Recentemente, saíram notícias que o prefeito de Toronto, Canadá usa crack e é alcoólatra. Suas ações após essas descobertas têm sido absurdas ao ponto de hilárias – para quem não mora em Toronto, claro. A Câmara de Vereadores decidiu, portanto, retirar todos os poderes executivos das mãos de Rob Ford vendo que suas ações estavam ferindo a cidade e era necessário tirar o poder de decisão de suas mãos. Foi feito o que o Legislativo deve fazer: conter o Executivo quando ele está descontrolado e ferindo sua população.
Aqui em BH, por outro lado, a população recebe ataques dos dois lados: da Prefeitura e da Câmara. Ontem, através do Facebook, os vereadores Pedro Patrus e Arnaldo Godoy (ambos do PT), relataram o que ocorreu na reunião extraordinária chamada por Léo Burguês (em qual partido ele está agora mesmo? Importa?). A reunião em si já é fora do padrão e foge às regras da casa. Era de se esperar que os nossos vereadores e vereadora não fossem nos impressionar, como de sempre.
Mas foi pior. Muito pior. Porque o ataque não foi impessoal, somente aprovando leis arbitrárias que pretendem destruir nossa cidade pelo lucro imobiliário. O Santa Tereza Tem deu a notícia de que Léo Burguês havia prometido rever as assinaturas recolhidas pelo Salve Santa Tereza contra a flexibilização da Área de Diretrizes Especiais (que começaria com a ocupação do Mercado por uma empresa privada). O livro de assinaturas tem mais de 2.500 assinaturas, muito mais do que a suposta pesquisa de opinião feita sobre o Mercado Distrital (“suposta” porque, nesse momento, é que nem cabeça de bacalhau – ninguém nunca viu e teve 900 respostas). A promessa também garantia que nada seria feito sem passar pelo Conselho Municipal de Políticas Urbanas (COMPUR).
Por alguma razão, o vereador Preto (DEM), decidiu que não só ele não gosta de Santa Tereza, mas ele não gosta dos santaterezenses. De acordo com o que Pedro Patrus postou: “O vereador Preto, líder de governo, afirmou durante a reunião que o presidente da Casa não tem legitimidade para fazer este compromisso em nome de todos os parlamentares e referiu-se ao movimentoSalve Santa Tereza como um ‘grupo de intelectuais’, o que evidencia a sua falta de conhecimento e experiência com os movimentos sociais e a democracia”.
O vereador Wagner Messias Silva (Preto) mostrou ignorância sobre várias coisas: sobre o bairro, sobre nós, sobre o movimento (que existe desde 1996) e sobre o COMPUR, é claro. Mas o que se pode esperar de uma marionete de Márcio Lacerda? O movimento Salve Santa Tereza é um movimento social legítimo e suas reuniões ficam mais cheias a cada dia. Com 2.500 assinaturas, o vereador está achando que são todos um bando de gente sem nada melhor para fazer (lembrando que a população de Santa Tereza é de 15.000). Será que o vereador pensa o mesmo dos seus 6.605 eleitores (em uma população de mais de 2 milhões)? Ou será que está amargando que teve somente 117 votos na 26ª zona, que compreende Santa Tereza e outros bairros da Regional Leste? Ou será que porque a maioria de seus votos veio da 34ª e da 332ª, que compreende, entre outros, o Sion, Belvedere, Santo Antônio, Buritis e a Nova Suíça?
Mas, eu não tenho que justificar o movimento. Só porque o vereador não enxerga a realidade em sua frente, não quer dizer que vou ficar aqui defendendo quem sabe muito bem se defender e o faz há muito mais tempo que eu.
O interessante é que, em uma das reuniões “de consulta”, daquelas para inglês ver, foi dito que o bairro Santa Tereza é muito pobre e precisa da escola profissionalizante para ajudar seus adolescentes. Agora, somos um “grupo de intelectuais”. Aparentemente, para o governo de Lacerda e suas abelhas operárias, o Santa Tereza é o que eles querem que seja, na hora que seja conveniente. Prezado prefeito, prezados vereadores: se quiserem ajudar a população santaterezense (“quiserem” é uma cortesia, já que esse é o trabalho que devem fazer), regularizem as vilas, façam obras de qualificação dessas áreas, que merecem o mesmo direito de moradia de qualquer outro santaterezense. Arranjem linhas de ônibus que realmente sirvam ao bairro. Retornem o Mercado Distrital à sua glória! E, depois disso, deixem a gente em paz. Nós não queremos a sua verticalização.