Gente de Santê: Profissão luthier de violão - Santa Tereza Tem
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Gente de Santê: Profissão luthier de violão

A arte de Heitor Venturini na forma de violão

Quem passa pela Rua Dores do Indaiá pode ver uma portinha aberta e lá dentro vários violões. É aonde o Heitor Venturini de Assis Pimentel, 30 anos, faz o que mais gosta, estar em meio ao seu instrumento musical preferido. É nesse cantinho que ele constrói, conserta, customiza e restaura violões, a grande paixão de sua vida, que começou aos 9 anos na cidade mineira de Antonio Dias, no Vale do Aço.

Estimulado pela mãe, fez curso de musicalização e começou a aprender tocar violão com um músico da cidade, que dava aulas de graça. Lá ele ficou por um bom tempo, mas na adolescência passou a comprar revistinhas de música e a aprender sozinho porque queria tocar as músicas da época.

Ele conta que na hora do vestibular pensou em estudar música, mas optou pela arquitetura, por diversas razões. “Entretanto, não me encontrei no curso e durante a faculdade, a vida sempre girava em torno da música. Continuava tocando e fazendo amizade com músicos. Então conheci um violão artesanal feito pelo Virgílio, famoso luthier de Sabará e impressionei-me com a diferença entre um instrumento industrializado e um feito à mão”.

Quando seu violão começou a ficar ruim, Heitor quis fazer seu próprio instrumento ou então consertá-lo. Então, começou a pesquisar sobre cursos que ensinassem o ofício.  “ Pensei, será que dá pra eu fazer um violão? Passei a pesquisar sobre o violão de luthier, pois já sabia mexer com madeira, pois na arquitetura fiz aulas de marcenaria. Achei um curso intensivo, em Araguari, de Luciano Borges, em que a gente constrói o instrumento e leva pra casa. Juntei as duas coisas, aprendo a fazer e ainda tenho um violão novo. Fiz o curso em 2017 e nos primeiros dias percebi que era no que eu queria fazer profissionalmente. Tem trabalho manual forte que gosto, o olhar da arquitetura sob o ponto de vista de senso estético, noção da importância de se projetar, conhecer a qualidade dos materiais e continuaria a ter convivência com músicos e a música”, relembra Heitor.

Arquitetura no processo

Nisso, a arquitetura, curso que terminou em 2020, lhe deu um grande suporte, como diz ele, “O curso de arquitetura fez toda a diferença, até no espaço em que trabalho, pois fiz um projeto legal, que me atende. Faço o projeto do instrumento no Autocad, o desenho técnico, e a partir disso consigo confeccionar um molde. E no curso também aprendi a pesquisar os materiais, a qualidade e onde comprar”, explica.

Heitor observa que “não toco profissionalmente, mexo com violão o dia inteiro, mas tocar tem ficado difícil por questão de tempo, já que, por ironia, fico por conta de construir violões para quem toca”, comenta rindo.

O luthier ressalta que o fato de saber como se constrói, facilita encontrar o defeito do instrumento e relembra que o seu primeiro serviço foi fazer um conserto do violão de um amigo. E por aí começou, ainda enquanto terminava o curso de arquitetura, fazendo alguns consertos e reformas. A sobrevivência financeira tem sido alcançada, apesar de ter altos e baixos, mas ele comenta, “dá para viver sim, fazendo o que gosto”.

Heitor se preocupa com os mínimos detalhes para que o som saia perfeito
Cuidado nos mínimos detalhes

Atualmente, ele trabalha sob encomenda, construindo o violão de acordo com o desejo do cliente. “Para construir, uso mais a imbuia, mas cada parte do violão exige tipo de madeira.   Por exemplo o cedro canadense ou o abeto alemão uso no tampo, que tem de ser o material forte e fino para vibrar mais. São madeiras que vêm de um lugar frio e por isso crescem devagar e seus veios são mais juntos, tornando-as mais resistentes e com sonoridade melhor. Para o cabo e as laterais o melhor é a madeira brasileira, imbuia, freijó e jacarandá da Bahia, que é considerada mundialmente a melhor, mas está em extinção.  Utilizo também o   cedro rosa ou mogno no braço e o corpo a imbuia.

Quem quiser conhecer a oficina do Heitor, fica na Rua Dores do Indaiá, 100.
Telefone: 98951-6766
Instagram:

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