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Contar uma história é vivê-la também

Noticia66

A contação de histórias é uma das formas mais antigas da humanidade de passar o tempo e transmitir informação e mesmo em tempos de internet é possível encontrar pessoas adeptas desta atividade. É o caso de Álvaro Guedes Castilho, que esteve declamando poemas e contando histórias para as pessoas na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, durante a segunda edição do evento Leitura na Praça.

Álvaro trabalha na Biblioteca Comunitária Professor Armando de Paula (Rua Deputado Bernardino de Sena Figueiredo, 1165, Cidade Nova), um projeto da ONG DuBem.

Foi lá que, além de cuidar da organização e conservação do acervo, Álvaro começou a praticar a contação de histórias. “Também conto histórias, quando fazemos atividades fora da biblioteca”, comenta. A principal atividade do projeto, no momento, é organizar o acervo da biblioteca pública municipal no interior do Parque Ecológico e Cultural Professor Marcos Mazzoni, no bairro Cidade Nova. “A biblioteca ia ser desativada, estamos planejando resgatar o espaço”.

No dia 5 de maio, encontramos o “contador” em Santa Tereza. “Contei três histórias para algumas crianças. A arte de contar histórias vem do íntimo, você dissemina um texto e as crianças precisam ouvir esses textos, interagir com ele”, explica Álvaro. Vai além da mera leitura: contador e ouvintes compartilham suas vivências do conteúdo no momento da contação e interagem com a história.

Mas, será que há espaço para a narração de histórias num mundo onde as pessoas, cada vez mais, retiram suas narrativas da televisão, do cinema e da internet? Álvaro acredita que sim. “Se, por um lado, o contador está sendo substituído por outras formas, as histórias ainda são contadas. Todas as formas de narrar são válidas, mas precisamos resgatar a interação que há na contação oral. O ouvinte pode interpor sua versão da história, pede para repetir um trecho, explicar mais”, argumenta ele.

Álvaro conta que está interessado em fazer um curso de técnicas de contação, mas não acha que isso é obrigatório. “O bom contador desperta uma resposta imediata no público, tem um bom repertório de histórias para contar e sabe fazê-las interagir com os ouvintes. O importante é como se conta a história, ajustando-a para agradar o público”, afirma. Para montar esse repertório, vale até mesmo estar com o texto escrito na hora da narração, mas ele alerta: “Esse é um começo, não temos uma memória oral tão desenvolvida quanto os poetas gregos, que decoravam épicos com a Ilíada. Mas é preciso acrescentar algo seu para o texto para dar vida a ele”.

Além de histórias orais, Álvaro também escreve suas próprias histórias. “Escrevo algumas coisas, na maioria contos e poesias. Estou até com uma coletânea engatilhada para lançar”, comenta. Ele confessa, porém, que tornar seus escritos públicos traz certa ansiedade. “Lido com temas muito pessoais para mim, escrevo sobre a solidão, o amor e os relacionamentos, as coisas que vi e li. Ficaria decepcionado se minha obra não atingisse ninguém”.

Enquanto Álvaro não registra suas histórias no papel, é possível ajudar o trabalho da ONG DuBem e da biblioteca comunitária. Quem quiser  doar livros,contribuir de alguma forma ou conhecer o trabalho, pode entrar em contato pelo telefone 3222-1711.

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