Ateliês de Santê: Os bonecos do Leo - Santa Tereza Tem
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Ateliês de Santê: Os bonecos do Leo

Imagens e reportagem de Isa Patto

Quem passa no final da Rua Ângelo Rabelo, se der sorte, pode admirar os inúmeros super-heróis e animais na entrada da casa de Leonardo Ferreira da Silva, o Leo. Com 35 anos, nascido e criado na Vila São Vicente de Santa Tereza, que há 13 anos faz bonecos e esculturas em isopor, para festas, eventos e shows.

Autodidata ele desenvolveu a arte de criar bonecos de forma primorosa e detalhada, sem nunca ter feito aulas de desenho, escultura ou pintura. É simplesmente um dom, que ele desenvolveu com o passar do tempo.

Leo e o Capitão América

Desde pequeno, Leo sempre gostou de desenhar e aos 13 anos ficava até de madrugada com o lápis na mão. “Desenhava o tempo todo. Na escola todo mundo sempre me pedia para fazer as capas dos trabalhos. Infelizmente não tenho nada guardado daquela época”, lamentou.

Devido as condições financeiras da família, Leo começou a trabalhar cedo e aos 15 anos fazia acabamentos e pintura de parede em obra.  Aos 18 anos, sua tia lhe arrumou um emprego em uma loja de festas.  Ele conta que “nessa época parei de estudar. Eu fazia de tudo lá e muitas vezes trabalhava a noite. Eles compravam os bonecos de decoração no Rio de Janeiro que as vezes chegavam estragados, pois eram frágeis,. Como minha chefe sabia que eu já tinha trabalhado com pintura, me pediu para tentar restaurar as peças estragadas. Eu fiz, gostei e comecei a arrumar o que estragava”.

Nessa época Leo começou a fazer pequenos bonecos. Ele conta que “na loja retalhos de isopor sobrando, então esculpi com estilete alguns personagens para mim. Eram os bonecos, que quando criança eu queria e minha mãe não podia comprar. Usava meu horário de almoço e um dia Meu patrão viu, gostou e falou que eu ia começar a fazer para ele. Não tinha ninguém que fazia isso aqui em BH. Foi assim que começou toda minha história com os bonecos em isopor”, explicou.

Em 2003, loja fechou e Leo começou a trabalhar por conta própria e vender para outras lojas de festas. “Nessa época adicionei a fibra de vidro com resina ao isopor para dar mais resistência às peças. Minha esposa ia às lojas para vender e eu fazia os personagens que me encomendavam que normalmente variavam de 50 cm a 1,5m de altura. Desde então, estudei bastante, pesquisei e melhorei minha técnica para me manter no mercado, ele relembra.

Em 2018,conheceu um produtor de eventos e o mercado de trabalho e o tamanho de suas peças ampliaram, pois começou a produzir para cenários de shows ou festas. “Meu irmão trabalhava com esse produtor, que comprado em São Paulo um Buda de 2,5m de altura que chegou quebrado. Então meu irmão falou sobre mim. Fiz o Buda do jeito e tamanho que ele queria e desde então nos tornamos parceiros. Hoje em dia produzo para lojas de festas e para esses eventos”, explicou.

Processo de trabalho (Vídeo)

Leo começa seu trabalho sempre com um bloco de isopor. Em uma mesa com um fio que esquenta ele cortar o isopor conforme o desenho que foi feito.  Dependendo do tamanho da peça ele faz em duas, três ou quatro partes para depois uni-las.

O próximo passo é esculpir com o estilete. Depois de pronta a peça é coberta com resina e fibra de vidro que quando seca recebe uma camada de cimento industrial ou massa corrida com resina. A peça é lixada, pintada e por fim envernizada. Ele conta que já chegou a fazer 10 bonecos de um metro de altura, por semana e que uma peça de três metros, por exemplo, demora em torno de uma semana para ficar pronta. 

Para encomendar os bonecos do Leo ou conhecer melhor sua arte: 9286-3852

É bom demais morar em Santa Tereza

A mãe de Leo é baiana e seu pai, mineiro de Santê.  Ele comenta que “quando minha mãe engravidou, ela descobriu que meu pai era casado.  Então, minha avó veio nos buscar, quando eu tinha um ano e fui para a Bahia.  Aos três anos, voltamos para Belo Horizonte e viemos morar na Vila São Vicente, onde sempre vivi, mesmo depois de casado. Depois mudei com a família para o bairro Cachoeirinha, mas minha oficina continuou na Vila. A mudança não durou muito, pois um ano depois estava de volta, morando na rua Mármore”

O casamento acabou, mas ele continua em Santa Tereza. “Estou morando, por enquanto, aqui na casa de um amigo. Adoro o bairro, todos meus amigos moram aqui, onde passei minha vida toda. Tudo que aconteceu comigo, de bom ou ruim, foi na Vila São Vicente. É bom demais morar em Santa Tereza! Se eu puder escolher, não pretendo sair daqui”, diz ele.

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