“Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção, o que importa é ouvir a voz que vem do coração” (Trecho de Canção da América, de Milton Nascimento e Fernando Brant).
O poeta e letrista Fernando Brant, autor de grande parte das letras de músicas do Clube da Esquina, foi homenageado por amigos e fãs numa bela celebração musical na terça-feira, dia 14, no Bar do Museu Clube da Esquina, em Santa Tereza. A Rádio Inconfidência realizou a gravação do programa “A Noite vai ser Boa Especial Fernando Brant”, com transmissão ao vivo do local. O evento marcou um ano de morte do letrista e reuniu diversos músicos mineiros no palco e em torno dele. A casa ficou lotada e o público teve a oportunidade de presenciar um tributo feito por artistas de diversas gerações.
A noite foi aberta com a canção “Travessia”, tocada pela família Borges – Marilton, Rodrigo e Telo Borges – que comandou o primeiro bloco de músicas. Em seguida, a cantora Titane ocupou o palco junto ao pianista e compositor Túlio Mourão. No terceiro
bloco, a cantora Bárbara Barcelos e os irmãos Beto e Wilson Lopes assumiram a homenagem. E Toninho Horta fez o último bloco. Ao final, todos se juntarem para saudar Fernando Brant.
Nathalia Jacob é auditora contábil e veio de Goiânia a trabalho. Ela conta que desde criança gosta das músicas do Clube da Esquina e fez questão de conferir de perto. “Foi mágico ver e ouvir esses músicos fantásticos, que sempre admirei pela beleza das músicas e da poesia. E conhecer o bairro de Santa Tereza foi uma grata surpresa. Amei as ruas, as casas. Sempre que eu vier a BH, voltarei a Santa Tereza”, declara.
A família Brant em peso estava presente. Seis dos nove irmãos de Fernando, cunhados e sobrinhos prestigiaram a homenagem. “Essa emoção e alegria representa bem o Fernando, pois a poesia e a vida dele se fundiam em uma coisa só, não havia separação. Ele era um poeta no dia a dia. Tímido, de poucas palavras, mas muito sentimental, intenso e denso. Ele viveu semeando fraternidade, humanismo, amizade e solidariedade”, descreve Paulo Brant, sobre o irmão.
“Gostei de ver as cantoras mais jovens junto a músicos contemporâneos do Fernando, porque isso é a cara dele, que sempre foi muito aberto a novidades e incentivador de artistas mais novos”, acrescenta outra irmã, Ana Brant.
“Linda esta homenagem ao Fernando. Não tem como esquecermos dele, que está sempre presente em nossos shows e em nosso coração por meio de suas músicas. Parceria e amizade eternas. Parabéns a Santa Tereza por propiciar este encontro”. Toninho Horta
“Admiro muito o Fernando, tanto por sua sensibilidade artística quanto pela militância. Ele lutou muito por nossa categoria e sempre esteve do lado de causas justas. Foi uma pessoa muito lúcida, de postura humanista e fraterna. Ele faz falta, mas deixou um legado maravilhoso e capaz de unir muita gente”. Túlio Mourão
“Fiquei extremamente feliz por esse encontro e por tocar com grandes músicos. Falei pra eles que pelo menos uma vez por mês, quem está em BH deveria se reunir e aproveitar mais a oportunidade de estarmos juntos fazendo o que mais gostamos. Agradeço ao Fernando por ser esse elo tão importante”. Marilton Borges
“Santa Tereza tem presente o espírito da amizade em que foi formado o Clube da Esquina, e temos o dever de continuar perpetuando. O Fernando tem uma importância enorme para mim, como músico e pessoalmente, porque ele era como um tio. As famílias Borges e Brant são irmãs e têm as mesmas características: são grandes, têm encontros regados a música e festa, e união”. Rodrigo Borges
“Reunir os amigos e familiares em Santa Tereza e cantarmos juntos é a melhor coisa que poderíamos fazer para homenagear o Fernando. Fico honrado de participar deste encontro de amizade”. Telo Borges
“As músicas de Fernando Brant fizeram a trilha da minha adolescência, formaram minha sensibilidade, minha visão de mundo, e são o que me une a meus irmãos. É algo muito íntimo, intenso e mágico”. Titane.
“Fernando Brant é um dos pilares do Clube da Esquina. Foi diretor da Rádio Inconfidência na década de 1980 e tem significativa importância na construção e caracterização da rádio, que divulga e estimula músicas e artistas brasileiros. Nada mais justo do que dedicar essa homenagem a ele, no dia, no local e com as pessoas certas. Espero que seja a primeira de muitas”. Flávio Henrique, músico e presidente da Rádio Inconfidência.