No mês em que se realizam atividades em todo país em comemoração ao Dia da Consciência Negra, lembrando que os brasileiros têm uma forte descendência dos escravos trazidos da África, o Quilombo dos Palmares é reconhecido como patrimônio cultural do Mercosul.
A Serra da Barriga, em Alagoas, onde ficava o guerreiro Quilombo, teve a certificação internacional oficializada, no último dia 11 de novembro. O título foi conferido até agora a dois bens no país: a Ponte Internacional Barão de Mauá, ligação entre as cidades de Jaguarão, no Brasil, e Rio Branco, no Uruguai; e a região das Missões, que abrange cinco países (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia).
Sobre Palmares
O Quilombo dos Palmares foi criado no século 16 por escravos fugidos das capitanias da Bahia e de Pernambuco. O local chegou a reunir até 30 mil pessoas, no século 17, e era organizado em pequenos povoados, os mocambos, que constituíam uma espécie de república. As decisões políticas eram tomadas pela reunião da liderança de cada um deles em conjunto com o chefe supremo. Essa posição de comando foi ocupada por Acotirene, Ganga Zumba e, depois, por Zumbi.
A Serra da Barriga foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985. Em 2007, foi aberto o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, próximo à cidade de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. O projeto envolveu a construção de instalações em referência a Palmares, como a casa de farinha (Onjó de farinha), casa do campo santo (Onjó Cruzambê) e terreiro de ervas (Oxile das ervas). O espaço ainda é o único parque temático voltado à cultura negra no Brasil e recebe anualmente cerca de oito mil visitantes.
Segundo Zezito de Araújo, professor de história e supervisor de Diversidade da Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, Palmares ainda é lembrado muito pela dimensão do conflito, mas deveria ser conhecido por ter sido o primeiro grande movimento de resistência das Américas no período colonial e pela sua organização política.
“A Revolução Francesa é tida como o símbolo da liberdade, mas a luta de Zumbi aconteceu antes. Enquanto em Palmares tínhamos propriedade coletiva, produção para subsistência e para troca na colônia tinha atividade agrícola para exportação e escravidão como base do trabalho. São sociedades opostas”, analisa.
Dia da Consciência Negra
O dia 20 de novembro é dedicado ao Dia da Consciência Negra, cuja data lembra a morte de Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças da luta pela liberdade e resistência à escravidão da história do país.
Nascido em 1655, foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, local onde nasceu. Aos seis anos é capturado e entregue aos cuidados de Padre Antônio Melo, em Porto Calvo, onde aprende português e latim e é batizado na fé católica com o nome de Francisco.
Aos 15 anos, foge para o Quilombo de Palmares e mais tarde assume a liderança do lugar. Diante do governo colonial, não se abaixa e enfrenta com estratégia e luta as expedições enviadas para eliminar o Quilombo. Em 1694, os portugueses, depois de grande batalha, destroem o quilombo, mas Zumbi consegue fugir.
Em 20 de novembro de 1695, foi assassinado, após ter sido traído por um de seus capitães. É decapitado e sua cabeça exibida em praça pública para mostrar ao povo que ele não era imortal.
Informações: EBN