Marco Antônio Vale Gomes
Há uns 20 anos, quem diria que uma mulher iria entrar para a Polícia Militar, fardar-se – inclusive com colete balístico (à prova de balas) e arma de fogo – e exercer o policiamento ostensivo, preventivo e repressivo? Enfrentar bandidos, desbaratar tumultos e, às vezes, com sua simples presença em uma “base”, desestimular criminosos e inspirar confiança aos moradores? – Seria uma função para mulheres?
Não só “seria”, como já é. Milhares de mulheres estão na PMMG, a maioria na linha de frente do combate ao crime. Acabou aquela história de “donas-de-casa”, de “fragilidade feminina” e outras. As mulheres assumiram todos os espaços profissionais, mas não perderam nem a ternura, nem o charme. E conquistaram espaço na bicentenária PMMG e nos corações e mentes dos mineiros.
No mês de Março, quando homenageamos as mulheres, conversamos com uma vizinha nossa que, embora Farmacêutica formada pela UFMG, optou pela carreira militar. Enfrentou o Curso de Formação de Soldados e, depois, o Curso de Formação de Sargentos, ambos reconhecidos como cursos superiores.
Nossa vizinha, a Sargento Karla Santos Rocha mora bem aqui, no bairro Santa Tereza. Fomos encontrá-la na Base de Segurança Comunitária da PM na Sagrada Família onde ela está desde setembro/2017, como Soldado (na função de motorista/patrulheira).
Afastou-se para fazer o Curso de Formação de Sargentos (13 meses) e voltou para a Base em dezembro/2018, agora como Comandante. Sua função anterior agora é exercida pelo Soldado Matheus Botelho.
Irradiando simpatia, a Sargento Karla nos contou que está na PM há pouco mais de cinco anos e mudou-se para Santa Tereza há uns três anos, “para ficar mais perto do quartel. Eu e meu marido já gostávamos do bairro, principalmente por seu estilo de cidade do interior. Mudamos e estamos muito felizes aqui”.
Quem vê a Sargento em seu posto de trabalho não imagina, mas ela já enfrentou bandidos e, claro, corre os riscos normais da profissão. “Aqui, na PM, o tratamento e o treinamento são iguais, para homens e mulheres. Todos estamos igualmente preparados para enfrentar riscos, conter tumultos, etc.”
Quanto ao preconceito, ela diz que ainda há alguma resistência. “Mas muito pouca. A grande maioria do público entende bem a função da policial feminina e nos apoia.”
Quanto ao preconceito e até ao assédio no quartel a Sargento Karla é enfática: “não mesmo! Nunca sofri ou fiquei sabendo de colegas próximas com esse problema. O que vejo é respeito e consideração por parte dos colegas e dos superiores”.
Para encerrar, a Sargento Karla fala novamente do bairro. “Gostamos muito, meu marido e eu. Frequentamos alguns eventos, alguns restaurantes, o Bolão, por exemplo, algumas feiras de artesanato e pretendemos circular cada vez mais, sempre que possível.”