Por Carlos Felipe Horta
Fiquei sabendo agora do vôo de José Goes para o além. E o que eu vou falar dele: Nascemos num mesmo dia, em um mesmo mês e um mesmo ano e durante muito tempo discutíamos onde iríamos comemorar o aniversário. Se lá na rua em Santa Tereza amada ou se no território livre do bairro do Glória.
Fizemos muitas serestas, cantamos muitas vezes juntos, em momentos e instantes onde, de vez em quando se encontravam Juscelino e Tancredo e Camilo Teixeira da Costa, um dos mais fantásticos seresteiros que conheci, embora fosse diretor do jornal em que eu trabalhava. Graças a José Goes, eu virei um pouco cidadão de Santa Teresa. Aliás, com muito orgulho, tenho o diploma.
Deixando de lado o fotógrafo e dono de um acervo maravilhoso da história de BH e Minas Gerais, prefiro lembrar o Góes poético e romântico, um dos criadores da Confraria de São Gonçalo (da qual me orgulho de ser um dos primeiros membros), o Góes sonhador, sempre pensando em conquistar estrelas, quem sabe ao som do acordeon de Genaro Cruz, contando histórias de Juscelino, criando comendas e fundando entidades em que o ex-presidente era figura principal mas que, na verdade, serviam para plantar caminhos para mais uma serenata ou encontros de amigos.
Enfim, com atraso, fico sabendo que José Góes se foi. Santa Tereza está de luto. Belo Horizonte e Minas também Mais ainda seus amigos, entre os quais, pobremente, eu me incluo. Para nós que convivemos com ele, José Góes não se encantou. Ele evai continuar cantando onde estiver, como está agora no meio de nós