Eliza Peixoto
Hoje, 08 de janeiro é comemorado do Dia Nacional do Fotógrafo, profissional que registra a história e as emoções do mundo, desde que, em 1826, o francês Joseph Niépce, reproduziu a primeira imagem, a de seu quintal, em uma placa de estanho.
Outro francês, Daguerre, ao continuar as pesquisas de Niépce, criou e patenteou o processo guerreotipia e a partir daí as fotos se multiplicaram. Muita água, ou melhor, muita pesquisa, rolou por debaixo da ponte até hoje, quando as máquinas digitais e os telefones celulares permitem que todos revelem um pouco do fotógrafo escondido em cada um.
Apesar disso, o fotógrafo profissional não perdeu seu lugar, pois não basta ter uma câmera na mão ou ideias na cabeça, é preciso ter olhos especiais para captar o essencial e dar aquele click que toca a emoção de quem vê uma foto.
Para homenagear esse profissional, que tornam eternos momentos importantes da vida de cada um e da história da humanidade, Santa Tereza Tem conversa com o fotógrafo, José Góes, que fez da fotografia o seu ofício há 60 anos, o mesmo tempo em que vive em Santa Tereza.
José Goes conta que se tornou fotógrafo por ser um “apanhador de minhocas”, porque, quando adolescente buscava iscas para os anzóis dos fotógrafos da revista “O Cruzeiro”, Eugênio Silva e José Medeiros irem pescar. “Daí os dois arranjaram para eu trabalhar no laboratório da Casa Lucerna, na Rua da Bahia, em 1953. Prestava atenção em tudo e logo aprendi a manusear a câmera e aos 17 anos já era fotógrafo.”
José Goes trabalhou nos jornais Estado de Minas, Diário de Minas e no Palácio da Liberdade. Isso lhe facilitou acompanhar a vida política, cultural e esportiva de Minas e do País. Assim, as lentes de sua inseparável Holleyflex fotografaram personalidades como Juscelino Kubitschek, de quem se tornou amigo, Magalhães Pinto, Tancredo Neves, as fases da ditadura e seus generais presidentes (Costa e Silva, Castelo Branco, João Figueiredo, entre outros), Israel Pinheiro, Tancredo Neves, João Goulart, e muitos outros. Isso sem falar na memória de Belo Horizonte e de Santa Tereza preservadas em seu acervo.
Uma das críticas que ele faz ao mundo da fotografia digital é a questão da preservação do acervo, pois segundo ele “quando se usa a máquina de filme, você tem os negativos e passa a imagem para o papel e todo mundo vê. Ao guardar os negativos a imagem fica arquivada para sempre. No caso da máquina digital acaba-se perdendo as imagens em um mundo virtual, ninguém vê as fotos depois. Além disso, a maioria dos profissionais não têm o cuidado de guardá-las. Por isso, recomendo a quem quiser se tornar um fotógrafo profissional que, além das câmeras digitais, não deixe de usar a de filme. Isto é fundamental para daqui há 50 anos, ele tenha as fotografias. É só copiar.”
José Goes é pai de oito filhos e todos, segundo ele, “têm curso superior e estão encaminhados na vida pelo trabalho com minha Holleyflex, da qual não abro mão até hoje, quando fotografo eventos para os amigos.”
Fonte: slideshare – História da fotografia
Texto e imagem: Eliza Peixoto
Fotos do arquivo de José Goes
Obs: A matéria foi escrita em 2014 e José Goes faleceu um ano depois.