Escritores de Santê: Libério Neves - Santa Tereza Tem
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Escritores de Santê: Libério Neves

Rafael Campos – 2016 – atualizada em 12/08/2019

Faleceu hoje, 12 de agosto, o escritor e morador de Santa Tereza, Libério Neves. Velório de 11 ás 14h, à Rua Domingos Vieira, 600.

Em Santa Tereza, reside um dos grandes escritores mineiro, Libério Neves, o amante das palavras e das letras.  

É em uma simpática casa, daquelas que se tem o costume de apelidar de “Casa de vó” que o escritor Libério Neves, de 78 anos, dedica grande parte do seu tempo à função de revisor. “Apesar de morar em Santa Tereza, nunca fui muito da vida noturna, gosto de ficar neste mundo”, diz o escritor, enquanto Marisa, com quem é casado há 52 anos, prepara mais um almoço de sábado.

O dom para a escrita já ensaiava aparecer na adolescência, mas foi na década de 1960, marcada pela dor da perda do primeiro filho, que Libério Neves produziu o livro “Pedra Solidão”, pela Imprensa Oficial de Minas Gerais. A publicação lhe rendeu inúmeros elogios, além da confiança para seguir em frente rumo ao mundo das palavras. “Comecei a escrever de maneira séria, com a intenção de mostrar aos outros o peso que carregava comigo”, afirma o pai de três filhos (Adriano, Ariano e Libéria), e avô de três netos. Seu estilo era marcado pelo concretismo, escola literária que demonstrava força na época.

De Goiás para Santa Tereza

Goiano, nascido na cidade de Buriti Alegre, Libério veio para Belo Horizonte continuar os estudos e ingressar no curso de direito na UFMG. Meio a contra gosto da esposa, Marisa, o poeta trocou o bairro Floresta pelo vizinho, Santa Tereza. “Hoje, ela também se apaixonou pelo bairro e não quer se mudar nunca mais”, revela.

Enquanto isso, a carreira literária ganhava corpo e força. Estudioso da língua portuguesa e da literatura brasileira optou por navegar em outras ondas. “A partir do segundo livro já comecei a me distanciar das experiências do concretismo, pois precisava usar um discurso mais despojado, precisava de mais liberdade”.

 E sob a influência de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto que Libério resolveu experimentar novos sabores literários, sem perder, é claro, a elegância linguística, traço marcante em sua escrita. Sob este clima nasceu “O Ermo”.  

No início da década de 1970, resolveu enveredar para a prosa, mas sem deixar de lado a poesia, nascendo: “Pequena memória de terra funda”, “Solidão dos muros” e “Mil quilômetros redondos”.

 Na década seguinte, literalmente, o quintal de sua casa lhe forneceu inspiração para lançar a primeira obra infanto-juvenil, “Que Tal Nosso Quintal?”. “Passei a observar o quintal de nossa casa e percebi que havia outro mundo ali, com árvores, plantas, flores, além de um papagaio, pardais, rolinhas, pombos e até criação de galinha garnizé”, diz. “Identifiquei-me com o menino que sempre fui e que convivia com este cenário na infância”, acrescenta.

Recendo o Diploma de Amigo do Bairro das mãos de seu Adilson

Hoje, o menino que beira os 80 anos – com quase 30 obras, sendo 19 para o público infanto-juvenil – em breve, irá lançar “Papel Passado”, pela editora UFMG, reunindo seus principais poemas e prosas. Será uma ótima oportunidade de conhecer o trabalho de mais um ilustre morador de Santa Tereza, que traz consigo a paixão pelas palavras e pelas letras.

Premiações

Prêmio Cidade de Belo Horizonte – 1964.
Livro: Pedra Solidão (Poesia).

– Prêmio Cláudio Manoel da Costa – Secretaria Estadual de Cultura – 1969.
Livro: O Ermo (Poesia).

– Prêmio Cidade de Belo Horizonte – 1972.
Livro: Circulação de Sangue (Poesia).

– Prêmio Cidade de Belo Horizonte – 1977.
Livro: Força de Gravidade em Terra de Vegetação Rasteira (Poesia).

– Medalha Santos Dumont – 1997.

Vídeo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais / Publicado em 28 de mai de 2018

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