Ateliês de Santê: Ataíde Miranda - Santa Tereza Tem
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Ateliês de Santê: Ataíde Miranda

Expondo seu subconsciente em formas e contra-formas, Ataíde Miranda, 42 anos e santaterezense da gema, cria imagens que maravilham e iludem os olhos de quem os vê. O processo, diz ele enquanto toma um café, é uma linha. E essa linha vai sendo puxada até que ele “vê” a imagem que está produzindo.

Mas, isso não é suficiente para Ataíde. Nessa imagem inicial, estão outras formas, outras imagens a serem vistas, escondidas do olho comum e visíveis só para ele. E esse é seu trabalho: expor o invisível e assim, contar uma história. Os desenhos podem ser vistos de todos os ângulos, apresentando algo diferente em cada posição. Quando ocorre algum erro, ele vira parte do desenho.

No Arraiá de Santê pintando ao vivo

Os desenhos de Ataíde são, ao mesmo tempo, suaves e impactantes. Seu uso de linhas redondas e finas para criar o desenho inicial é contrastado com cores fortes. Ao contrário do desenho, o uso das cores é consciente e cuidadosamente escolhido para acentuar alguma parte do desenho.
“Inicialmente, só fazia em preto e branco, mas para não embolar eu comecei a colorir com cores fortes exatamente para definir”. Ataíde colore cada milímetro com caneta nanquim (Imagem à direita, detalhe de desenho), demorando entre um e três dias para terminar um trabalho.

Expressionista

Até hpa dois anos, Ataíde não sabia que seus desenhos eram arte. Para ele, eram rabiscos que fazia para se distrair. Um dia, sua ex-esposa lhe entregou alguns manuais e disse que o tinha inscrito no vestibular do INAP e ele tinha uma semana para estudar. Como já queria voltar a estudar, Ataíde topou. Vendo seus desenhos, sua professora disse “você é expressionista”. Finalmente, uma palavra para descrever seu trabalho.

Por isso Ataíde se dedica tanto a personagens femininas: suas maiores apoiadoras e inspiradoras são sua mãe, sua ex-esposa e essa professora. Mais ainda, Ataíde é atraído pela forma e força femininas

. Outro tema importante em sua obra é a religiosidade, mas utilizada como mito e lendas, assim como o boto cor-de-rosa ou a sereia. No entanto, não pratica qualquer religião. “Experimentei todas, para descobriro que era melhor para mim”. A rosa, um tema comum em seus desenhos, vem acompanhada de uma cruz que, na verdade, representa as folhas e os espinhos.

 A brasilidade e mineiridade no trabalho de Ataíde são óbvias. Ao desenhar “Alice no País das Maravilhas” (abaixo), insistiu que ela tinha que ter cabelos negros. Em sua mente, Alice não pode ser loura. Fascinado pelo cabelo afro, sua técnica em desenhá-los mostra um nível de detalhe raramente visto em pinturas e desenhos que também tentam reproduzir o cabelo negro.

Alice no país das maravilhas

Comparado a Miró, pelo uso de cores, e a Klimt pelo seu uso da contra-forma, Ataíde afirma que recebe esses comentários como grandes elogios, mas prefere não estudar artistas de forma geral: “quero que meu trabalho seja só meu, sem influências”. Só descobriu o trabalho de Miró, por exemplo, quando começou a faculdade.

Ataíde também não se esquece da sua região e da importância em ajudar. Participou, nesse final de semana, do Oásis Pupileira ajudando na pintura de um mural na creche.

Por enquanto o trabalho de Ataíde Miranda pode ser visto em sua página no Facebook. Ele leva os desenhos até o comprador, mas também aceita encomendas. No bar Santa Boemia, na Praça Duque de Caxias, pode-se ver o mural feito pelo artista. Usar telas vai ser o próximo passo do artista. Também pode-se entrar em contato pelo telefone (31) 9246-5880.
Matéria publicada em abril de 2013

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