Texto:Brígida Alvim
Fotos: Eliza Peixoto
Em reunião realizada no Clube Oásis nesta segunda-feira, 23/11, moradores de Santa Tereza receberam a notícia de que o Mercado Distrital do bairro será reaberto. O anúncio foi feito em conjunto pela Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), o Movimento Salve Santa Tereza e a Fundação Municipal de Cultura (FMC), que nos últimos meses se reuniram para discutir um plano de gestão e sustentabilidade para o Mercado de Santa Tereza.
As reuniões tiveram como base o projeto de ocupação do espaço proposto pelo movimento Salve Santa Tereza desde 2013, que neste ano ganhou novos aliados, a Feira Terra Viva, representantes do Movimento Negro e o Museu de Objetos e Veículos Antigos (Mova). Com a chegada deles, a proposta recebeu novas contribuições e ajustes, feitas durante quatro meses por meio de grupos de trabalho e assembleias com participação de moradores. A versão final mostrada ao público ontem, no Oásis.
Pela parte do executivo também houve mudanças referentes ao Mercado neste ano. O espaço foi passado da pasta de Desenvolvimento para a da Cultura e, pela primeira vez, a prefeitura abriu um canal de diálogo com o movimento que está à frente da luta pela recuperação do mercado. Segundo Leônidas José de Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura, o desafio será conciliar as demandas: 1º) o desejo da comunidade, de ter um espaço de convivência, serviços e conveniências; 2º) a vocação do mercado para abarcar serviços, gastronomia, educação, oficinas, exposições, feiras e eventos artístico-culturais; e 3º) garantir a sustentabilidade e manutenção do espaço.
Com base nesses três eixos, ele expôs alternativas pensadas para a reativação do Mercado. Uma das principais é a transferência da sede da FMC para o prédio onde funcionava a Escola Pedro Américo, que fica ao lado do Mercado. “A ideia é que o órgão deixe o prédio alugado no centro da cidade, possibilitando à prefeitura fazer o deslocamento de recursos ao local. O terreno da escola, também do município, será unificado ao do Mercado e ambos passarão a contar com verbas e serviços de manutenção destinados à FMC. Uma reforma de recuperação do local será iniciada em breve, para que possamos fazer a mudança e a reativação do Mercado o quanto antes”, explica Leônidas.
Outros planos da Fundação são incorporar a Escola Livre de Artes ao espaço, fazer locação para eventos e buscar parcerias público-privadas. Mas Karine Carneiro, professora e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, integrante do Salve Santa Tereza, pondera: “É preciso ter cuidado para a busca da sustentabilidade econômica não sobrepor a da sustentabilidade socioambiental, que é o propósito do projeto”.
Para João Bosco Queiroz, presidente da Associação Comunitária Bairro Santa Tereza, esse é um bom caminho, um começo para a ocupação do espaço do Mercado, que está fechado há oito anos.
Agricultura familiar
O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) é apoiador do projeto de reativação do Mercado, com foco em dar oportunidades ao produtor agrário e também acesso da comunidade a produtos orgânicos. Adriana Aranha, moradora do bairro e funcionária do MDA, anunciou que o ministro Patrus Ananias já reservou R$ 3 milhões para a implementação de um Centro de Comércios de agricultores Familiares no local. O órgão também fará parte da Comissão de avaliação de viabilidades do Mercado.
A partir dessa semana, será encaminhada a formação de uma Comissão, paritária entre representantes da sociedade civil e do governo, que acompanhará o processo de reativação e ocupação do Mercado.
Marilton e Rodrigo Borges, pai e filho, músicos e moradores, comemoraram a notícia: “Achei excelente! Como militante do bairro, ex-presidente da associação e membro da primeira fase do Salve Santa Tereza, participei de várias reuniões com a prefeitura, mas nenhuma delas foi amistosa. É a primeira vez que vejo um secretário com essa disposição e vontade de ver a população ocupar o espaço”, disse Marilton. “Muito bom ver que por meio de luta, mobilização e trabalho, o Salve Santa Tereza e a ACBST conseguiram trazer pra gente uma perspectiva real de ocupação do espaço”, complementa Rodrigo.
Karine Carneiro finaliza: “É uma grande vitória e satisfação devolver o Mercado à comunidade de Santa Tereza. Temos agora muito trabalho pela frente e garantimos continuar vigilantes no que tange à garantia de acesso ao espaço público e função social do Mercado de Santa Tereza para o bairro e para a cidade”.
