A Audiência, que tratou da questão do asfaltamento de ruas calçadas dos bairros Santa Tereza e Cruzeiro, chamou a atenção pela ausência: ausência dos representantes convidados da Prefeitura (José Henrique de Oliveira Neto – Coordenador de Atendimento Regional Leste; Henrique de Castilho Marques de Sousa – Superintendente de Desenvolvimento da Capital – Sudecap), e do vereador Catatau responsável pelo pedido de asfaltamento das ruas no bairro Cruzeiro e do vereador “anônimo” (já que ninguém sabe quem é) no caso de Santa Tereza.
A ausência dos representantes da prefeitura, foi criticada por todos os presentes, já que a Audiência é um canal para troca de ideias entre a população e o executivo. Esvaziou o debate e demonstrou a falta de respeito e interesse do executivo em manter um diálogo com as comunidades envolvidas.
Outro detalhe, não menos importante, apesar do horário da audiência ser complicado, 10h, foi o pequeno comparecimento de moradores das duas áreas em questão, já que o tema gerou bastante polêmica, no mês de janeiro, quando houve o asfaltamento nos dois bairros.
Estiveram presentes por Santa Tereza, como convidados, a Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), representada pela diretora Flávia Julião, e Brígida Alvim, representando o Movimento Salve Santa Tereza. Representando o bairro Cruzeiro, a diretora da Associação dos Moradores do bairro, Maria Regina Reis Ramos.
Santa Tereza
Brígida Alvim ressaltou que “se o asfaltamento das vias é proibido pela própria prefeitura, através das diretrizes do tombamento do bairro e da ADE (Área de Diretrizes Especiais), e a própria prefeitura desrespeita a lei, quem vai respeitar? ”
E esse desrespeito à legislação, segundo ela, abre um precedente e trata-se de um sério risco à preservação da qualidade de vida do bairro em vários aspectos. “Nessa questão do asfaltamento das ruas perpendiculares à Salinas e Mármore, traz problemas para as partes baixas na época das chuvas, como ficou demonstrado com o rápido alagamento da Avenida Silviano Brandão, por exemplo. Isso sem falar da velocidade dos carros, que nas descidas principalmente, aumentam os riscos de acidentes, já que muitas crianças vão para a escola a pé e muitos idosos transitam pelas ruas. E também quanto a garantir as normas que regem a preservação do modo de vida local, por meio dessas leis ”.
Brígida Alvim também informou que o movimento Salve Santa Tereza, por meio do levantamento de um de seus integrantes, Izinho Benfica, constatou que das 60 ruas que compõem o bairro, 35 estão pavimentadas ou remendadas com placas de asfalto e 25 preservam o calçamento pé de moleque, que remonta à segunda década do século XX.
Já a Flávia Julião da ACBST falou sobre a constante luta contra o mercado imobiliário e pela preservação da ADE de Santa Tereza. E que estavam ali discutindo um assunto que já está definido pela Lei, que é há constantes tentativas de burla-la. Lembrou ainda que a solo, não é um problema apenas de Santa Tereza, mas de toda cidade.
Cruzeiro
Maria Regina Reis, representante da Associação de Moradores do Cruzeiro, lembrou que as ruas do bairro, surgido na década de 60, eram todas de calçamento em pedras, mas que também estão sendo asfaltadas. Ela ressaltou que as ruas são íngremes e a impermeabilização do solo influencia nos alagamentos das partes baixas do bairro.
Ela insistiu na questão da conscientização da comunidade e da Sudecap, lembrando de haver moradores que preferem o asfalto, por permitir maior velocidade no tráfego. Mas que essa velocidade significa riscos para os pedestres e aumenta a chance de acidentes. Maria Regina ressaltou ainda, que existem outras opções de asfaltamento, como um tipo mais permeável à água da chuva e utilização de técnicas alternativas como fazer um tapete central de asfalto e deixar as laterais com calçamento.
Decisões
Ficou definido ao fim da audiência que o vereador Pedro Patrus encaminhará pedido de informação à Prefeitura sobre o asfaltamento nos Bairros Santa Tereza e Cruzeiro, (quem mandou asfaltar, quanto foi gasto e o porquê), sobre um projeto firmado entre o Ministério Público e a PBH para restauração das vias originais em Santa Tereza e sobre as obras do Plano Global Específico (PGE) na Vila Dias/Santa Tereza, que já se arrasta há mais de 10 anos.