Quando se trata de o poder público atender os mais carentes, tudo anda mais, bem mais devagar. Um exemplo disso, é o Plano Global Específico, o PGE da Vila Dias, em Santa Tereza, cujos estudos foram realizados em 2013 e até hoje, sete anos depois, nada foi feito em relação ao previsto para tornar o local mais adequado para se viver. Isto inclui saneamento básico, abertura de vias, ações educativas e regulação fundiária. Na época, os custos da implantação do PGE ficariam em R$ 9.900.330,98.
Todo o estudo do local foi feito, levantada as obras necessárias, gasto um dinheiro nesse trabalho e até hoje continua no papel. Nesse período muita gente já mudou, outros morreram, outros nasceram, e tudo continua na mesma. Sem saneamento básico, becos estreitos, falta de lazer, de saúde e empregos.
Para cobrar da Prefeitura essas ações, a Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST) pela primeira vez, fez uma assembleia na Vila. Assim, convidou representantes da Urbel (Companhia Urbanizadora de BH) para participar da reunião, realizada, no dia 16 de dezembro com os moradores da Vila.
Estiveram representando a URBEL, Vera Cristina de Sousa Lima e Helen Cristina Alkmim Tavares, que fizeram uma apresentação do Programa para a Vila Dias, que foi realizado em 2013. Entretanto, não foi apresentado nada de concreto para a implantação das intervenções previstas no PGE.
Débora Cristina Silva, graduada em Administração, nasceu na Vila há 32 anos. A sua casa foi construída pelos avós no início da Vila e depois passou para sua mãe, onde ela criou seis filhos. Débora observa que “já participei de várias reuniões eu vejo que hoje a gente, bairro e Vila, estamos reunindo força e assim eu tenho a esperança da mudança para melhor. Precisamos capacitar as nossas crianças, legalizar a situação das moradias, gerar emprego e melhorar as coisas básicas que o ser humano precisa. Ainda é precária a situação de algumas famílias. Precisamos acabar com essa distância de lá de cima e aqui de baixo. O bairro é um só”.
Débora Cristina da Silva comenta que ela é a primeira da família a ter um curso superior e que foi conquistado com muita dificuldade. Segundo ela, “ hoje com o conhecimento adquirido, posso falar com propriedade e lutar pela comunidade. Precisamos implantar cursos para os jovens, aula de reforço, e estimular para que entrem numa faculdade. Eu só aprendi o que era uma faculdade dentro do meu trabalho. É com educação que vamos mudar as coisas”.
Luis Carlos de Oliveira, mais conhecido como Cadeado, antigo morador da Vila, considerou, apesar de não ter sido apresentada uma solução para o PGE, a reunião produtiva, pois sentiu pela primeira vez, que é possível a união do bairro com a Vila.
Ele comenta que “a Vila é parte do bairro, que é tranquilo e preservado, amo a Praça Duque de Caxias e depois de ir à missa, sempre passo por lá. Sobre a reunião, a falha foi ter sido apresentada uma pauta que a gente já conhece há anos. A prefeitura tem interesse nesse espaço e ela pode investir aqui. Então é interessante que haja outro encontro com pessoas responsáveis pelo orçamento, para termos uma perspectiva de quando será feito o PGE”.
Ele comenta que “.Temos o complexo do Campo de Santa Tereza que deve ser usado para capacitar os adolescentes e trazer educação e lazer para toda Vila. Outra questão é que precisamos do estado estar aqui dentro, com uma polícia preventiva e não repressiva como é hoje”.
Ficou acordado que uma nova reunião, depois das festas de fim de ano, será marcada com os representantes da Urbel responsáveis pela questão orçamentária, para que deem uma resposta à perspectiva de implantação das intervenções previstas pelo PGE. Para que saiam do papel.
Rede Lixo Zero
Durante a reunião, Vilma Estevam, presidente da Coopersol Leste, cooperativa de catadores integrante da Rede Lixo Zero Santa Tereza, apresentou o projeto aos moradores para que seja feita uma parceria com os catadores, residentes na Vila, para que possam trabalhar durante o Carnaval na coleta de resíduos gerados pelos foliões.