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Não existe negro apenas no Dia da Consciência Negra

Ser negro é uma questão de pele?

*Por Ângela Mathylde

  Por que celebrar o Dia da consciência negra, apenas no dia 20 de novembro? É como se a luta por direitos e preconceitos fosse relegada à apenas a um dia, ou mesmo durante o mês de novembro. Infelizmente, o desrespeito ao negro ainda é alarmante. O problema atinge, desde padrões culturais e, até mesmo, a questão de oportunidades profissionais. Mesmo séculos depois do fim da escravidão, o negro ainda segue sofrendo as consequências de uma marginalização violenta.

  Obviamente, a data é importante e significativa pela luta da raça, da igualdade e da potencialidade. “E por isso, a consciência precisa ser sobre o fato de não existe melhor, nem pior. O que existe é ser humano e enquanto houver vida, é preciso viver. Não existe pessoa menos validada por ser negra, branca, vermelha ou amarela”, afirma a psicanalista e neurocientista Ângela Mathylde.

“O que existe é ser humano e enquanto houver vida, é preciso viver. Não existe pessoa menos validada por ser negra, branca, vermelha ou amarela”. Ângela Mathylde.

   Infelizmente, o preconceito atinge, desde padrões culturais e de estilo, até a questão da empregabilidade e oportunidades na carreira. O negro ainda continua ganhando menos, menosprezado e com sua capacidade posta à prova, constantemente. “Os enfrentamentos da questão humana são iguais. Não existe diferença de competências e habilidades, é ser humano. Mas, será que as pessoas conseguem lidar com a diferença”?, questiona a psicanalista.

  De acordo com dados do Atlas da Violência 2021, elaborado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério da Ministério da Economia, e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), ligado ao governo do Espírito Santo, a chance de uma pessoa negra ser assassinada no país é 20,6 vezes maior que alguém não negro.

   Porque o que é ser negro? É uma questão de pele? Melatonina? Questão interessante, mas o que precisa ser direcionado é a questão do posicionamento.

*Dra. Ângela Mathylde, psicopedagoga, psicanalista, neurocientista, CEO da clínica Aprendizagem e Companhia – Saúde Integral e Conselheira Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).  Ângela é mestre e doutora em psicanálise pela Escola de Psicanálise Clínica do Rio de Janeiro e um dos grandes nomes da neurociência e aprendizagem, atuando desde 1983 em escolas publicas e privadas, instituições filantrópicas e clínicas desenvolvendo projetos de muita relevância. Mulher negra, enfrentou vários preconceitos ao longo de sua carreira, no entanto, persistiu mesmo enfrentando a dislexia.

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