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Por que o Santa Tereza é tão querido?

Marco Antônio Vale Gomes – Jornalista e morador do Santa Tereza

Em setembro de 1990 nosso historiador Luís Góes publicou a “REVISTA DO BAIRRO DE SANTA TEREZA”. Um belo trabalho de pesquisa que é útil para quem quer conhecer a história do nosso bairro. Depois tivemos outras iniciativas até que chegamos ao nosso portal SANTATEREZATEM.

Igreja de Santa Teresa e Santa Teresinha e Rua Mármore

Com tudo isso, fica uma pergunta: por que nosso bairro é tão querido, a ponto de merecer publicações como a revista do amigo Góes, de ser objeto de reportagens da imprensa e de pesquisas escolares – desde as feitas por estudantes do ensino fundamental até por universitários? Por que nossas feiras são tão prestigiadas por gente de todos os bairros belo-horizontinos e até de outras cidades?

Na comemoração dos 119 anos, vale a pena pensar um pouco nisso. Acredito que sejam várias as razões, mas uma parece ser a mais importante: o povo santaterezense. É um povo diferente. Vocês já viram, em outros bairros, pessoas desconhecidas se cumprimentarem na rua? – Bom dia! Boa tarde! Como vai?

Ou vocês já viram em outros bairros a comunidade se unindo e lutando por objetivos comuns, criando movimentos como o “Salve Santa Tereza” para enfrentar a especulação imobiliária? – Movimento que deu origem, na década de 90, à A.D.E. Santa Tereza, que impede o “espigamento” do bairro e vale até hoje. Impediu, também, a transformação do Mercado Distrital em sede da Guarda Metropolitana ou em escola de mecânica da FIAT/FIEMG. (Já imaginaram 3.000 estudantes – e seus professores, seus carros e seus ônibus – vindos de todas as partes, sumindo com nossas ruas tranquilas e sossegadas?…) E a torre “mais alta da América Latina” e seu estacionamento de 4.400 carros, fazendo a mesma coisa?

Onde vocês já viram proprietários de casas tombadas pelo patrimônio histórico se alegrarem com isso? – O normal são reclamações pelo tombamento. Aqui, não. Pouquíssimos reclamaram, quando mais de 200 imóveis foram tombados. A maioria se alegrou e comemorou porque a especulação imobiliária foi afastada.

Os moradores mais tradicionais e antigos ensinam a seus filhos uma expressão que pouca gente contesta: “Santa Tereza, capital de Belo Horizonte”. É uma brincadeira, mas tem um fundo de verdade.

Praça Duque de Caxias: ponto de encontro, o coração do bairro

Não é por outra razão que o ex-prefeito Márcio Lacerda, em entrevista por escrito ao nosso SANTATEREZATEM / STT, disse que “os moradores do bairro Santa Tereza têm um sentido de pertencimento muito raro”. Realmente temos. Nosso bairro nos pertence e fim de papo. Todos são bem vindos, mas desde que se adaptem ano nosso modo de vida – “our way of life” como dizem os americanos…

Um novo morador, Luís Fernando – no bairro há menos de cinco anos – sai todos os sábados e domingos, a pé ou de bicicleta, para circular pelo bairro, ir às feiras e brechós, etc. Faz fotos, manda para o STT. Outro dia, ao mandar uma foto de um carro estacionado na faixa de pedestres da Igreja de Santa Tereza e Santa Teresinha, obteve quase 1.500 “views” no portal, com aplausos e comentários favoráveis. Imaginem se isso acontece em outros bairros…

Agora, em 2019, os moradores se mobilizaram para mais uma conquista: lutamos, defendemos e conquistamos mais uma vitória contra a especulação imobiliária: o QUILOMBO SOUZA já é uma realidade. Comunidade quilombola ameaçada – manu militari – de despejo, teve seus direitos reconhecidos após ampla mobilização, desde seus integrantes até vereadores e deputados estaduais, passando pelos moradores. É mais um diferencial de Santa Tereza: temos um Quilombo Urbano dentro de nossas fronteiras. Imaginem essa área histórica, cheia de árvores, invadida por prédios de apartamentos…

Movimento de resistência da Vila Teixeira\Quilombo Sousa

Chega o carnaval e o Santa Tereza, se não toma cuidado, recebe todos os blocos e bandas da cidade. Mas ruas são interditadas para garantir o sossego de alguns e as brincadeiras de muitos. A alegria é a bola da vez, mas não dá para aceitar abusos. E isso não existe mais, fruto de parceria dos moradores com os foliões e com os órgãos e entidades como BHTrans, Polícia Militar, Guarda Municipal, etc.

Comemoramos os 119 anos do nosso bairro com om uma festa simples, mas que se anuncia como um “trailer” do que será no ano que vem, nos 120 anos. A festa vai ser de arromba.

Aproveitamos para desafiar (no bom sentido, claro…) nossos produtores culturais, como a Perla Horta Machado e outros, nossos historiadores como o Luís Góes e outros, a se desdobrarem e produzirem uma comemoração para ficar na história. Ei, Góes, que tal a “Revista dos 120 anos?”  Nosso portal estará – com a força de Deus e das Santas Tereza e Teresinha – de mãos dadas com quem se dispuser a enfrentar o desafio.

         Afinal, ninguém faz 120 anos impunemente…

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