Causos de Santê: procissão na Bom Despacho - Santa Tereza Tem
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Causos de Santê: procissão na Bom Despacho

E a procissão não passa mais na Bom Despacho, por que será?

Nossa amiga Maria José Santos Gomes Soares e sua família deoito irmãos, (Alma, Ângelo, Elma Lúcia, Francisco, Maria da Conceição, Maria José, Maria Regina, Wanderley) criados na Rua Bom Despacho, fizeram um livro, “nossas Recordações”, onde relatam histórias curiosas sobre o bairro.

Ela conta uma lembrança de fato ocorrido em 1965 na Rua Bom Despacho (segundo quarteirão), explicando porque a Rua Bom Despacho foi cortada do roteiro das procissões.

Elma Lúcia, uma das participantes da confusão na época

As Procissões

Certa vez, minha irmã Lúcia e o Mário Baiano resolveram enfeitar o nosso quarteirão para a Procissão do Encontro, que iria passar na nossa rua. Munidos de um prego, barbante, cabo de vassoura, brocha e cal, os dois foram traçando um longo tapete na rua, muito reto e com vários recortes formando triângulos e outras figuras em sua parte interna.

O traçado foi ficando tão lindo, que empolgou os moradores, que passaram a preencher as figuras com serragem e palha de arroz pintada.

Essa atividade envolveu quase todos os moradores da nossa rua e dicou tão linda, que passou a ser roteiro obrigatório da Procissão do Encontro todos os anos.Tempos se passaram e enfeitar o nosso quarteirão para a procissão virou uma festa para os moradores, especialmente para as crianças, que se divertiam muito enquanto davam a sua contribuição.

Antiga casa da família Santos

No último ano em que a Procissão passou por nossa rua, os padres resolveram mudar: em vez da Procissão do Encontro, realizariam a Procissão da Ressurreição, que passaria à meia noite de sábado.

A esposa do senhor Paulo Garrucha, dona Terezinha, uma senhora moradora do primeiro quarteirão, que participava mais ativamente na igreja, veio nos dizer que os moradores desejavam enfeitar também o primeiro quarteirão, e propuseram como enfeite, igual para os dois primeiros quarteirões, um longo tapete todo vermelho e nada mais.

Diferentemente dos anos anteriores e para atender a sugestão da tal senhora, iniciamos a confecção do tapete todo vermelho. Para nossa surpresa, verificamos que os moradores do primeiro quarteirão prepararam algo bem diferente do que foi combinado: fizeram moldes de madeira formando várias figuras que eles iam colorindo com serragem colorida.

Capa do livro “Nossas Recordações”

A turma do nosso quarteirão ficou indignada com o golpe sofrido e em resposta a esta traição, o Lelei meu primo, junto de seu colega da Escola Técnica Federal, o Bata, escreveu com cal entre o primeiro e o segundo quarteirões, a foice e o martelo e as seguintes palavras: “Viva o PCB”.

Não é preciso dizer que se formou uma grande confusão. O senhor Rômulo, morador do primeiro quarteirão, desceu o nosso quarteirão pisando no nosso tapete, estragando tudo e querendo saber quem havia escrito tais palavras. Teve início uma grande discussão.

Só resta dizer que devido a este episódio, a procissão nunca mais passou na nossa rua.”Anos depois, Alcione Araújo (o Bata) se tornaria teatrólogo premiado, professor de teatro e assinaria uma coluna semanal no jornal Estado de Minas.

Que quiser o livro e conhecer muitas histórias das décadas de 50 e 60 é só mandar uma mensagem para  e-mail: elmavida@uai.com.br

OBS: Alcione Araújo, o Batata, que por sinal foi meu professor de teatro na Escola de Comunicação da PUC, faleceu em 2012.

Alcione Araújo participou da grande confusão, que acabou com a procissão na Rua Bom Despachlo

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