*Por Sérgio Mitre
Nesses tempos de pandemia, as crianças ficam malucas quando chega uma entrega. Querem ver o entregador. Querem interagir.
Geralmente chegam ao alpendre antes de mim. Dão bom dia ou boa tarde, trocam uma ideia.
Dia desses, isso tudo ocorrido, o rapaz entrega as compras. Vejo que ele está tímido, ressabiado. Não entendo de vez. Mas vamo que vamo na higienização. Terminada a entrega, o motoboy vai rápido pra moto, as crianças gritam, em uníssono, “tenha um bom dia”; “bom trabalho”.
O sujeito desce da moto, olha pra mim e diz: – Do caralho, cara. Sobe na moto rápido e vai embora. Agora eu entendi tudo.
Vou ter trabalho pra decifrar esse elogio à dupla. Mas foi isso mesmo.
*Sérgio é morador de Santa Tereza, históriador, poeta e pai da duplinha Violeta e Pablo, as crianças mais divertidas, questionadoras e educadas que conheço.