A garrafa esquecida - Santa Tereza Tem
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A garrafa esquecida

Robson Leite

Duas semanas passando por ali e ela no mesmo lugar. A garrafinha de cerveja da foto, estacionada numa beirada de casa, no entroncamento da Salinas, Paraisópolis e Bocaiuva.

Ficava lá.

Sempre eu passando, olhando pra ela, e a garrafinha no mesmo lugar. Por dias e dias. Talvez estivesse naquele espaço desde o carnaval, vai saber. Não culpo os donos da casa, não. Alguém pôs ali e eles não viram. A entrada é do outro lado.

Fato é que no vigésimo cruzamento do meu olhar com aquela coisinha fora de lugar, me cansei. Fiz as fotos pra registrar. Peguei. Até catei outra no trajeto, também largada. Joguei ambas no lixo.

Eu teria um trabalhão se catasse todas as long necks que encontrasse no caminho em minhas andanças pelo bairro.

É muita garrafinha. E latinhas também. Povo bebe e larga onde for. Nos pontos de ônibus, nas portas das casas. Os botecos tem obrigação de limpar o que estiver em seu perímetro.

Mas e o que vai pra além?

O bairro tem a fama de boêmio e acaba que as pessoas confundem conceitos de liberdade. Ninguém está livre de manter a rua, o bairro, a cidade, tudo limpo. Bastam gestos simples. Esperar pra quê?

Cidadania é a gente que faz.

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