“Amor não é só ver. É também sentir e tocar” - Santa Tereza Tem
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“Amor não é só ver. É também sentir e tocar”

No Dia das Mães nossa homenagem a essas mulheres, que se desdobram pra educar e criar os filhos, com a história da Juliana, cuja cegueira não lhe impede de dar amor à dupla Julia e Miguel.

Por Rafael Campos

Três vezes por semana, Juliana Ribeiro, de 40 anos, acorda com as galinhas, como se diz no interior do estado. O relógio marca 4h30 da manhã. O motivo de iniciar o dia tão cedo é perfeitamente explicado quando ela coloca o seu tênis e uma roupa confortável. O destino, geralmente, é a pista de corrida e caminhada da avenida dos Andradas. Às vezes, o endereço do treino muda, especialmente, quando está agendada participação em uma prova de corrida. Aliás, dia 19/6, Juliana, o marido Edson, de 50, e os filhos Júlia, de 10, e Miguel, de 5, estarão no Rio de Janeiro, acompanhando a atleta e o seu desafio de correr os 42 quilômetros da Maratona.

Juliana com os filhos Miguel, de 5, Júlia, de 10, e a cachorrinha Mel

Engana-se quem pensa que o outro grande desafio que ela tem é conviver com a ausência de visão. “Como sou cega desde quando nasci, para mim, é normal não enxergar”, diz. Sobre a criação dos filhos, faz questão de destacar que Edson, seu marido, é um “companheirão”. “Ele é o meu olho”, não tenho nada a reclamar. Ou melhor, a reclamação recai no imaginário de que mãe tem que ser perfeita. “Mãe é um ser humano como qualquer outro”, diz, destacando que muitas mulheres acabam carregando esse “peso”, que não a permitem falhar.  

Juliana ao lado do marido, Edson Antônio

Amor em dose dupla

Por ser cega, ela acredita que o vínculo com os seus filhos é até maior. “Amor não é só ver. É também sentir e tocar”, afirma. Moradora do Santa Tereza há pelo menos 12 anos, Juliana caminha bastante pelo bairro e não raras as vezes é alvo de olhares. “Minha filha pergunta: ‘mãe, por que as pessoas olham tanto para você na rua?’. Respondo brincando: é porque minha acham bonita”, diz. O respeito a todos e a todas as pessoas independentemente de raça, crença, gênero é o maior legado que ela quer deixar aos filhos.

Além de transmitir bons valores para os filhos, ela diz que deseja dar amor, simplesmente. “Eu não tive isso, pois aos cinco anos deixei de conviver com a minha mãe biológica”, revela. Juliana foi criada por um casal, que a ajudou a seguir o seu caminho. Formou em direito, é servidora pública na promotoria do consumidor, é corredora e mãe!

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