Não é muito fácil, para mim, falar deste filho de seu Caçula Jardim e dona Zinha. Tenho por ele uma admiração e um respeito que vão muito além daquele que um artista pode inspirar. Em Rubinho do Vale o músico, compositor e instrumentista se juntam também o seu trabalho fantástico como pesquisador da cultura popular, especialmente do seu Jequitinhonha. E isto não só em, seus discos próprios, mas em outros que ele ajudou (mais do que ajudou) a fazer, como “Cantigas do Vale”, com Geovane Figueiredo, “Pinaco, um trovador do Vale” e “Frei Chico, Lira Marques- Dona Generosa e Corais de Araçuaí.
Mas é olhando a sua obra que a gente encontra as raízes profundas da cultura popular, herdadas por ele desde os tempos da roça, em Rubim, e alicerçadas ao longo de sua vida, como estudante em Ouro Preto e no contato permanente com os agentes mantenedores desta alma do povo. Isto foi, aliás, um dos fatores ressaltados pelo educador e professor Sebastião Rocha, no texto da capa do primeiro elepê de Rubinho, o hoje antológico “Tropeiro de Cantigas”, de 1982. Já neste elepê, Rubinho, depois de deixar em definitivo a Geologia para se dedicar à música, mostrava bem o que queria e continua fazendo até hoje. Uma arte inspirada no povo e que é devolvida ao próprio povo, como, aliás, foi bem analisado por este mestre que é o Tião Rocha.
A partir daí são dezenas de discos – elepês e CDs. Vários deles mostrando outro aspecto forte deste menino de Rubim: o povo como seu inspirador maior. Citemos, por exemplo, “Cavaleiro da Paz”, “ Justiça e Paz se Abraçarão”, “ Viva o Povo Brasileiro” e “ A Alma do Povo”. A esta visão social e cultural se junta outro aspecto importante: a luta para manter vivas as cantigas da eterna infância brasileira em discos como “Verde Maravia”, “Passarim, o Palhaço Cantador”, “Natureza em Canto” e “Alma do Povo”.
Se juntarmos ainda o violeiro, o tocador de forró de verdade, o poeta, o cantador que se apresenta onde houver um espaço e onde não houver também, o guerreiro pela cultura do povo, membro da Comissão Mineira de Folclore, sempre mantendo uma dignidade acima de tudo, se, repetindo, juntarmos tudo isso, temos um artista ligado ao seu tempo, mas sem perder, nunca, a fonte principal da cultura de um povo, o próprio povo.
Isto, certamente, será percebido e sentido por todos os que, nesta quarta-feira, dia 9, estiverem no SESC-Palladium, onde Rubinho do Vale estará gravando, ao vivo, o seu primeiro DVD. E não digam depois que não avisamos.
Data: 09 de março
Hora: 21h
Local: Grande Teatro do Sesc Palladium / Rua Rio de Janeiro, 1046- Centro
Entrada: R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia) – Ingressos à venda na bilheteria do teatro e no siteingresso.com
Informações: (31) 3270-8100
