A morte e as mortes de André - Santa Tereza Tem
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A morte e as mortes de André

Hoje, quando se comemora o Dia do Livro, morre o escritor, jornalista e editor André Carvalho. O povo novo não deve conhecer muito sobre ele, mas teve um importante papel nas décadas de 60, 70 e 80, não só no jornalismo, mas no setor editorial. Abaixo o texto sobre ele assinado pelo jornalista Carlos Felipe Horta.

Acabo de saber da morte de André Carvalho, amigo e companheiro antigo desde os tempos do Binômio, passando, depois, pela Itatiaia, Guarani, Mineira, TV Itacolomi, Armazém de Idéias e tantos outros lugares.

André Carvalho – Foto do Facebook

Esta relação de amizade nos permitiu participar de momentos que, hoje, fazem a História da Comunicação em Belo Horizonte e Minas Gerais. Como o Grande Jornal Hércules e Grande Jornal Itatiaia, na Itatiaia, os Primazes na Guarani; o Factorama, na Mineira; a Universidade Popular da Manhã, o Sérgio Bittencourt, Obrigado, na TV Itacolomi, e em tantos outros lugares e momentos em que André colocou sua genial criatividade de comunicação.

Ao sair do rádio e tevê, tornou-se editor de livros e tivemos, onde tivemos a oportunidade de, inclusive, ter lançado, no Brasil e em Cuba, a primeira tradução, pára o português, dos “Versos Sencillos”, do herói cubano José Marti.

Sinceramente, não sei quantos livros André escreveu. Foram muitos, incluindo um antológico levantamento dos jornalistas mineiros. Entre os muitos parceiros que teve destaco dois “caras” geniais, Sebastião Martins e Célius Aulicus. Ganhador de tudo quanto é prêmio literário, destaco o internacional “Casa de Las Americas” . E quando se pensava que o curvelano André iria parar um pouco, lá vinha ele com uma nova criação.

Até que nos últimos tempos, ele se recolheu e não sei quantas vezes circulou a informação de que teria morrido. Agora, porém, infelizmente, parece ser verdade mesmo. E com ele morre uma pessoa que, lutando contra uma deficiência física, conseguiu se transformar um pouco em lenda, mesmo estando vivo.

Perco um grande amigo e uma pessoa que foi fundamental na minha vida profissional, quando o Binômio foi fechado, em 1964, por causa da Revolução, me levou para a Itatiaia, me dando a oportunidade de viver um grande momento histórico, quando a emissora de Januário Carneiro foi um dos únicos meios de comunicação a manter acesa, pelo menos em parte, a chama da liberdade jornalística, tão preciosa para quem é realmente jornalista.

Uma pena a morte de André mas a lenda em redor dele vai permanecer cada vez mais viva.

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