Tombamento do imóvel da Fábrica de Pregos deverá ser votado nesta 4ª feira - Santa Tereza Tem
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Tombamento do imóvel da Fábrica de Pregos deverá ser votado nesta 4ª feira

Atualização: Cancelada a votação. Em breve mais informações.

Tombamento do imóvel da Fábrica de Pregos deverá ser votado nesta 4ª feira,
25/10, na Diretoria de Patrimônio de Belo Horizonte

Imóvel da década de 1940 poderá ser tombado

Está prevista para esta quarta-feira (25 de outubro), após adiamento do dia 4/10, a votação do Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural de Belo Horizonte a respeito da edificação que abriga a Fábrica de Pregos São Lucas, à Rua Conselheiro Rocha, nº 1600, Santa Tereza. A reunião é aberta à participação do público, às 14h, na Diretoria de Patrimônio Cultural – Rua Professor Estevão Pinto, 601, Serra.

Segundo o estudo feito pela Diretoria de Patrimônio, o imóvel tem tipologia industrial dos anos de 1930 / 1940, estilo art decó e já constava erguido nas Plantas JK,  que é o conjunto de plantas cadastrais da cidade concluído em 1942.

Projeto da PHV Engenharia que prevê construção de 3 torres comerciais na Rua Conselheiro Rocha considera área hoje ocupada pela Fábrica de Pregos São Lucas

A edificação fica próxima à Avenida dos Andradas, na divisa entre os bairros Santa Tereza e Santa Efigênia, local onde a  PHV Engenharia vem, desde 2014, anunciando  a  construção de megaempreendimento. O que antes era pra ser a maior torre da América Latina, agora é o projeto de três torres de 80 metros cada.  (Saiba mais Construção põe em risco patrimônio de Santa Tereza)

Diante de pedidos recorrentes do movimento Salve Santa Tereza, da Associação Comunitária,  a Diretoria de Patrimônio realizou estudo sobre a história, as características do imóvel e de seu entorno. O documento será exposto nesta quarta-feira, com indicação de proteção, e caberá ao Conselho a decisão final sobre o tombamento do imóvel.

 

 

Fábrica mantém operação

São produzidas 70 toneladas de pregos por mês

Muita gente não sabe que a Fábrica de Pregos São Lucas, instalada nessa edificação na década de 1960, ainda está em funcionamento. No local há produção e venda de pregos há mais de 50 anos. Um empreendimento que resiste ao tempo e às mudanças do mercado, sendo a única em Belo Horizonte deste ramo a manter sua operação. Ainda, é uma das poucas fábricas de pregos ativas no país, devido à dominação das grandes indústrias siderúrgicas, que sobressaem por sua capacidade de produção e de entrega em larga escala.

A Fábrica de Pregos São Lucas hoje emprega 25 pessoas e é responsável por ter atraído centenas de pessoas para Santa Tereza, nas décadas de 1960 a 1980. Muitas famílias àquela época migraram de outras regiões em busca de trabalho e conseguiram moradia nas vilas próximas à fábrica: Vila Dias, São Vicente, a extinta Vila Urubus e a Vila União (hoje chamada Vila Ponta Porã, que fica no bairro Santa Efigênia, do outro lado da Andradas).

Charles Costa, gerente de produção da fábrica há 30 anos, conta que a São Lucas sobrevive por atender prioritariamente à uma dessas indústrias, por meio de contrato de fornecimento de mão de obra que mantém há duas décadas. Por mês, são produzidas 70 toneladas de pregos, em média, sendo 90% para atender o contrato com a siderurgia. Os outros 10% são destinados à venda direta ao consumidor, aos depósitos de construção, pedreiros, marceneiros, artesãos.

Em relação à proteção do imóvel,  o gerente afirma que a família proprietária da fábrica não tem interesse no tombamento, por receio à desvalorização do terreno.

Importância para a comunidade

Peão, da Vila Dias, e João Bosco, da ACBST

O pedido de proteção da edificação da Fábrica de Pregos partiu da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST) e do Movimento Salve Santa Tereza, protocolado em novembro de 2013, junto a um abaixo-assinado dos moradores,  e novamente em 22 de dezembro de 2016 .“Esperamos que desta vez saia a decisão sobre o tombamento,  reivindicado por nós como forma de preservação do bairro. Não aceitamos que a edificação da fábrica, situada à Rua Conselheiro Rocha, fique de fora do perímetro do Conjunto Urbano de Santa Tereza protegido pelo Patrimônio Cultural da cidade desde 2015. Ela é parte da história, da arquitetura e do território do bairro. E tem todas as características e justificativas para ser protegida”, argumenta João Bosco Queiroz, presidente da ACBST.

Além disso, caso o tombamento não ocorra a área poderá ser utilizada pelo megaprojeto da construção de três torres  espelhadas pela PHV Engenharia, o que irá trazer sérios impactos negativos para o bairro, como aumento do tráfego de veículos, aumento da temperatura, menos vento e problemas para os moradores da Vila Dias, entre outros.

O Salve Santa Tereza reafirma a defesa: “A Fábrica São Lucas continua em funcionamento e tem grande valor histórico-cultural, por ser um dos poucos, se não o único, imóvel industrial conservado em sua arquitetura e funcionalidade em Belo Horizonte. Convocamos todos para pressionar pela aprovação do tombamento e garantir a preservação deste importante patrimônio do nosso bairro”, diz Lincoln Barros, analista de sistemas, integrante do movimento.

Para os moradores da Vila Dias, há ainda um grande valor afetivo. “Muitos moradores vieram para cá por causa da fábrica, que no início oferecia alojamento aos funcionários, na beira da linha do trem, onde hoje é a Rua Conselheiro Rocha. A Fábrica de Pregos São Lucas é patrimônio da cidade e tem grande importância na formação da Vila Dias”, avalia Peão, líder da Associação Comunitária da Vila Dias.

Luís Góes, morador e pesquisador de Santa Tereza

“Proteger a Fábrica de Pregos São Lucas é proteger o bairro, que é um dos menores de BH em termos de população e conserva características que fazem dele um lugar muito bom de morar. Tudo que puder ser preservado em Santa Tereza é importante para evitar a descaracterização do bairro. E aquela área onde está o imóvel da Fábrica é um filão, por estar em área bem valorizada e próxima ao centro. Sabemos que é alvo de especulação imobiliária e que querem erguer lá torres gigantes de mais de 300 salas, o que vai gerar muito impacto negativo, como o aumento no movimento de automóveis e de pessoas. Mais prédios significa mais pessoas e mais problemas para o bairro”, ressalta Luís Góes, jornalista, pesquisador e autor de vários livros que contam a história de Santa Tereza e de Belo Horizonte.

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Serviço

Reunião do Conselho de Patrimônio Cultural discutirá tombamento da edificação da Rua Conselheiro Rocha, nº 1.600, Santa Tereza (Fábrica de Pregos)
Dia: 25 de outubro, quarta-feira
Horário: 14h
Local: Diretoria de Patrimônio Cultural – Rua Professor Estevão Pinto, 601, Serra, Belo Horizonte.

 

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