Entre os santos juninos, Pedro é o menos lembrado. Ele não tem uma capelinha de melão e nem arranja casamentos. Pedro, ou Simão, filho de Jonas, foi o escolhido – assim dizem os Evangelhos- por Jesus para ser a “pedra sobre a qual edificarei a minha igreja” e, depois dele, centenas de papas se dizem seus sucessores… E hoje, Pedro divide o dia com outro personagem importante, Paulo. Paulo não conheceu Jesus, a não ser no Caminho de Damasco, quando teve uma visão de Cristo e se transformou de perseguidor em propagador do cristianismo.

Mas se Pedro foi a pedra básica da igreja, Paulo foi o vento que interpretou e levou as mensagem de Jesus, pessoalmente ou por cartas (epístolas) a toda a parte. Historiadores e estudiosos dizem mesmo que, não fosse Paulo, o cristianismo teria se limitado a ser mais uma das muitas seitas que proliferavam na Palestina de então.

Cada um cumpriu sua função e até na morte, foram diferentes. Judeu que era, Pedro teve morreu crucificado – de cabeça para baixo para não ser como o “Mestre”- e a cruz era o destino dos “infames”. Paulo, cidadão romano, portanto como “foro privilegiado” (isso já existia naquele tempo) foi decapitado, como lhe era garantido.

Na cultura popular

Na cultura popular, entretanto, é que a diferença mais aparece. No meio do povo, Pedro é sempre uma figura do próprio povo, que sobre ele cria histórias e causos, alguns deles até “copiados e adaptados” dos próprios Evangelhos. São causos como o do “caminho das pedras”, da “sogra do santo”, das “galinhas dormindo sobre um pé só”, “ do pedido do santo para levar sua mãe para o céu”, “das rezas dos pescadores para que a pescaria seja boa”, “das simpatias para fugir das tempestades e furacões”, enfim um sem número de fatos que colocam “São Pedro na boca do povo”, como se diz. Sem falar que, no sincretismo religioso afro-brasileiro, ele é um dos três “Xangôs” e na data de hoje é cultuado como tal. Importante também lembrar que, além de patrono dos marinheiros, Pedro o é também dos “pescadores”, não só dos profissionais como também daqueles que, diz o povo, chegaram a criar a expressão “mentira de pescador” e está dito tudo.

Paulo, por sua vez, é reverenciado como um patrono da comunicação e, no Brasil, uma ordem religiosa, das Irmãs Paulinas, ostenta esse nome exatamente por que se dedica a este setor, com livros, cinema, música e som. Pedro é a pedra, Paulo, o vento que espalha a comunicação de Cristo.

Hoje, os dois são lembrados são juntos. Que cada um nos proteja junto ao Senhor.

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