Na década de 60, alguns jovens de Santa Tereza tinham por lazer ir a pé do bairro ao que chamavam de Piquinho na Serra do Curral, na verdade Pico Belo Horizonte.
Quem conta essa história é Luiz Trópia, sociólogo e folclorista, nascido e criado na Rua Epidoto. “A gente juntava a turma na minha casa, na Rua Estrela do Sul com a Epidoto, partíamos pela manhã. Era uma farra.”
O caminho seguido era atravessar a antiga Ponte do Cardoso, chegar em Santa Efigênia e subir a Rua Fluorina toda vida, passando perto do Hospital da Baleia, subindo e descendo morro em meio à mata, até chegar ao Piquinho, o Pico Belo Horizonte. Como quase todo mundo naquela época arranhava um violão, lá no alto, apreciando a natureza, rolava cantoria.
Luiz relembra que “era uma caminhada desgastante, mas compensadora. O prazer de chegar ao ponto mais elevado de Belo Horizonte, curtir a vista da Capital, de Sabará, Nova Lima, tendo ao fundo o Pico do Itabirito valia a pena’.
Naquela época, segundo ele, “a Serra ainda era intacta. Não havia aquele buracão d’água do outro lado, causado pela exploração do minério. Não havia casas e prédios. Hoje já está quase tudo povoado. Mas, recordar é viver”.
Diferente de há 60 anos, quem subir ao Pico Belo Horizonte, vai encontrar um cenário de destruição. Quem quiser conhecer, pelo menos o que restou, se apresse em visita-lo antes que ele deixe de existir.
Quem fala sobre isso é Arthur Nicolato, integrante da Amojat – Associação dos Moradores do Bairro Cidade Jardim Taquaril, grupo comunitário que defende a Serra do Curral.
Segundo Arthur Nicolato, o Pico Belo Horizonte está ameaçado por um projeto de mineração chamado Conjunto Minerário Serra do Taquaril, liderado pela empresa Cowan (a mesma do viaduto, que caiu em 3 de julho de 2014, na Avenida Pedro II e que deixou duas pessoas mortas e dezenas de feridos).
O projeto prevê derrubar toda a margem de Nova Lima do Pico e criar uma cratera atrás desse importante símbolo da nossa cidade. “Infelizmente a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas não parece ter nenhum apreço ao piquinho, um patrimônio da cidade”.
Apesar da mineração estar parada por ordem judicial, a cidade ficou com um passivo ambiental sem recuperação efetiva. Por isso, a Amojat defente que a área da antiga Mina Corumi seja integrada aos Parques da Baleia e Mangabeiras.
Saiba mais sobre o assunto no link Amojat – Associação dos Moradores do Bairro Cidade Jardim Taquaril