Hoje é comemorado o Dia do Jornalista e, jornalista é o que não falta em Santa Tereza. Podemos citar alguns como Tião Martins (falecido há dois anos), Kerissom Lopes, Vanessa Albergaria, Luis Góes, o fotógrafo Paulo Márcio, Marcelo Fiuza, Iraê Torido, Robson Leite, Bianca Gianini, Eneida Costa, Marco Antonio Vale, Leopoldo Siqueira, Vanderlei Lima, o Pantera dos Inocentes, e outros que me desculpem mas falhou a memória.
E para homenagear os profissionais da imprensa, vamos falar de um jornalista, historiador, folclorista, grande conhecedor da música, seresteiro escritor e que apesar de não viver em Santa Tereza, tem um grande carinho pelo bairro. Sua relação com o bairro é tão grande que até já recebeu o diploma “Amigos do Bairro”.
Trata-se de Carlos Felipe Horta, que muitos devem conhecer pelas apresentações que ele já fez na Praça de Santa Tereza dos eventos Serestas ao Luar, show de Chorinho, apresentação de violeiros e presença na Confraria São Gonçalo.
Frequentador do Sobradão da Seresta, do carnaval do bairro, não dispensava, no fim de uma noite de trabalho, o macarrão do Bar do Bolão.
Carlos Felipe no alto dos seus 83 anos de vida e quase 60 de profissão, é um “dinossauro”, no jargão dos jornalistas, além de ser uma pessoa de coração grande e posso disser que tem mais conhecimento geral do que muita gente com doutorado.
De mente inquieta e viciado em trabalho, nesse tempo atuou no rádio, na TV e no jornal impresso, além de professor, assessor de comunicação, é tanta atividade que não dá pra falar de tudo.
Sociólogo por formação, sua história com o jornalismo teve início em 1962, no Jornal Binômio, extinto logo depois do golpe de 64, que reuniu os grandes nomes do jornalismo mineiro naquela época. Atuou nas rádios Itatiaia, Guarani, Mineira, Universidade e Inconfidência, nos jornais Última Hora, Diário de Minas, Estado de Minas, Jornal da Cidade e Diário da Tarde e nas televisões Itacolomi e Alterosa.
No jornal Estado de Minas, em sua página semanal dedicada à cultura e à música, foi responsável pela divulgação do trabalho de muitos músicos mineiros, inclusive os do Clube da Esquina. Ainda na música criou vários programas de rádio como Abbey Road Beatles, Só Brasil, Clássicos do Sertão, entre outros.
Professor da Escola de Jornalismo da PUC (Pontifícia Universidade Católica – 1973 a 2008), foi mestre de muitos profissionais que atuam hoje na imprensa, inclusive eu. Foi meu grande mentor na profissão, que escolhi. Essa convivência profissional caminhou para uma grande amizade e quando em vez, ele colabora voluntariamente com o Santa Tereza Tem nos brindando com seus textos impecáveis.
A frase vista em camisetas e em vários locais, “Amo BH radicalmente” é de sua autoria, da época em que foi assessor de Comunicação Social da Secretaria de Estado do Turismo (2002 a 2004) e do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau (2004 a 2007).
A seresta foi a sua grande ligação com Santa Tereza, assunto do qual ele conhece bem, pois foi o criador do Seresta ao Pé da Serra, que nas sextas-feiras, teve palco no Parque das Mangabeiras, durante mais de 27 anos. Assim como o Minas ao Luar, Mesa de Boteco e o Festival de cultura e Tradições Mineiras e Poesia na Praça.
Como folclorista foi um dos criadores da Missa Conga em Minas Gerais, presidente da Comissão Mineira de Folclore, conselheiro do Centro de Tradições Mineiras, diretor do Centro de Referências da Cachaça no Brasil, Capitão Honorário das Guardas de Nossa Senhora do Rosário do Estado de Minas Gerais, diretor da Associação Brasileira dos Jornalistas em Turismo, vice-presidente da Associação dos Veteranos Jornalistas de Minas Gerais, entre outras ações.
Por ser um repórter, historiador e curioso por natureza, em cada viagem, trazia alguma raridade. Então sua casa é um museu. As paredes são cobertas por pinturas de inúmeros artistas mineiros, peças de artesanato de toda Minas Gerais. Tem até dois capacetes com furo de bala, da época da Revolução de 30 e da II Guerra Mundial.
Ir a sua casa, no Bairro Glória, onde vive entre árvores frutíferas, cães e gatos, é uma verdadeira aula de história interativa. Pra ter ideia, a porta de uma das estantes é feita por um vidro usado no vagão do trem que trouxe D. Pedro II a Minas Gerais, em 1831. Esse é um dos seus grandes orgulhos.
Sua discoteca é mais completa do que de muitas rádios. São mais de 64 mil discos, entre LPs, discos de 48 e 78 rotações e Cds. Há obras raras, que não serão encontradas no mercado do disco. Seu passatempo na pandemia e é digitalizar os discos e lá se vão, segundo ele, milhares de horas de gravação.
Como é fã de uma branquinha, em suas andanças, foi recolhendo garrafas do precioso líquido, aqui e acolá, e hoje tem uma coleção de cachaça de diversas regiões do país, de fazer inveja a todo cachaceiro que se preze.
Por meio de Carlos Felipe o meu abraço e respeito aos e às coleguinhas de profissão, que se preocupam em mostrar os fatos verdadeiros, sem fakes e muitos dos quais correm riscos, ao se esforçarem para trazer aos leitores notícias da guerra, catástrofes, policiais, por exercerem seu direito da liberdade de imprensa doa a quem doer e atualmente na pandemia.