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O último frango assado do supermercado


por Luis Borges, 28 de abril de 2022- Pensata publicada primeiro no blog Observação & Análise

Conversar sobre o cotidiano geralmente faz parte da pauta de muita gente diante de uma oportunidade que surge espontaneamente ou induzida por alguém que precisa falar por não aguentar guardar só para si o que aconteceu.

É interessante refletir e saber se posicionar diante de acontecimentos que surgem do nada e nos surpreende ao nos colocar, no mínimo, como figurantes numa determinada cena. Conforme as consequências e desdobramentos, dá até para ser classificado como testemunha integral ou parcial do ocorrido.

Nesse sentido, vale a pena relembrar o que aconteceu no domingo de Páscoa, dia 17 de Abril, num supermercado da zona norte de Belo Horizonte mais especificamente na região da Pampulha.

Um rapaz aparentando idade em torno dos 30 anos entrou no supermercado por volta do meio-dia. Seu foco era na compra de um frango assado para o almoço com a família em função da passagem da Páscoa, com sonhos e propósitos de mudanças para melhor, tanto em casa quanto na sociedade.

Ele foi rapidamente para o local de venda e lá foi surpreendido por uma cena inimaginável em andamento. Um senhor e uma senhora, ambos na faixa dos 65 anos, batiam boca numa disputa para definir qual dos dois consumidores teria o direito de comprar o último frango assado do supermercado disponível naquela hora do dia.

O senhor dizia que chegou primeiro e, na réplica, a senhora falou que viu o frango primeiro e que não admitia sair de lá sem ele. Diante da radicalização entre as partes em conflito, o rapaz acionou rapidamente o gerente, que imediatamente chegou ao setor.

Ele iniciou a tentativa de mediação entre os dois clientes explicando que o supermercado foi surpreendido por uma procura muito além da meta de vendas para aquele domingo. A senhora retrucou dizendo que não tinha nada a ver com o erro no estabelecimento da meta e que não abria mão do seu direito de comprar e levar o frango assado para casa, ainda mais que era o domingo de Páscoa. O gerente olhou para o senhor como que a dizer “me ajuda aí “. Enquanto isso alguns clientes iam chegando ao local e se posicionavam para aguardar a solução do problema.

Inesperadamente, o senhor disse que abriria mão do frango para que o impasse fosse resolvido e terminasse o constrangimento gerado pela situação, apesar do seu direito por ter chegado primeiro ao local.

Então, cada participante tomou seu rumo dentro do supermercado com a pequena plateia se desfazendo e a senhora com o seu precioso frango assado, mas mantendo um discreto ar de triunfo pelo resultado alcançado.

Por outro lado, o rapaz que chamou o gerente deixou o local e foi fazer a sua compra numa pequena mercearia a seis quarteirões dali e que tinha disponibilidade para entrega imediata. Ao chegar em casa, começou a contar para todos o que havia acontecido.

Você já presenciou ou foi parte de acontecimentos desse tipo, na Páscoa ou fora dela?

*Luis Borges é morador de Santa Tereza, economista e escreve o blog Observação&Análise

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